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Natasha.

Não eram nem dez da manhã quando chegou mais um problema para resolver, me deixando mais furiosa ainda. Primeiro foram os irrigadores que pararam de funcionar sem explicação, até ontem estavam perfeitos.

Depois, um cachorro grande chegou repentinamente destruindo minhas flores, pegando pela raiz e sacudindo, me dando um baita prejuízo, além de assustar meu cavalo.

Se eu nunca o vi por aqui, principalmente dentro das plantações e com a porteira principal fechada, só pode significar uma coisa: Esse pequeno furacão veio da fazenda Rogers! É de lá que vem o espírito de destruição e invasão!

Encaro o cão com o focinho todo sujo de terra, língua de fora, feliz demais para quem causou terror nas flores que estavam boas para colheita e sequer consigo ter raiva dessa pestinha. Ajeito o chapéu e o chamo até a mim, que vem amigável. Afago sua cabeça rapidamente, dando um carinho nesse bobalhão.

— Vem cá, rapaz, que vou te entregar ao seu dono!

Decido entregá-lo logo para que eu possa continuar meus afazeres antes de ir para a floricultura, já que não tem a Wan hoje para me ajudar por estar no colégio. Improviso a guia de Majestoso na sua coleira para contê-lo e ele espera quieto que eu faça. Pelo menos não é bravo, é facilmente dominado.

É só um cão bobo!

Ele praticamente me leva por ser pesado, um cão já "adulto", e vou com certa dificuldade até o outro lado da cerca, tentando achar Steve em algum canto desse mundaréu de terras com plantações ressecadas e queimadas.

Aqui tá indo de mal a pior, parecem terras abandonadas. E por mim fica pior, até fechar as portas!

Eu o encontro de costas, agachado apenas de calça jeans, botas sujas e chapéu por conta do sol escaldante que vem castigando a região por esses dias.

A camisa se mantém descartada no chão.

— Steve! — chamo sua atenção, já demonstrando que não estou com paciência.

Ele se vira, limpando o suor do rosto, e o restante vai caindo pelo seu tórax trabalhado e robusto que chega a ser rude, os seus músculos grandes e fortes pelo trabalho braçal que estava fazendo.

— Tira os olhos, Natasha! — provoca com um sorriso torto.

Reviro os olhos pela sua expressão surpresa, como se não me esperasse ali, com as mãos sujas na cintura.

— Não estava olhando! Da próxima vez, prenda seu animal!

Resmungo tentando não surtar com a sua provocação sem cabimento.

Meu Deus, como ele é chato!

— Eu te falei para ficar no seu canto, que ficaria no meu! — me imponho.

— O que ele fez? — se faz de desentendido.

— Destruiu minhas plantas!

Ele vem até a mim, parando de frente todo imponente, e novamente fico desajustada e nervosa quando está perto de mim, mas não é medo, porque sei me defender muito bem. Então ele apenas se curva um pouco para frente e solta o cachorro da guia, que sai correndo atrás de qualquer pássaro.

— É só um cachorro, Natasha, é inofensivo!

— Mas destruiu minhas plantações! — repito o que acabei de mencionar. — Fique do seu lado da cerca e mantenha seu furacão também, não vou falar novamente!

— Ele foi apenas brincar! — Cruza os braços, desmerecendo. — Planta de novo e deixa de implicância à toa!

O dia mal começou e eu já estou passando raiva!

We farmer's arms | romanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora