Prólogo

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1 ano antes...
Por Kiara

Confusão não era a palavra certa. Até porque, naquele momento, eu tive a absoluta certeza do que eu queria. Vamos do começo, caro leitor.
Como sempre, eu havia brigado com a minha mãe. Não era novidade, assim como não era novidade eu me abrigar na casa do John B enquanto dona Anna decidia ficar de mal comigo. Naquela noite especificamente, ele e Sarah saíram para algum programa chato de casal. Pope, como sempre, muito ocupado estudando para a universidade e Cleo no trabalho. O que significa que éramos somente eu, JJ e algumas garrafas de cerveja. Nada podia dar errado, afinal, já havíamos bebido juntos inúmeras vezes. Lá estávamos nós, deitados na grama do chatteau, após uns cigarros e umas doses de bebida. Olhei para o lado e vi que seus olhos azuis me encaravam como se eu fosse a única pessoa existente no mundo. Não era a primeira vez que ele me olhava assim.

—Que foi?- perguntei quase em sussurro.

—Você tá linda hoje.

—E você tá muito chapado.

—Sóbrio o suficiente para te admirar.

Ok. Isso foi muito direto. Mas naquele momento, senti borboletas no estômago. Suspirei e senti minhas bochechas corarem. Mas me levantei, ficando sentada. Ele fez o mesmo.

—Não precisa ficar com vergonha. Só disse o que tinha vontade.

—Invejo isso em você. Esse instinto de fazer o que dá vontade.

—E o que há de mais? É só fazer. O que você quer fazer nesse exato momento?

Senti uma carga de adrenalina percorrer meu corpo. Uma ideia veio a minha mente, na verdade a contradição ao que meu corpo implorava para fazer. Segui meus instintos e, sem nenhum pensamento racional, selei nossos lábios. Foi uma das melhores sensações que experimentei há muito tempo. Mas depois, proporcional a esse sentimento incrível, veio o arrependimento. A vontade de que tudo aquilo fosse irreal. Quando finalizamos, ele me olhou e sorriu. Sua mão estava na minha nuca e ele tentou puxar outro beijo, mas eu o impedi:

—Acho melhor esquecermos isso. Você sabe...

—Pogue não pega pogue...- ele disse, com tom impaciente.

—É melhor assim.

—Tem razão. Nunca aconteceu?

—Nunca aconteceu.- confirmei.

E essa foi nossa promessa. Não tocar mais naquele assunto até que ele realmente fosse apagado de nossas memórias. Mas como afastar do pensamento algo que sempre ocupará um espaço imenso no coração?

Terra do NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora