Sete Mares I

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"Me esquenta com o vapor da boca e a fenda mela.
Imprensando minha coxa na coxa que é dela
Dobra os joelhos e implora o meu líquido"

Pov Gabriela

– Sheilla... – Sussurrei sentido o toque delicado de seus dedos em meus lábios. Ela pareceria querer gravar o momento.

– Eu não quero te machucar, Gabriela. – A mais velha respondeu e levou o fio insistente de cabelo que teimava em cair pelo meu rosto.

– Não faz isso. – Pedi totalmente rendida ao momento. Nossas respirações não se dividiam mais, era o mesmo ritmo.

– Não estou te prendendo. Pode sair! – Ela avisou e eu suspirei. Eu poderia sair, mas eu não queria sair. Eu quero ela.

– Te odeio.

Respondi antes de finalmente selar nossos lábios. Nossas línguas se encontraram e dançaram no ritmo perfeito. Eu não sabia o que aconteceria amanhã. Se ela me esqueceria e fingiria que isso nunca aconteceu. A única certeza que eu tinha era do que eu queria agora: ela.

– Vamos sair dessa chuva. – Sheilla pediu colando nossas testas. Apenas concordei e voltamos para o carro molhando todo o banco.

– Desculpa! – Pedi realmente sincera.

– Não precisa disso... – Ela suspirou e sorriu fraco. – Podemos deixar as coisas acontecerem? Eu não quero que você corra amanhã disso.

– Eu não vou correr. Ainda sou sua jogadora, né? – Tentei brincar e ela deu os ombros e ergueu seu queixo de forma superior.

– Vou pensar no seu caso. – Sheilla disse extremamente séria e eu abri a boca em um perfeito "o".

– Sheilla!

Reclamei e ela gargalhou de forma rouca. Senti meu estômago se remexer de forma gostosa. Seguimos pelo curto trajeto até o apartamento que eu dividia com Rosamaria e Naiane. Encarei a técnica enquanto a mesma estacionou o carro.

– Entregue! – Ela disse e logo fez uma careta. – Eu queria dizer inteira, mas você está encharcada.

– Por culpa minha, admito! – Dei os ombros e ela riu.

– E aí eu fiquei assim também. – Ela apontou para sua roupa totalmente molhada também. – Você deveria jantar comigo como forma de pedir desculpa. – A bandida arqueou as sobrancelhas adotando um olhar pidão enquanto eu me fingi de séria.

– Não! – Respondi simples notando o sorriso de canto que esboçou nascer no rosto bem definido da mais velha morrer na mesma velocidade.

– Não? – Sheilla questionou incrédula e foi a minha vez de sorrir triunfante. Eu ditaria as regras. – Um final de semana, Gabriela. Sexta após o treino, sábado tem dia livre. – Ela argumentou e eu ri baixinho.

– Não, muito obrigada. – Falei sem mais e deixei um selinho em seus lábios tão convidativos.

– Você tá correndo. – Ela murmurou contra meus lábios antes de sua língua invadir minha boca. Gemi satisfeita com o contato. – Por favor... – Pediu baixinho.

– Não... se atrase... – Suspirei derrotada antes de roubar mais um beijo dela. – Obrigada pela carona. Até amanhã!

Disse por fim antes de literalmente forçar meu corpo a sair do carro dela. Entrei correndo no hall do prédio devido à chuva que ainda castigava a capital mineira. Acenei cumprimentando o jovem franzino e de cabelo espetado que ficava na portaria. Adentrei o elevador apertando o sexto andar e aguardei pacientemente refletindo sobre o que aconteceu. Porra! Eu beijei Sheilla Castro novamente. Sheilla Castro. Eu disse ter o controle dessa vez, mas a real é que eu não fazia ideia do que estava fazendo.

Those Eyes - SheibiOnde histórias criam vida. Descubra agora