Cartas na Mesa II

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Point of View Sheilla Castro

– Isso não acabou. – Mari disse me encarando com raiva. – Você é vazia Sheilla. Logo você enjoa dessa aí também.

A loira disse antes de chamar o elevador e adentrar no mesmo. Suspirei sentindo a raiva correndo por todo meu ser. Eu fazia um exercício de respiração para não mandar ninguém para a puta que pariu. Ouvi o som do elevador anunciar que alguém chegava no andar. Mas que porra! Marianne voltou?

Eu fiz a minha pior cara e estava pronta para xingar a loira. Quando o elevador abriu, saiu um senhor de meia idade carregando um engradado de cerveja. Ele sorriu simpático.

– Boa noite! Seu pedido, senhora! Que bom que a portaria avisou. – Ele disse e eu sorri murchando mas aliviada. – Pode me informar o código?

– Boa noite! O código é 1013. – Falei os últimos quatro dígitos de meu celular e agradeci ao senhor. Peguei o engradado e respirei três vezes antes de abrir a porta de casa.

– Ga? – Chamei Gabriela notando o silêncio.

– Na sala! – Ela avisou.

Eu pedia aos céus para que Gabriela fosse compreensiva, mas como pedir compressão sobre uma louca?

Apesar disso, tentava manter minha calma. Eu queria que as coisas funcionassem dessa vez. Eu me sentia cansada do agito, toda noite alguém diferente... eu quero a calmaria que sentia nos braços de Gabriela.

– Oi... – Disse tímida encontrando Gabi assistindo uma partida do Cruzeiro na televisão. Revirei os olhos. – Coloca no jogo do Galo.

– Não! Você estava cozinhando até então. – Ela deu os ombros e eu me sentei do lado dela, busquei o controle e coloquei a tv no mudo. – Não quero brigar, Sheilla. Nem tudo precisa ser uma grande questão. – A mais nova avisou e eu suspirei.

– Acho que podemos começar pelo começo. É meio clichê, mas precisamos conversar se a gente quiser que isso dê certo. – Resolvi falar e Gabi ergueu a sobrancelha.

– Que o que exatamente dê certo? – A ponteira questionou e eu engoli a seco. Será que eu a assustei? Eu não quero a assustar, quero que a gente viva cada fase. Que o que temos dê certo. Mas o que temos exatamente?

– Que a conversa dê certo. Digo: se a gente quiser se entender precisa entender como isso... — Apontei com meu indicador pra ela e pra mim. – Como isso começou, como nós chegamos até aqui.

– Nós transamos em 2012. – Gabriela disse óbvia.

– E foi ótimo, maravilhoso. Não consegui te esquecer mas... – Ia falar e Gabriela me cortou.

– Mas você não quis me procurar. – A jogadora disse e eu franzi o cenho.

– Gabriela? Eu não quis te procurar? – Perguntei achando ter escutado errado.

– Foi, Sheilla!

– Por Deus! Eu jogava vôlei, era boa com bola de vôlei e não bola de cristal. – Falei irônica e ela riu.

– Não se faça de besta. Custa admitir que não quis me procurar? – Ela disse em um tom baixo e até chateado. O que está acontecendo aqui?

– Eu te procurei, Gabi. Mas como eu ia achar alguém que dormiu comigo e foi embora sem mais nem menos? – Perguntei em tom de voz calmo. Queria entender o que estava acontecendo.

– Sheilla, por Deus! Eu era uma jovem, até hoje minha vida não é feita não. Eu precisava trabalhar. Deixei um bilhete. – Arregalei os olhos.

Those Eyes - SheibiOnde histórias criam vida. Descubra agora