Oito

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        O dia estava péssimo, eu estava me sentindo horrível e normalmente nesses dias meu cérebro gostava de me lembrar o quão um erro eu era.
Também fazia dias que eu não falava com ele, no princípio do namoro as preliminares foram difíceis, tudo era muito difícil, mal nos falávamos e as vezes nos víamos uma vez no mês.
Mas quando nos encontrávamos estava tudo bem, e aquilo bastava, acho, e era naquele momento que eu poderia ter ido embora, acho. Mas não fui, não disse adeus, pelo menos não naquela época.

Um dia, sentados no banco na rua ele falou assim pra mim:
— qual foi a coisa mais estranha que você viveu?
Eu precisei engolir um punhado de ar, porquê não era uma coisa fácil.
— vi uma menina, da minha idade morrer.— ele não pareceu nem um pouco assustado, até fez piada — não estou brincando. — fiquei séria e ele logo depois
— quando a minha tia morreu. —  ele começou a dizer — eu passei a vê-la todas as noites, aquilo durou muito tempo durante a minha infância, era assustador. — parou subitamente
Eu não consegui falar nada, eu até tentei mas não saiu nenhuma palavra
— Que coisa de loucos. — eu disse por fim
— Eu queria te contar uma coisa, mas acho melhor não falar hoje, um outro dia quando eu estiver de bom humor me lembre de contar.
— o que? Você sabe que eu sou curiosa, o que é?— ele ficou em silêncio — você tá doente? Vai se mudar? Tem uma filho?
— sim.
— sim o quê?
— tenho uma filha. Ela tem dois meses.
Naquele momento minha cabeça girou, como isso era possível, nós estávamos juntos a quase um ano, e ele me conta que tem uma filha de dois meses.
Fiquei muda
— eu sabia que não era boa ideia contar pra você.
— o que? Isso é sério? Como aconteceu isso. — eu não conseguia acreditar e naquele momento ele falou o nome da mãe da menina, era um nome conhecido, aliás estava sempre nas nossas conversas, eu sabia que ela estava grávida mas ele nunca teve a decência de falar que possivelmente era o pai.
Naquele momento eu tinha todos os motivos para ir embora, mas não fui.

A tempestade passou, e tudo estava tranquilo.
Nós estávamos aparentemente num bom momento, falamos até de casamento, no momento eu fiquei atordoada porque nunca havíamos falado seriamente no assunto, eu arquivei aquilo dentro de mim.
Mas um dia, eu percebi que havia algo de errado comigo.
Procurei os meus amigos, nas minhas últimas memórias e só encontrei gotas deles, não encontrei memórias mais demoradas e saudáveis, me olhei no espelho e fiquei com vontade de quebrá-lo, porque ele estava sendo tão mau comigo? Aquela ali não era eu. Quem era eu no final? Quem seria eu?
    Perguntas do tipo; como eu cheguei aqui sugiram como um avalanche e eu me senti entre a cruz e a espada.
Eu sabia que precisava escolher, não seria uma escolha fácil mas  eu não queria continuar sendo uma desconhecida pra mim mesma.
Eu já não conversava direito com ninguém, não falava comigo e muito menos com... Com Ele.
Então eu percebi uma coisa, que já nada nos unia, nos só estávamos nos mantendo.
Eu tive que escolher entre eu, ou então perde-lo, bom, e o fim dessa estória acontece.

Quando Ela Disse Adeus Onde histórias criam vida. Descubra agora