23. Suposições, rotina e futuro.

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P.O.V- HENRI FERRAZ
...[ uma semana depois]

Releio o relatório que recebi pela terceira vez e faço uma anotação mental ou outra no decorrer assim como tenho feito nos últimos sete dias. Eu tinha mandado homens disfarçados para os morros vizinhos em buscar de informações úteis que poderiam me indicar quem estava ameaçando Amélia, pois nessa semana vieram mais dois avisos aleatórios:

Um estetoscópio enrolado no pescoço de um urso de pelúcia e uma boneca médica com uma bala pequena cravada na testa.

Seja lá quem fosse estava disposto a destruir-la sem hesitar. Nessas três caixas que foram enviadas as ameaças vieram com a mesma pegada de algum animal banhada a sangue. Desconfio que o vulgo desse maldito tenha algo haver com um animal grande.

Era muito semelhante a pata de um tigre ou um leão. Me brilha uma lâmpada na testa quando a palavra Tigre é cogitada: talvez seja um inimigo que Paulo fez a mais de três anos atrás e esse inimigo decidiu se vingar de mim que sou "O Filho Herdeiro". O vulgo do meu pai é Serpente - assim como o de sua cópia escarrada, Igor - mas em determinada ação algumas pessoas começaram a chamar ele de Tigre pela eficiência no ataque ocorrido.

- Algo novo? - Igor pergunta assim que aparece na boca. - Outra ameaça?

Engulo o palavrão que quase escapou pelo susto e indico que ele se sente a minha frente, agora que a bunda dele estava melhor ele estava a todo vapor para me ajudar a resolver essa merda.

- Paulo tinha muitos inimigos, certo?

- Certo, o filho da puta tinha um mundaréu de gente atrás da sombra dele.

Havia desgosto na fala do meu irmão.

- Essa pessoa pode ter uma rixa com Paulo e decidiu que estava na hora de se vingar - começo. - E como eu sou a porra do herdeiro do morro ele me vê como responsável pelo que Pedro fez no passado.

- Paulo fez algo muito cabuloso que deixou essa pessoa puta de raiva, mas morreu sem pagar o que devia - Igor continua. - Então a pessoa decidiu se vingar de você, e como? Matando a sua mulher.

Bingo! Essa era a parte boa de ter Igor ao meu lado nessas situações, o filho da puta tem o raciocínio rápido e é bom em montar estratégias.

- De alguma forma essa pessoa chegou até a Amélia e decidiu que matar ela seria o "pago" justo.

- Convenhamos que você nunca escondeu ela - falou sério e eu arqueei a sobrancelha. - Henri, você escancarou o seu relacionamento sem se importar com quem estivesse olhando, nunca tentou manter no sigilo.

Brinco com uma bala entre os dedos e encaro os olhos amendoados a minha frente sem falar nada, sabia que ele tinha razão, eu nunca fiz que estão de esconder Amélia. Para mim todos podiam saber de nosso envolvimento que nada aconteceria, mero engano.

- Que a doutora foi diferente todo mundo percebeu de cara - Igor continua. - Vocês ficam de casal nos rolês e andam para cima e para baixo juntos, todos tem olhos para vocês dois.

- Eu sei - confesso ríspido. - Esconder Amélia não me parecia necessário, eu não tinha como prever que algum filho da puta iria tentar machucar ela.

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