parte 3- Somnia

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Eu e ela já fizemos aulas de flauta e como bater tambores, mas isso foi da primeira até a quinta série. Após isso, as aulas de música cessaram e apenas aprendíamos a história dela nas aulas de arte, embora que nós nos acostumamos a apenas desenhar ou pintar coisas nas aulas de arte, mas agora é diferente. Tudo é diferente. As aulas não são mais as que estávamos acostumados, temos várias coisas diferentes como: sociologia, química, física e coisas que nunca iremos usar, os professores não são os mesmos, os alunos mudaram, o ambiente mudou, minha mente mudou, o mundo perdeu a cor, eu mudei, tudo mudou. Sem ela, todos nós mudamos.

Após alguns dias longe da escola, precisei voltar para aquele inferno novamente. Doeu saber que ela não estaria lá. Seria apenas eu e meus pensamentos, mas da mesma forma, me sentia sozinho. Milhares de alunos naquele lugar e parecia que era apenas eu lá. Eu não copiava nada, não escrevia, apenas tentava esquecê-la. Algo que não conseguia fazer. Os professores não deram a mínima pra ela, nem ao menos deram seus pêsames à família dela, nem mesmo a mim. Que falta de consideração a deles. Moon amava os professores, mesmo se fossem os piores, ela os amava como se fosse sua família. E logo após ela partir, decidem ficar calados e apenas continuar a vida, sem se importar com quem ela tenha sido ou o amor que ela sentia por eles. Não significava nada para eles, mas, para mim, aquilo significava muito. Cruzei os braços na mesa e deitei a cabeça entre eles. Me senti mal e quis muito chorar, mas não o fiz, já que todos olhariam pra mim e me chamariam de "Bebê chorão" ou alguma coisa relacionada a algo que chora, então fiz o máximo para não chorar, mas algumas lágrimas escorreram dos meus olhos, duas ou três, mas por sorte, meus olhos não estavam inchados ou vermelhos. 

 Após algumas aulas, descemos para o pátio para ir para o intervalo, mas fiquei na cobertura da escola, num lugar de acesso restrito de alunos no intervalo. Não entendi por que a cobertura era proibida pros alunos, mas talvez tenha acontecido de alguém ter sido jogado lá de cima ou se jogado por conta própria. Não costumava levar comida, eu geralmente pegava na cantina, mas agora eu não sinto mais nada, nem fome, nem mesmo sede. Me sentia enjoado quando comia ou bebia algo e, em alguns casos, vomitava. Fiquei num canto onde os professores não pudessem me ver. Fiquei lá, lembrando de alguns momentos com ela, das risadas, dos olhos dela, de tudo. Chorei ao lembrar do sorriso dela. Queria gritar, chorar, me esconder, morrer, sei lá, mas um abraço apertado ou alguém que possa me ouvir e me ajudar nesse tempo, seria ótimo e me ajudaria muito. Porém, nada é melhor que o abraço dela. 

 Decidi sair do local e fui passando a mão pelas paredes manchadas por canetinhas e tinta guache, pintadas por crianças e alguns adolescentes. Um dos monitores chegou perto de mim. Ele era alto, tinha olhos azuis, pele escura e cabelos negros longos, lisos e presos, tinha um piercing na sobrancelha, um no septo e outro no lábio e, pela expressão dele, queria me dar uma bronca por estar na cobertura da escola, mas ele fez o contrário do que eu imaginei. Ele olhou em meus olhos e pôs a mão em meu ombro. —Você era o amigo da Moona, certo?- eu sinalizei que sim com a cabeça e ele olhou para mim com um olhar de pena. —Olha, eu sei que vocês dois eram amigos, Moona era minha amiga também. Nós conversávamos aqui de vez em quando nos dias que você não vinha e quando você estava ela acenava para mim. A Moonie era uma garota muito simpática, não é?- Eu fiquei pasmo quando ele disse que era amigo dela. Ela só falava comigo e tinha medo de falar com outras pessoas, mas acho que eles se conheciam há um bom tempo e eu não sabia. A Moon tinha segredos que não contou nem para a pessoa que ela mais confiava, no caso, eu. -Sim, ela era a pessoa mais legal que eu conheci em toda a minha vida. Nos conhecemos no segundo ano do fundamental e em poucos dias viramos melhores amigos. Foi muito louco, mas agora ela se foi e eu perdi a única pessoa que eu sabia que me amava...— Ele parecia estar abalado pela morte dela, eu podia ver em seus olhos e em seu rosto que estava, já que seus olhos estavam levemente avermelhados e emitia tristeza, ou ele apenas fumou maconha. —Aí, a Momoi me falou o seu nome, é Jake, não é? Prazer em te conhecer. Eu sou o Edd.— Finalmente depois de muito tempo, alguém decidiu se aproximar de mim e me cumprimentar. Nunca achei que isso iria acontecer denovo, mas aconteceu e aconteceu com o amigo dela. Me parece que eu tenho um novo amigo. Me senti feliz.

 O sinal bateu e após um tempo conversando, tivemos que nos separar e voltarmos aos nossos devidos locais. Novamente fiquei de cabeça baixa até a aula terminar e, após a aula terminar, fui para casa, sozinho, desanimado, desnorteado, derrotado e abatido. Incrível é o jeito que nós ficamos quando uma pessoa próxima falece. Nos sentimos mal, tristes, desanimados e extremamente sozinhos. Causam um grande impacto na nossa vida e é isso que acontece.

— Apenas o abraço dela pode me curar..

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