Quatro

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        Café, frio, café, frio quarto. Era um dia frio, ele estava tomando café sem açúcar e eu, também tomei café mas o meu estava açucarado, eu gostava de coisas doces.
Naquela semana, tudo estava muito difícil pra mim, eu chorei horrores pelos mesmos motivos de sempre, mas não contei isso pra ele, eu queria me perder, eu queria fazer o quê quisesse e queria ver se o mundo desabaria por conta disso, havia uma tensão enorme entre os dois corpos, eu sabia que hoje não passaria, um ano depois eu acreditava  que faríamos amor. A chuva caia lá fora, mas o dia não estava frio, o nosso não.
Mas não aconteceu, meu corpo rejeitou, a penetração foi quase impossível, foi bem frustrante, ele disse que era normal, primeira experiência e tudo.

Continuamos tentando, outros dias, claro, mas depois de mais algumas tentativas, acabou que deu, mas o sexo nem sempre era do jeito que a gente via nos filmes, pelo menos foi o que percebi,  na vida real as vezes dava merda. Eu não estava com a mente aberta pra isso, e deu merda, deu sim.
Mas vida que segue.
A intimidade começou a aumentar, nos falávamos de tudo, até do facto da minha primeira experiência ter sido horrível, eu falava dos meus medos as vezes e ele falava dos deles, ele gostava de mim, tanto que um dia, ele falou de seu pai pra mim, era uma zona proibida mas ele me deixou entrar, era uma página bem negra.
Mas ele era tudo que eu queria ser, eu queria ser boa como ele,  e eu juro, juro que amo ele, não sei se esse amor era igual ao amor que ele tinha por mim, mas eu amo ele. Ainda amo.

Ele tinha um livro com capa cor e nome, e os meus livros eram horríveis, não tinham capas, eu gostei tanto daquele livro que ele deixou ficar comigo, e me deu muitos outros.
Ele sabia que era o meu ponto fraco.
Ele era o tipo de menino que todas as meninas tinham curiosidade de conhecer e ficar com ele, não sei se aconteceu o mesmo comigo, se foi curiosidade; se foi, declaro culpada minha curiosidade.
Eu detestava isso, eu não era muito ciumenta mas era tanta mulher que eu me sentia insegura mesmo sem motivos. Mas um detalhe, ele não tinha ciúmes, tipo, nunca. Nunca mesmo, se me incomodava? Sim, era tudo muito monótono, não importava se eu ficasse muito próxima de um rapaz ele nunca demonstrava ciúmes, ele dizia que o ciúme era irracional.
Bem, ele era bem lógico, tipo muito, mas ele gostava de olhar a lua a noite, e escrever poemas, ele escreveu alguns poemas pra mim eu também escrevi algumas coisas pra ele, ou melhor, sobre ele.
Inclusive, ele ia compor uma canção pra mim, antes de eu estragar tudo, ele cantaria no nosso casamento, mas eu estraguei tudo.
Naquele dia, á noite, enquanto falavamos ao telefone eu coloquei um, final  naquilo que eu chamava de paraíso. Ele não acreditava no paraíso, nem em Deus, ou melhor, ele queria acreditar que não acreditava...

Quando Ela Disse Adeus Onde histórias criam vida. Descubra agora