Capítulo 2

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CAPÍTULO 02

MELISSA

Morar longe do trabalho é um saco!

Além de pegar o trem, tenho que enfrentar um metrô lotado todos os dias. Ida e volta em um aperto só. Sonho um dia em poder comprar o meu carro e me deliciar em um ar-condicionado ouvindo minhas músicas preferidas enquanto enfrento a loucura que é o trânsito dessa cidade. Enfim, enquanto esse dia não chega, tenho que ouvir o funk que é me empurrado goela abaixo dentro do transporte público de São Paulo.

A faculdade fica no centro, um ambiente luxuoso, bem diferente da minha realidade. Não que eu reclame da vida que tenho, mas um pouquinho de conforto não faz mal a ninguém.

Minha rotina é bem corrida, não sobrando muito tempo para outras coisas. Como lazer por exemplo. Dedico meu tempo livre aos meus estudos, já que não gosto de ficar para trás e assim já se vão dois anos de faculdade, e um ano e meio de trabalho árduo na lanchonete.

Os portões logo estão no meu campo de visão e fico alegre e cansada ao mesmo tempo. Alegre por estudar ali e cansada porque sei que vou ter que aguentar a insistência da minha amiga, Adriele, em me levar a uma festa que está sendo organizada para a chegada de um dos donos da faculdade. O tal Eduardo passou um bom tempo fora do país e agora está de volta.

Ele era como um mito entre os alunos. Não apenas pela inteligência invejada, mas também por ser um homem desejado e cobiçado pelas mulheres por onde passava.

— Bom dia! — digo assim que passo pela porta lateral da lanchonete. Adriele me olha e sorri.

— Bom dia, Mel — Ela termina de amarrar o avental e me olha com aqueles imensos olhos verdes — Já decidiu se vai à festa?

— Dri, deixa pelo menos eu entrar?

— Eu só vou se você for comigo, amiga. Quem mais ficaria ao meu lado?

— Eu não conto não? — diz João Pedro, nosso amigo e gerente da lanchonete.

— Claro que conta, mas você logo arruma um rabo de saia e com certeza vai me deixar sozinha! — Adriele nunca conseguiu perceber o quanto João Pedro é apaixonado por ela.

Ele apenas sacode a cabeça.

— Mas eu quero muito que ela vá, João. — Ele me olha e sorri, mostrando a fileira de dentes branquinhos e certinhos.

— Também acho que você deveria ir — João beija o topo da minha cabeça e sai. Dri me olha com uma sobrancelha erguida e diz:

— Acho que ele é a fim de você... — Vejo o semblante triste em seus olhos e percebo que ela fica um pouco magoada por isso.

— Olha só, eu e João somos amigos desde que eu entrei aqui. Nós nunca teremos nada, até porque ele está a fim de outra pessoa.

— Sério? — ela diz mais alto do que queria.

— Deixa de ser sonsa! Meu Deus! — Não espero uma resposta, ou o questionamento da minha amiga. Simplesmente saio amarrando meu avental, e dirijo-me a frente da lanchonete para começar mais uma jornada de trabalho.

A lanchonete aquele horário ainda se encontrava vazia. Os alunos do turno da manhã só começavam a chegar ao meio-dia. João Pedro, já estava no caixa, lugar que não deixava ninguém assumir, já que Alexandre, o diretor da faculdade confiava cegamente nele.

— Quer que eu fique no caixa hoje? — perguntei só para provocar.

— Preciso responder? — Ergue a sobrancelha em minha direção e sorrio em resposta.

O ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora