Antes que a luz do sol se apague.

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Capitulo 1

No meu trigésimo ano de vida, meus amigos decidiram me botar num grupo de apoio emocional e superação. Isso significava que teria que passar duas longas e entediantes horas do dia trancado em uma sala, ouvindo um monte de pessoas tristes com motivos reais para acharem que o mundo estava contra eles. Acho que as únicas pessoas normais eram eu e o Tomás. Quer dizer: Tomás era normal, antes de parar de funcionar sexualmente e a esposa decidir o trocar por um cara 20 anos mais velho que ele. Acho que a única coisa boa de se contemplar naquele local... não sempre, mas desde aquele dia, eram os peitos de uma loira que sofria de um tipo qualquer de câncer ocular.

Depois da longa e superchata introdução de Henry, cada um de nós falava do que estava a passar e como conseguia manter as esperanças. O engraçado era que a maioria dos caras ali não tinha esperança nenhuma de chegar até a velhice .

– É a tua vez Michel.  –Disse o Henry, enquanto eu estava distraído apreciado a mocinha loira.

– A minha história é bem chata... Na verdade, meu nome é Michel J.Eduardo. Estou com trinta anos, morando sozinho. Frequento o grupo a três meses. Até que gosto de vocês. Sério, vossas histórias são bem legais.

– Porque estás aqui? –Perguntou um rapaz cabeçudo.

– Bem. Os meus amigos me botaram aqui. Segundo eles estou a sofrer um tipo de fobia qualquer que eles apelidaram por: Gamofobia –Medo de se casar.

Não que os meus amigos não tivessem motivos. Tipo, toda vez que uma garota tentasse planejar comigo o futuro ou quando eu assistisse um filme, reportagem ou mesmo conversas que tinha como o tema central o casamento, caía logo em uma crise de ansiedade.

Depois da reunião, assim que entrei no elevador, me deparei com a garota loira com super peitos, devido o problema de visão ela usava um par de óculos escuros e uma vara que a ajuda a identificar os obstáculos no seu caminho. Sério, ela era muito bonita! Fiquei um bom tempo observando ela, até que ela disse para mim:

– Então, és sempre assim?

– Assim como?

– Tarado...

– Eu?

– Sim. Achas que não notei a forma que olhas para mim...

– Notaste? Não és tipo... cega?

– Não ainda. Consigo enxergar uns 5%.

– Desculpa foi mal.  –Disse, envergonhado  –A gente deveria sair um dia desses.

– E casarias comigo, senhor homofóbico?

– Talvez...

– Eu sou a Ângela e tu és o Michel, se eu bem me lembro.


Capitulo 2

– Como vai as reuniões? –Perguntou o Henriques.

Henriques era 10 anos mais velho que eu, nos conhecemos desde o colegial. Já o Eduardo, na verdade, era meu irmão menor, estava com 27. A mamãe ficava me enchendo de indiretas pelo fato do meu irmão ser casado, ter uma família super linda e eu ser um solteirão que só pensava em trabalhar e com um histórico de vários relacionamentos fracassados.

– Muito bem. Acabei de encontrar uma razão para gostar daquele lugar.

– Aposto que é uma garota. –Disse o Eduardo, ironicamente.

– O nome dela é Ângela.

– E qual é o problema que ela tem?  –Perguntou o Henriques  –Acredito que todo mundo lá tem um problema qualquer.

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