Laranja - O âmbar dos seus olhos
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Há alguns anos minha cor favorita passou do rosa bebê para o peculiar tom laranja amarelado profundo dos teus olhos. E querido, devo confessar: é a cor mais linda que já vi.
Precisei de dois anos para decifrar todas as variações de tons que teus olhos adquirem, e tenho todas elas gravadas em minha mente, como uma paleta bem organizada de um artista impressionista. Não posso dizer qual a versão que mais me agrada, pois, cada tonalidade única enlaça-se em mais significados do que simplesmente uma cor.
Você me apelidou de "Minha pequena espiã", no dia que percebeu que o espiava, silenciosamente, do outro lado da sala enquanto estava sentado na varanda com seu pequeno caderninho. Sempre gostou de aconchegar-se naquele canto para escrever seus poemas haicais, ou longos textos reflexivos, os quais me permitia ler apenas depois de algumas revisões e de certificar-se que a caligrafia estava legível. Acomodado do lado de fora, sobre o sol ameno que chegava a varada aos fins de tarde, seus olhos adquiriram um tom alaranjado leve à medida que eram pressionados pelos longos cílios castanhos. Um tom muito diferente do amarelado claro e brilhante da manhã, quando a luz intensa do começo do dia o atingia ao regar as plantas; e mais distinto ainda do arco laranja terroso profundo ao redor das pupilas dilatadas a penumbra, quando ficava sobre mim. Não tenho certeza se notou todos esses momentos, e outros mais, em que estive a observar-te e registar cada detalhe.
Não irei me delongar mais em minha dissertação sobre todas as particularidades que identifiquei durante minhas 'espionagens', sei que fica encabulado, mas preciso que saiba: meu fascínio não vem do tom peculiar de tuas íris - que admito, chamaram minha atenção de imediato -, amaria igualmente se fossem castanhas, azuis ou verdes; o que me encanta são seus olhos. Seus olhos grandes, brilhantes e expressivos. O convívio me ensinou a lê-los com a mesma simplicidade que pego um bobo livro de romance e o devoro em um dia. Para os que sabem ler seus olhos as perguntas servem como complemento, eles discursam antes de sua boca. Você sorri com os olhos, o prazer e satisfação são nítidos neles, mas também entregam dúvidas, reflexões, desagrados e algumas tristezas; e em raríssimos momentos, pude ver queimar irritação em seu laranja fóssil. Um exemplo? Em nosso primeiro ano de casados, quando a luz que o iluminava parecia minguar-se e mantinha o olhar baixo, fixo nos pés da geladeira, sei que estava preocupado com nossas contas. Mas quando quitamos nosso apartamento, alguns anos depois, o lustroso fulgor alaranjado esbanjava alegria, antes do sorriso abrir-se por completo, ao me mostrar nosso último boleto pago.
Poderia ficar horas e horas apenas a admirar seus olhos âmbar - e outras tantas a falar sobre. Eles são, como os romances que citei anteriormente gostam de descrever, joias preciosas. Sinto-me como uma aventureira bem sucedida ao ter tido a oportunidade, e continuar tendo, de desvendar a riqueza de acepções, sentimentos e nuances que lhes são inerentes.
- Um dia descobrirei a razão de olhar tanto para mim.
- Eu lhe disse, mas não acredita.
- Não vejo nada de mais neles.
- Uma janela não vê a janela, apenas a vista por ela, fazendo-a acreditar que a janela não é tão importante ou bela quanto o que está diante dela.
- Eu sei apenas que a vista daqui é maravilhosa! - seu braço enlaçou minha cintura, puxando-me para mais perto, os olhos cintilando paixão, o gracejo evidenciado em sua boca. Estava feito, bastava isso para que me tivesse.
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As cores em você
Storie d'amoreVocê me atinge como luz solar sobre gotículas de água, transbordando suas cores em mim. Romance | Fluffy | Coletânea