Sete

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        Eu ainda estava cambaleando, e o tempo todo ele teve que ser meu apoio, eu estava pateticamente feliz naquela noite , a noite estava linda.
Tudo estava perfeito.
Antes de chegar em casa decidimos parar, num pequeno campo.
Ele pegou um cigarro e começou a fumar como se fosse dono do mundo todo, e como se nada no mundo fosse destruí-lo.
    Eu não entendia como ele se sentia tão triste e podre por dentro, se tudo que eu queria era ele, e ele me queria a mim.
— amanhã a gente vai pro hospital.— falei no meio de uma risada desnecessária
— até bêbada você é chata. — disse simplesmente e eu ri alto — cuidado, você vai acabar vomitando. — acrescentou
— eu toda chique vomitar? Isso não vai acontecer. — respondi com convicção, meio rindo meio olhando para o céu estrelado.
— "Aí como eu sou bandida"– comecei a cantarolar quase matando ele de rir
— você faria isso se estivesse sóbria?
— sim... Não... — disse rindo mas meus olhos por muito tempo, uns cinco segundos pararam no céu bonito da nossa cidade, e então, me deixei encantar.
— a cidade do Lubango é linda, a noite. — ele comentou olhando ora para mim ora para o céu.
— o mais perfeito de todos desse universo todinho. — eu disse com um sorriso sonhador.

      Quando chegamos em casa, tomei água bem gelada, ele trouxe o jantar e comemos juntos, eu estava ótima, aliás, radiante, tanto que até os percevejos que se acomodavam em alguns cantos do quarto não me incomodaram.
Deitados lado a lado na cama, ele começou a fazer gracinha, e eu adorava aquelas gracinhas.
E naquela noite pela última vez fizemos amor, e dormimos um do lado do outro.

     Quando despertei eram cinco da manhã, então caiu a ficha que eu tinha mesmo que ir para casa, eu não aparecia em casa por dois dias, e isso nunca tinha acontecido.
Procurei todas as minhas coisas, me vesti e então decidi ir embora, ele estava num sono profundo.
Fazia uma frio de rachar lá fora, foi então que decidi pegar um de seus dois cachecol, o de cor cinzento.
Olhei pra ele uma última vez e lembrei do que ele disse de noite; que aquela tinha sido a melhor noite de todas, não sei se foi verdade, mas eu ri ao lembrar. Sempre rio.

A rua estava vazia e sinistra, não haviam carros na estrada, não, apenas vi um carro a princípio, poucos  motos e pouquíssimas pessoas. Um jovem que praticava esporte passou por mim, eu continuei a minha caminhada tranquila com os meus fones de ouvido, naquele momento a minha música me bastou.

Quando Ela Disse Adeus Onde histórias criam vida. Descubra agora