Conversa com o meu tio

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Assim que passamos pelos detectores de metal eles soaram e as luzes vermelhas começaram a piscar indicando a presença de "pertences não autorizados", pessoas vivas no nosso caso, logo os nós nos escondemos dos ghoul seguranças que berravam pela ajuda das fúrias a nossa procura. Depois de um tempo escondidos finalmente entramos nos campos de Asfódelus, um lugar que era como um campo de futebol gigantesco lotado por milhões de pessoas a espera de um show, mas sem energia elétrica, sem barulho, sem luz e sem aquelas enormes bolas quicando por cima da multidão, uma enorme massa sussurrante de gente que fica vagueando nas sombras sem direção, esperando um show que nunca vai acontecer.

Mais a frente haviam o pavilhão de julgamento aonde os três juízes do mundo dos mortos decidiam se os espíritos iriam para os campos Elísios ou para os campos da punição. Deixamos o pavilhão de julgamento e nos aprofundamos mais nos campos de Asfódelus, com forme adentramos, mais escuro foi ficando, as cores se esvaíram das nossas roupas e as multidões de espíritos começaram a ficarem raras de se ver. 

Depois de caminharmos por alguns quilômetros, passamos a ouvir guinchos familiares a distancia, mais adiante já nos era possível ver um palácio de obsidiana e acima dele três figuras que pareciam morcegos voavam aparentemente nos aguardando.

Será que ainda dá tempo de voltar? - Grover pergunta engolindo em seco.

Relaxe, vai dar tudo certo. - Digo passando o braço pelo pescoço dele e o puxando para andar junto comigo.

Grover andava normalmente, mas de repente os sapatos criaram assas e o fizeram levantar voou e se afastar de mim o aterrissando mais afrente depois. Novamente as assas do sapato começaram a bater, mas dessa vez como loucos arrastando Grover para longe de nós, Grover gritava sem parar para que os tênis parassem, mas eles não obedeciam, Annabeth gritou para que ele desamarrasse os tênis, Grover até tentou, mas não conseguia alcançar os cadarços.

Eu e Annabeth corríamos atrás de Grover que ia em direção aos portões do palácio, mas de repente os sapatos se jogaram para a direita o arrastando na direção oposta, Grover estava indo em direção a entrada de algum tipo de túnel latera, não haviam mais as gramas pretas ou as arvores do campo de Asfódelus, apenas rochas aos pés e a luz das estalactites acima da gente.

Grover, segure em alguma coisa! - Gritei a plenos pulmões.

Embora tenha dito isso, não havia nada que ele pudesse se segurar para parar ou diminuir a velocidade, olhando mais a frente eu reconheci o local, era o mesmo da minha visão e então uma luz veio na minha cabeça, esse é o caminho para a entrada do submundo para o Tártaro e se não parássemos o Grover era lá que ele iria parar. Eu então envolvi o meu corpo em pura eletricidade e disparei em alta velocidade na direção do mesmo, agarrei Grover e consegui eu mesmo arrançar os tênis dos pés dele graças aos cascos dele, mas nem assim os tênis pararam, eles seguiram voando em direção ao poço que daria acesso ao Tártaro.

Você tá bem? - Pergunto me levantando e estendendo uma mão para ele.

Estou graças a você. - Grover disse se levantando com a minha ajuda.

Percy, esse lugar... - Annabeth disse nos alcançando.

Sim, esse é o lugar da minha visão, a entrada do Tártaro. - Disse olhando na direção do poço.

Agora eu não tenho mais dúvidas, tem mais coisas acontecendo do que os deuses sabem. - Disse ainda olhando para o poço.

Eu senti a mochila que Ares me deu pesar como se alguém a tivesse enchido de pedras, na verdade eu até esqueci que estava com ela até agora, um som começou a ecoar de dentro do poço, inicialmente demorei um tempo para reconhecer o som, mas depois consegui perceber que era uma voz, uma voz antiga que falava em um idioma mais antigo do que o grego antigo, mas o som daquela voz me trazia algo de familiar nela, apesar de ter certeza de nunca te-la ouvido antes, era como se o sangue divino que corria nas minhas veias a reconhecesse e passasse isso para mim.

Em um momento de clareza eu percebi que o que a voz estava recitando era um encanto, um simples encanto de sucção e imediatamente eu percebi o que estava prestes a acontecer,  eu agarrei Grover e Annabeth e com toda a força das minhas pernas eu sai correndo para longe do poço, foi quando uma rajada fria de vento começou a tentar nos aspirar para dentro do poço, foi bastante trabalhoso não ser sugado para dentro, continuei me esforçando para seguir em frente até chegar no topo do túnel aonde a caverna se abria para os campos de Asfódelos e então o vento parou, um lamento de indignação ecoou da caverna mostrando que o vovô não ficou feliz de termos escapado.

Desculpa vovô, mas vai ter que esperar mais até nos conhecermos. - Disse baixo olhando para a caverna.

Saímos da floresta perto da caverna e seguimos em direção ao palácio de Hades, eu já estava familiarizado com o submundo e com o palácio do meu tio, afinal costumava vir bastante aqui para fazer uma visita a ele e Perséfone, mas dessa vez era diferente, essa visita não era como as outras e eu não havia sido recepcionado por meu tio nos portões do palácio como das outras vezes, dessa vez as chances de eu ter que forçar a minha saída eram relativamente altas e com certeza as coisa provavelmente não acabariam da forma que eu desejo, embora eu ainda reze para que tudo não tenha passado de um baita mal entendido. 

Agora eu passava pelos jardins de Perséfone e tentando a todo momento imaginar e planejar como as coisas iriam se desenrolar assim que me encontrasse com meu tio em sua sala do trono, no curto caminho do jardim de Perséfone até o interior da casa de Hades milhões de possibilidades já haviam passado pela minha mente, na grande maioria delas eu e meu tio lutávamos um contra o outro causando grandes destruições no submundo. Ao nos aproximarmos da porta que daria acesso a sala do trono senti a presença do raio-mestre, mas não conseguia exatamente descobrir aonde ele estava, mas eu o sentia próximo, muito próximo.

Ciente da nossa presença em seu castelo, Hades fez com que as portas se abrissem utilizando uma forte luxada de vento, os esqueletos que estavam parados ao lado a porta abriram se curvaram para mim e abriram caminho para que passássemos, adentramos a sala e encontramos meu tio sentado em seu trono de ossos humanos fundido e emanando uma aura digna de um dos três grandes deuses, ele invocou três cadeiras feitas de ossos para que sentássemos, me sentei de frente ao meu tio, Grover e Annabeth se sentaram ao meu lado nem um pouco confortáveis nas cadeiras de ossos.  

Sobrinho, temos muito o que colocar em dia. - Meu tio disse com um tom impotente.

Antes de tudo tio, me diga aonde ela está. - Ordenei liberando uma aura tão poderosa quanto a dele.

Assim que você chegou aos meus domínios enviei sua amada para o seu palácio no Olimpo. - Hades disse me fazendo dispersar a minha aura.

Uma luta contra você é algo que não desejo sobrinho. - Hades disse se recostando em seu trono.

Digo o mesmo querido tio, agora por favor me confirme minha suspeita. - Disse olhando para ele mais aliviado.

O seu elmo foi roubado não é verdade? - Perguntei e ele afirmou com a cabeça.

Sim, eu não contei ao conselho e você sabe por qual motivo. - Meu tio me confirmou.

O senhor precisa saber, o vovô está envolvido nisso. - Disse deixando meu tio chocado.

Ele não está trabalhando sozinho, um semi-deus está ajudando ele. - Disse olhando para a mochila que estava com Grover.

Agora me diga sobrinho, sei que não é você que trabalha com o meu pai, mas por qual motivo o raio-mestre está sobre sua posse? - Hades me perguntou olhando para a mochila.

Ares, ele estava esse tempo todo com o raio e quando nos encontramos ele o colocou camuflado nessa mochila para que o troxessemos ao submundo. - Disse pegando a mochila, assim que a abri encontrei o raio-mestre dentro dela.

Mas por que ele faria isso? - Meu tio me perguntou.

Ele quer começar uma guerra entre os deuses, pois acha que será divertido, mas o que ele não percebe é que esta sendo controlado a fazer isso pelo vovô. - Disse segurando o raio-mestre em minha mão.

Ele ainda deve estar com o seu elmo. - Disse pegando as três pérolas que Mera havia me entregue.

Já passou da hora de acabar com esse tumulto, não se preocupe tio, vou recuperar seu elmo. - Disse entregando uma pérola para Grover e outra para Annabeth.

Sei disso meu sobrinho, você é o único que realmente se preocupa com todos os membros dessa familia, você morreria antes de machucar um de nós. - Meu tio disse antes de esmagarmos as pérolas com nossos pés.

O príncipe do Olimpo (Cancelada)Onde histórias criam vida. Descubra agora