Vinte e três

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Abro os olhos e vejo o teto do quarto dos meninos, me acomodo na cama e suspiro, vejo a janela aberta e o sol brilhando lá fora

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Abro os olhos e vejo o teto do quarto dos meninos, me acomodo na cama e suspiro, vejo a janela aberta e o sol brilhando lá fora.

Devo ter dormido muito tempo, já deve ser mais de meio dia.

Me levanto e caminho até o banheiro abro a porta e começo a fazer xixi, me limpo e começo a escovar meus dentes.

Olho para minha roupa e percebo que não é a que eu fui dormir, suspiro caminhando até o quarto e pego um celular vendo que se passaram dois dias e eu provavelmente regredi.

Espero que nada tenha saído errado por conta disso - penso.

Saio do quarto devagar e ouço vozes na sala, estico o pescoço tentando ver quem está conversando.

Vejo Ethan e Leon junto da mãe deles, mas há outra pessoa com eles, um homem alto que se parece muito com Ethan.

- Ali ele querido - a mãe dos meninos diz sorridente - Aquele é o nosso genro.

O homem me olha enquanto desço devagar pelas escadas, engulo em seco vendo eles me olharem.

- Oi - falo tentando dar um sorriso.

- Você está o Ben adulto ou criança? - questiona.

- Adulto - falo e sinto minhas bochechas ficando vermelhas, os meninos indicam o lado deles e me sento tendo o olhar do homem em mim.

- Eu sou Saulo, pai dos meninos - diz.

- Sou Benjamin - digo envergonhado pelos meninos passarem as mãos em meus ombros.

Ele me analisa e então sorri simpático.

- Fico feliz pelos meus filhos estarem com alguém - diz recostando no sofá - Só não gostei de terem escondido de nós por tanto tempo.

- Nós só estávamos focados no trabalho para podermos tirar umas férias mais para frente - Leon fala.

- Isso é bom, vocês poderiam ir para nossa casa de praia, eu e seu pai estamos sempre de férias - Mirian diz sorrindo - Que tal resolverem tudo essa semana e então nós podemos ir juntos para lá? Afinal o natal está chegando.

- Seria bom, Melina disse que tinha uma notícia importante para compartilhar no natal - o pai deles fala.

- Sim, e seria o primeiro Natal em anos que a família estaria toda reunida, eu senti falta dos nossos momentos todos juntos - ela diz.

Engulo em seco ao pensar que passarei mais um natal sozinho, anos que eu não sei o que é ter um jantar com outras pessoas.

- Não sei mãe, estamos em correria na empresa - Ethan diz.

- Deixem de desculpas, alguns dias trabalhando de longe não farão mal - diz decidida - Se vocês não forem eu vou arrastar o Ben, não é querido?

- Eu? - pergunto surpreso.

- Sim, eu perguntei aos meninos sobre sua família e eles disseram que ela infelizmente morreu não foi? - questiona, engulo em seco e aperto minhas mãos - Acho que ter um momento em família seria bom para você, se está junto dos nossos filhos é da família também.

Comprimo os lábios para não chorar, coitadinha dela, sendo enganada assim e me considera da família.

- Com licença - falo e saio correndo em direção ao quarto dos meninos.

Me jogo na cama e sinto vontade de chorar, começo a lembrar da minha "família" que me abandonou, agora descubro que pessoas me consideram da família delas, mas que tudo não passa de uma mentira para encobrir duas pessoas que se amam.

- Benjamin? - ouço a voz de um dos meninos e me encolho na cama, jogo o lençol sobre meu corpo e choro mais alto.

- Você está bem? - o outro questiona.

Sinto o colchão ao meu lado abaixar um pouco e mãos puxarem ele do meu corpo, fungo olhando os dois que parecem preocupados.

- Falar da sua família dói? - Ethan questiona tocando meu rosto e limpando as lágrimas.

- Se quiser pode desabafar com a gente - dessa vez é Leon quem fala e faz cafuné em meu cabelos.

- A minha família está viva - falo e os dois me olham atentos - Eles estão bem vivos.

- E por quê não tem contato com eles? - Ethan questiona.

- Porque eu falei que era gay e eles odiaram isso, então me expulsaram de casa me deixando morar sozinho na rua tendo somente quinze anos - deixo o choro sair alto - Eles simplesmente me deixaram por gostar de homens.

- Eu sinto muito - Ethan diz  e limpa minhas lágrimas mais uma vez.

- Quer continuar? - Leon questiona.

- Todos eles me odeiam, da vez que eu apareci machucado foi meu irmão quem me bateu, depois de tempos ele me viu e deu a surra que não conseguiu dar quando eu me assumi - falo e fecho os olhos, sinto os dois me abraçarem e soluço.

- Por que mentiu? - Leon questiona.

- Medo - respondo.

- Não tenha, nós vamos te proteger - Ethan fala - Não precisa mais fingir, pode dizer a verdade se quiser.

- É, se não se sente bem pode fazer o que quiser - Leon fala.

Fico em silêncio e me encolho, eles também não dizem nada e continuam a me abraçar me deixando aconchegado entre o corpo dos dois.

Continuo a soluçar e levo meu dedo a boca, sinto os dois se mexerem e cochicharem algo, então meu dedo é tirado da minha boca e abro os olhos.

- Só abre a boca e fica quieto - Leon diz.

Faço o que ele pede e arregalo os olhos quando ele encosta seu peito na minha boca.

- Sugue - ordena e faço sentindo algo docinho sair para minha boca.

Continuo fazendo e suspiro de satisfação.

Leite.

Os dois me apertam e fico quietinho somente sugando o peito dele.

Eu não posso deixar os dois se ferrarem por simplesmente amarem um ao outro, vou continuar ajudando.

De qualquer forma eu não ia sair inteiro disso, seja agora ou depois.

Pois o que eu sempre Imaginei está acontecendo.

Estou criando sentimentos por eles, não só por um, sim pelos dois.

Na verdade acho que desde sempre eu tive, mas agora comigo tão perto deles está mais visível para mim.

Vou me jogar de cabeça nisso.

×××××

Doce Sabor Do PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora