Com o decorrer dos dias, Tae parecia fazer uma nova amiga. Os dois se encontravam pontualmente às oito na rua da livraria, faltando apenas alguns passos para chegar, Mayumi tinha um jeito tranquilo, ele não ficava ansioso ou desconfortável perto dela, embora os dois não estavam próximos ainda.
O trabalho ficou mais fácil depois que ela apareceu, o garoto confessou isso para si mesmo na segunda semana, quando a viu varrer a calçada de manhã enquanto ele tirava a poeira das estantes, no fim, ter uma colega de trabalho era bom.

 — Você quer almoçar comigo hoje? — Tae perguntou. Os dois estavam no meio da livraria, ele foi procurando por ela de estante à estante até encontrá-la, Mayumi organizava os livros por ordem alfabética. 

 — Quero, minha tia sempre coloca muita coisa e eu não consigo comer tudo. — Mayumi concluiu, Tae a olhou confuso. A menina, sendo um pouco menor que Taehyung, passou por ele rapidamente. — Vou pegar meu almoço e a gente divide, fecha a porta da livraria! — Sorriu e Tae a perdeu de vista.

  Mesmo sem entender o que foi aquilo, Tae seguiu para fechar a porta e virar a plaquinha para fechada, puxou o tapete que o último cliente arrastou quando abriu a porta, depois tirou seu avental de pano vermelho que era o mais perto que a livraria tinha de um uniforme. Viu Mayumi esquentar a comida no micro-ondas no andar de cima, podia ouvir a garota cantarolando, o menino se perguntou qual era a quantidade de comida que sua colega trazia para demorar tanto.

  Tae virou sua atenção para os poofes amarelos que ficavam no canto esquerdo, pensou poder ser um bom lugar para almoçar, o garoto tratou de puxar a mesa vazia do outro lado e arrumou como se fosse um restaurante, em seguida, pensou que foi um exagero e quando foi desarrumar, sua colega desceu as escadas com duas tigelas grandes com garfos dentro.

 — Eu amei o que você fez, parece um restaurante conceitual. Daqueles de rico que finge que não é rico, sabe? — Mayumi sorriu e entregou uma tigela para ele. Tae a segurou e murmurou um obrigado. — Olha o tanto de coisa que ela me faz trazer, enchi duas tigelas! — Mayumi riu, essas semanas morando com seus parentes estava sendo interessante, fora que estava aproveitando um tempo livre sem seus pais, eles eram muito superprotetores.

 — Se eu fosse rico não ia fingir que não era, imagina não se preocupar com falta de dinheiro. — Tae sentou ao lado dela no poofe, Mayumi concordou com a cabeça. — Obrigado pela comida, amanhã eu trago o almoço.

 — Não se preocupe com isso, mas eu aceito seu almoço amanhã. — A garota abaixou a cabeça, voltando sua atenção para a comida. Tae riu. Nunca alguém pareceu tão animado para provar a comida dele.

 — Só não faz cara de nojo quando provar, tá bom? — O menino também abaixou a cabeça, Mayumi franziu a sobrancelha e levantou o olhar.

 — Eu jamais faria isso e você tem cara que cozinha bem. — Mayumi deu de ombros.

 — Me fale isso depois que provar. 

  Por alguns minutos, os dois ficaram em silêncio enquanto comiam. Tae se perguntou qual foi a última vez que almoçou assim com alguém. Mesmo que Rose e ele tivessem uma boa relação, os encontros aconteciam a noite e depois transavam, mas, com Mayumi, ele estava desfrutando a companhia dela. Não tinha segundas intenções, eles só estavam almoçando. Vez ou outra, Tae notava como Mayumi enchia as bochechas quando mastigava, parecia um esquilo, ele riu sem perceber.

 — Do que está rindo? — Ela perguntou, depois limpou a boca com guardanapo. 

 — Nada, nada. — Ele se levantou e recolheu as tigelas que eles usavam. — Deixa que eu lavo. Obrigado de novo, amanhã é comigo. — Tae sorriu, quando fez isso seus olhos se fecharam, subiu as escadas rapidamente. Mayumi concordou com a cabeça, nem entendia porque aquele menino estava agindo daquela maneira. Talvez fosse o jeito dele, mas Mayumi não ligava, todos tinham suas particularidades.

Um dia vou estar com você | CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora