Túnel do Medo

Capítulo 1

A noite estava chegando. Já estava escurecendo quando Larissa chegou para o encontro com suas amigas. As três resolveram, durante uma daquelas reuniões de amigos, onde soltam todos os tipos de conversas aleatórias, que se vestiriam juntas,  marcando de se encontrar na casa de Aline. As três definiram um horário para se encontrar, mas Larissa acabou se atrasando.

— Meninas, vocês já estão prontas? — gritou Larissa, com o rosto grudado na porta do quarto.

Do outro lado estavam Carla e Aline. Dentro daquele cômodo, as duas amigas se preparavam para sair, enquanto aguardavam, além de Larissa, a chegada dos garotos. Enquanto se arrumavam, pensavam e ansiavam a passagem das horas. Estavam muito felizes por compartilharem mais um momento entre amigos. Como o combinado, elas se arrumariam, esperariam os meninos e iriam, enfim, para o destino final: O túnel do medo.

Larissa chegou atrasada, mas não tinha problema. Apesar de descumprir as regras, se vestindo em sua casa, o fato de já estar pronta deixava as outras meninas com uma menor preocupação. Enquanto se arrumavam, Aline e Carla acabavam por pensar em Larissa e o perigo de se atrasarem por sua culpa. Mas não aconteceu, e elas deviam saber o porquê.

Entre as três, Larissa era a mais ansiosa, e vivia como se fosse perder uma cirurgia que salvaria sua vida. Como qualquer dia de sua vida, a garota estava desesperada. Ela não conseguia se segurar e, desarrumada, se preparar em um curto período de tempo junto com as outras. Apesar de ser apenas mais um dos passeios com seus amigos, ela não sabia como se controlar diante disso.

 Depois de pronta, com foco em sua saída e a ansiedade correndo pelas veias, Larissa direcionou seu pensamento diretamente para a casa de Aline. Ainda era bem cedo quando saiu de casa, principalmente pela pequena distância entre duas casas. Mas uma ansiedade louca tomava controle de sua consciência, não permitindo a troca de plano.

De passo em passo, Larissa se aproximava cada vez mais da casa de Aline. Suas botas chiques e de salto alto atrapalhavam seu caminhar nas ruas de paralelepípedos, enganchando e a fazendo escorregar nos vãos e estruturas desniveladas. Ela caminhou em uma velocidade absurda, com os pés eletrizados por sua energia; Ainda em crises passadas, Larissa nunca havia feito aquele percurso em tão pouco tempo.

Mesmo chegando muito antes da hora, ela não conteve seu desespero. Depois de passar o pequeno hall de entrada, andou rapidamente pela cozinha da casa e apenas cumprimentou a mãe de Aline com um de seus gestos delicados, indo direto para o quarto em que as outras meninas estavam.

Ela estava nervosa. Quando caminhava em direção a porta fechada, preparou o punho com intenção de esmurrá-la, mas não o fez. Larissa tentou se conter, encostando lentamente seu rosto na madeira que se apresentava em sua frente. Sem bater naquela barreira que  cortava de seu contato com suas amigas, ela resolveu usar uma técnica diferente, abrindo o vozerio.  Com apenas um grito, conseguiu chamar toda a atenção para si.

— Ela chegou! — exclamou Carla. — Abre a porta, Aline.

Ao abrir a porta, as duas meninas desarrumadas se depararam com Larissa pronta para um super evento. Os olhares trocados, seguidos por risadas, já eram um costume delas, e dessa vez não poderia ter sido diferente. Após o cumprimento padrão e abraços carinhosos, as meninas puxaram Larissa para dentro do quarto, fechando o quarto logo em seguida.

— Prima! — Carla disse.

— Meus amorecos. Como vocês estão? — Larissa perguntou. — Ansiosas?

O evento ainda não estava próximo a acontecer, mas faltavam apenas alguns minutos para que Lucas e Matheus chegassem para levá-las. Estavam querendo sair cedo, tentando não perder o horário de entrada, que era marcado e não aceitava atrasos. Um pequeno congestionamento, acidente ou qualquer outro fato bizarro poderia acabar com a noite que, até então, fora a mais esperada do ano.