Epílogo

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Divirtam-se!
 
 
Depois do casamento em Midvale, Lena conseguiu definitivamente seu visto para continuar morando em terras estadunidenses. No dia da entrevista dela e de Kara — que teve que ser remarcada — William Dey quase mandou prender a loira por causa do soco que ela havia dado nele. A Luthor entrou em desespero por causa disso, ela não fazia ideia que Danvers tinha feito algo daquele tipo. Porém, o oficial da imigração percebeu que aquilo já não era nenhuma mentira e decidiu dar permissão para a papelada do visto continuar.
 
Com as vendas de seu livro bombando, Kara fez algumas pequenas sessões de autógrafos em algumas feiras de literatura pelo país. Em todas elas, Lena a acompanhava e usava a desculpa que estava indo a trabalho, mas, na verdade, apenas queria acompanhar a esposa.
 
Como o prometido, Lena convenceu a Kara a retornar em alguns feriados para Midvale para ficar perto da família. A princípio, a escritora não curtiu muito a ideia, ainda se sentia deslocada, mas a morena usou uma das frases do livro da vovó Danvers para convence-la. Tentando levá-la para o natal naquela cidadezinha, pois já tinha dado certeza a Eliza que iria, ela disse a esposa: a vida é muito curta para não aproveitar com quem amamos. E então ela cedeu.
 
Por causa da aproximação de Kara com a sua família, Lena se tornou muito mais amiga de Alex, Kelly e Sammy. Inclusive, no dia de seu casamento, apresentou a Arias a escritora Andrea Rojas, e agora elas estão juntas tentando conciliar o fato morarem em estados diferentes. Além disso, a Luthor se tornou uma tia extremamente babona, que fazia de tudo para Ruby e Esme.
 
Na DEO, Kara estava fazendo um ótimo trabalho como editora. Não diferente de quando ela era assistente, todos gostavam muito dela. Já Lena, todos ainda fugiam dela como o diabo foge da cruz, mas ela aprendeu ser um pouco mais dosada em suas ações. Aos poucos, começou a tratar todos com educação, porém ainda mantinha uma grande distância deles por não querer misturar o trabalho com a vida pessoal.
 
Entretanto, Gayle acabou que se tornando uma amiga muito íntima de Lena. Isso aconteceu enquanto a Luthor tentava publicar o livro de Kara e a loira acabou a ajudando muito nesse quesito. Como era para ser uma surpresa, as duas iam até a cafeteria perto da editora tomar café para conversarem sobre os detalhes de algumas coisas. Foi assim que a morena conheceu Imra — aquela do número no copo de café. Também foi assim que Gayle a conheceu e a chamou para o show do Coldplay — o ingresso foi dado por Kara por conta do acordo que fizeram.
 
Embora todos soubessem que Kara e Lena eram casadas, as duas agiam no DOE como profissionais. Nenhuma delas queriam dar margem para outros funcionários falarem de seu relacionamento. O mais engraçado disso é que, em alguns momentos, o casal ainda se bicava do mesmo modo que faziam quando uma era a chefe e a outra sua subordinada. Mas isso nunca interferiu no casamento, pois elas haviam prometido deixarem essas pequenas discussões no trabalho e não levariam para dentro de casa.
 
Perto de completarem um ano de casadas, as duas decidiram que iriam se mudar da cobertura de Lena para um casa. Kara vivia dizendo que queria um cachorro e um gato, mas o prédio não aceitava animais e a morena pensava que um apartamento não seria bom para criar uma criança quando tivessem uma. Além disso, um espaço maior seria bom para suas sobrinhas quando fossem ficar com elas nas férias escolares. Foi assim que compraram uma casa um pouco mais longe do centro da cidade, mas que tinha um enorme quintal e piscina.
 
Quase quatro meses depois do acordo fechado, elas se mudaram para o novo lar que era mais a cara das duas. Havia quartos sobrando para quando a família fosse visitar, havia uma área de lazer para almoços ao ar livre, tinha um lindo jardim onde Lena plantou plumérias — flores favoritas de Kara — e tinha uma árvore bem grande onde a loira pensava em fazer uma casa na árvore.
 
Kara estava inquieta sentada na mesa de seu escritório pensando no que dar a esposa de presente no primeiro ano de casamento. Ela sabia que Lena não queria comemorações ao algo do tipo, pois gostava de coisas mais simples, mas queria dar a ela algo bonito. Outra coisa que estava tirando o seu juízo era onde iria levá-la para jantar, pois a morena andava tão ocupada que imaginava que ela não se lembraria de fazer uma reserva em algum lugar.
 
Nesse tempo de casadas, Lena se mostrou uma pessoa que gostava de fazer surpresa a esposa. Não era incomum chegarem do trabalho numa sexta à noite e a morena dizer que fez reservas para jantares fora. Contudo, foram tantos momentos assim que, possivelmente, já tinham frequentado todos os restaurantes daquela cidade e teriam que começar a ir para locais mais distantes se não quisessem repetir os lugares.
 
Pensativa encarando a tela do seu computador, Kara nem se deu conta de que estava sendo observada.
 
— Tem alguma coisa te incomodando?
 
— Hum? — olhou para morena parada próximo a porta.
 
— Essa ruga entre as suas sobrancelhas indicam que você está pensando demais — começou a se aproximar.
 
— Muito trabalho — tentou fazer parecer que não estava mentido, mas Lena sabia que estava — o que faz aqui? Você só vem aqui quando quer discutir comigo — a morena revirou os olhos e logo sorriu — o que devo o prazer da visita da minha amada esposa no meu humilde escritório?
 
— Esteja em casa às sete.
 
— Mas nós chegamos em casa bem antes disso — a olhou sem entender.
 
— Eu vou chegar no horário, mas você vai chegar às sete — disse como se fosse óbvio.
 
— Posso saber porque quer que eu chegue mais tarde?
 
— Não — balançou a cabeça negando — mas chegue na hora.
 
— Sim, gostosa, chegarei na hora — se levantou indo em direção a esposa — não quer aproveitar que está aqui me dar um beijinho?
 
— Não! Estamos em nosso local de trabalho e não fazemos isso aqui — respondeu firmemente.
 
— Mas você já está aqui, o que custa dar um beijinho em sua mulher? — começou a fazer biquinho.
 
— As paredes são de vidro, Kara, e somos profissionais.
 
— Mas você está aqui — tentou argumentar — ninguém nem vai ver.
 
— Estou aqui pra dizer pra você estar às sete em casa — foi em direção a porta — sem atrasos. Pode ficar com o carro, eu vou pegar um taxi.
 
— Como quiser.
 
Observando sua mulher até perde-la de vista, Kara suspirou e voltou a fazer isso que estava fazendo antes. Aproveitaria o tempo que tinha depois do trabalho para comprar um presente para Lena.
 
Quando o expediente acabou, enquanto Kara ia dar uma volta no shopping, Lena estava com Gayle indo para a casa. Como pouco sabia sobre cozinhar, a morena pediu ajuda da amiga para fazer um jantar.
 
Gayle não era uma expert em cozinha, mas já tinha mostrado seus dotes culinários em um almoço de domingo em sua casa. Ela tinha feito isso primeiro porque queria impressionar Imra, segundo, porque queria apresentá-la a Lena e a Kara.
 
Em alguns minutos, as duas chegaram na casa onde o casal vivia a pouco tempo, e então Gayle começou a preparar o que Lena havia pedido. O jantar iria se resumir apenas no que Kara gostava, que era massa com algum molho que tivesse alguma carne.
 
— Posso saber o motivo desse jantar? — Gayle perguntou a morena que estava cortando alguns tomates.
 
— Hoje é o nosso primeiro aniversário de casamento. Queria fazer algo legal.
 
— Ninguém pensa em comida caseira nessas ocasiões — fitou a amiga — vou copiar a sua ideia em breve.
 
— Exatamente por isso quis fazer. Espero que ela goste — fitou a loira — acha que ela vai gostar?
 
— É comida, Lena, óbvio que ela vai gostar — as duas riram — ainda acho surreal vocês terem casado.
 
— Porque?
 
— Ah — deu ombros — você era meio que inacessível. Eu morria de medo de você — confessou — agora que te conheço entendo um pouco porque mantém essa pose de durona, mas é assustador quando não sabe os detalhes.
 
— Eu prefiro essa distância — apertou os lábios — hoje vejo que posso ser uma pouco mais educada do que eu era — Gayle riu do comentário — mas eu fui dar ousadia pra você e olha onde estamos.
 
— Mas eu sou especial — parou o que estava fazendo e olhou para morena — você  está diferente, faz dias que estou notando isso, mas ainda não sei o que é.
 
— Eu estou igual — sua voz saiu um pouco estridente.
 
— Ainda vou descobrir o que tem de diferente — semicerrou os olhos — pode tirar o assado do forno, por favor?
 
Até próximo das sete, Gayle e Lena conversaram sobre variados assuntos enquanto o jantar era finalizado. A loira ajudou a amiga arrumar a mesa de uma forma bonita e escolheram um vinho da coleção especial da Luthor.
 
— Acha que está bom?
 
— Eu ficaria feliz de chegar em casa e ter algo assim só me esperando — encarou a morena ao seu lado — precisa de mais alguma coisa?
 
— Acho que consigo seguir daqui sozinha. Obrigada, Gayle — deu um rápido abraço nela como agradecimento.
 
— Aproveitem a noite e depois me diga se a comida foi aprovada — as duas seguiram até a porta de saída — nos vemos na segunda.
 
— Até mais — a deu um sorriso de agradecimento.
 
Assim que Gayle saiu, Lena foi tomar um banho e se arrumar. Estava ansiosa para a chegada de Kara e desejava do fundo do coração que tudo saísse como ela estava planejando há dias.
 
Logo que chegou na sala de casa, escutou um barulho na porta e rapidamente a figura da loira se fez presente. Automaticamente, Lena sorriu de canto e foi em direção a ela.
 
— Você não estava com essa roupa mais cedo — disse assim que pós seus olhos na esposa — linda como sempre — segurou o seu rosto grudando seus lábios — vamos a algum lugar hoje? Pensei em te levar para jantar amanhã, mas hoje queria apenas ficar agarradinha a você.
 
— Bom, como hoje é nosso aniversário de casamento, fiz uma coisinha — segurou em sua mão a puxando para a cozinha onde um mesa pequena estava arrumada — vai lavar as mãos que eu vou servir nosso jantar.
 
— Nossa! — admirou a mesa que estava arrumada como em jantares românticos de filmes — e eu pensando em te surpreender amanhã, mas a surpreendida fui eu.
 
— Estou sempre um passo a frente, querida — deixou um rápido beijo em seus lábios.
 
— Já volto — em menos de dois minutos, Kara já estava de volta a cozinha onde Lena montava os pratos — onde aprendeu isso?
 
— Segredo — havia acabado de aprender com Gayle — sente-se.
 
O jantar seguia tranquilo, elas conversavam, riam, trocavam olhares apaixonados e falavam um pouco sobre planos futuros.
 
— Então... — seus olhos acompanhavam Lena que tinha ido buscar a sobremesa — é agora que você pede o divórcio?
 
— O que? — a olhou sem entender.
 
— Você já tem seu visto, estamos um ano casadas... — deu ombros — você disse que em um ano nós divorciaríamos — ajeitou seus óculos.
 
— Nós estávamos falando quais países queremos visitar juntas, e você acha que eu vou me divorciar de você?
 
— Você pode apenas estar querendo usufruir do meu corpinho, mas não quer ser minha esposa — Lena começou a rir quando notou que tudo não passava de um drama.
 
— Quero continuar usufruindo do seu corpinho enquanto continuo casada com você — o rosto da loira se iluminou.
 
— Tenho algo para você — se levantou da mesa e foi até a sua bolsa que havia ficado na sala — queria ter uma coisa muito especial, mas ainda não consegui pensar em muita coisa — estendeu para morena uma caixinha de veludo assim que voltou — espero que goste.
 
Com um sorriso amigável no rosto, Lena abriu a caixinha e encontrou uma pulseira em ouro branco com algumas pedrinhas verdes e azuis espalhada por sua estação.
 
— Não precisava me dá mais uma joia — encarou a loira que havia voltado para o seu lugar — mas obrigada. Eu adorei.
 
— Eu gosto de te presentear, eu queria fazer outra coisa, te presentear com outra coisa, mas nada me parece especial o bastante — deu um gole em seu vinho — acho que na nossa viagem daqui há uns... seis meses, eu consigo fazer algo especial.
 
— Essa viagem vai ter que ser antes disso, querida.
 
— Porque? Temos que planejar cm calma o que estamos pretendendo fazer. Você que ir para Irlanda, eu quero ir a Paris e depois levar Ruby e Esme à Disney, temos que fazer tudo certinho para não afetar nosso trabalho já que a senhorita é uma editora muito requisitada — falou em um tom brincalhão.
 
Um pouco nervosa, Lena foi até um dos armários da cozinha e tirou de lá uma caixinha quadrada da cor branca. Em silêncio, ela foi até a esposa e a entregou. Curiosa, Kara abriu com rapidez e quando viu o que tinha dentro ficou com uma cara que era o misto de emoção, felicidade e choque.
 
— Surpresa.
 
— Isso é sério? — olhou para a morena em pé ao seu lado e depois voltou a olhar para dois sapatinhos na cor amarelo dentro da caixa — sério mesmo? Co-como? Quer dizer, como eu sei, fizemos a primeira tentativa, mas... quando descobriu?
 
— Descobri há duas semanas. Os enjoos não tinham nada a ver com a comida daquele restaurante, e, como você sabe, estavam mais frequentes e também eu estava atrasada — começou a brincar com os dedos — esperei para dar a notícia hoje, que é um dia especial para nós duas.
 
— Nós vamos ser mães — a cada vez que se dava conta disso seu sorriso se abria. Se levantou ficando de frente para esposa — nós vamos ser mães — a abraçou pela cintura a rodando no ar — eu estou tão feliz.
 
Ao receber a notícia que a família cresceria, Kara começou a se dar conta de algumas coisas que não tinha dado a devida atenção. Lena estava tendo enjoos matinais e as vezes acontecia o mesmo quando comia algo muito gorduroso, seus seios estavam maiores, parecia estar ainda mais bonita do que já era, mas pouco dava para notar em relação a sua barriga.
 
— Eu marquei um consulta para a próxima semana, a certeza já temos, mas precisamos saber mais — disse assim que a loira a colocou no chão.
 
— Me desculpa não ter reparado nada antes — a olhou nos olhos — eu poderia ter prestado mais atenção nas coisas. Me perdoa e não desiste de mim.
 
— Eu também não tinha me dado conta de conta — levou as mãos até o rosto da loira — então eu lembrei da tentativa de inseminação e, bem, deu certo.
 
— Eu te amo — começou a distribuir beijos por seu rosto — te amo. Te amo. Te amo — se ajoelhou — sei que você é só uma sementinha, mas também já te amo — beijou a barriga da esposa por cima do vestido que ela usava — eu acho que vou desmaiar.
 
— Não vai, não — a fez levantar — temos que lavar a louça.
 
— Eu, definitivamente, sou a mulher mais sortuda do mundo — a puxou para mais perto — faz um ano e seis meses que estamos juntas e daqui a pouco vamos ter um bebê. Você é amor da minha vida.
 
— E você da minha — sorriu.
 
Nove meses depois daquele jantar, em uma segunda-feira de madrugada, Lori Luthor-Danvers nasceu. Suas mães mal conseguiam conter as lágrimas por estarem com a pequena nos braços.
 
Kara se sentia a pessoa mais feliz do mundo, tinha uma esposa maravilhosa, uma filha que tinha certeza que seria igualzinha a outra mãe — não só na aparência — finalmente estava com um cachorro e um gato para animar a casa, havia se aproximado mais de sua família, estava escrevendo a continuação de seu primeiro livro e sorria toda vez ao lembrar como sua vida tinha mudado por conta da megera de sua chefe.
 
Já Lena, gostava de pensar que seus pais estariam felizes por ela. Agora tinha a sua família — Kara e Lori — e também a família que a vida tinha dado — os Danvers e Gayle. Às vezes, até achava que tudo aquilo era sonho, pois em menos de três anos tinha crescido muito em sua vida pessoal e havia feito isso ao lado de uma pessoa que a conquistava todos os dias.
 
Quem diria que a assistente irritante e a chefe megera poderiam se apaixonar e ir tão longe? Nem elas diriam, mas foram muito mais longe do que um dia chegaram a imaginar.
 
 
 
Agora a história está encerrada de vez.
 
Agradeço de novo a todes que chegaram até aqui.
 
:)

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