Dia 05: almas gêmeas!AU

420 39 1
                                    

Sinopse: O conceito de almas gêmeas, no mundo ninja, era uma espécie de tabu. Em um contexto conflituoso, um vínculo daquela magnitude poderia ser utilizado como uma estratégia para atacar o oponente, uma fraqueza, e, por isso, na Névoa, todos eram orientados a não falarem sobre o assunto.

Embora não tivessem proferido palavra alguma a respeito, Itachi e Kisame estavam cientes de seu lugar na vida um do outro.

Eles mantiveram isso em segredo, no entanto.

O som oco de seus passos ecoava pelo cais de madeira e, além dele, apenas as gaivotas interrompiam o silêncio, voando baixo sobre o oceano enquanto caçavam. Kisame se aproximou do homem sentado sobre a borda, deixando-se afundar brevemente no sentimento de nostalgia.

Havia sido numa situação muito parecida com aquela que conheceu Itachi.

— Eu serei seu parceiro daqui em diante — Falou ao se apresentar — Sou Kisame Hoshigaki.

De imediato, houve receio. Mergulhados em segredos, ambos, algumas vezes, sequer reconheciam a si mesmo. O outro era nada mais do que uma ameaça constante, alguém que representava um risco do qual deveriam se proteger.

Isso mudou, no entanto, quando Itachi completou vinte anos.

Alguns anos atrás

Era uma missão qualquer, simples o suficiente para que Kisame pudesse resolver sozinho. O horário em que ela seria realizada, no entanto, fez com que Itachi decidisse se envolver, fazendo uso de seus métodos mais discretos.

O objetivo era capturar um homem, cujo conhecimento interessava ao líder da Akatsuki. Apesar de viver em uma vila pequena e pouco conhecida, ele era bem protegido, já que a intenção da organização para consigo já havia sido espalhada pela região. Dessa forma, o pequeno vilarejo contratou reforços e estava previsto que, na manhã seguinte, alguns ninjas de outros lugares estariam ali para reforçar a segurança do civil.

A alternativa mais sábia, portanto, era um ataque noturno e sorrateiro. Itachi envolveria os guardas em um genjutsu e faria o mesmo com o homem, obrigando-o a segui-lo. Kisame deveria estar do lado de fora, atento caso algo saísse do controle.

E, embora não tivessem previsto, foi o que aconteceu.

Eles foram descobertos e uma batalha sangrenta se iniciou. As árvores foram queimadas com o katon e a Samehada rosnava a cada ninja que deixava aos pedaços.

A lua estava no centro do céu, imponente, brilhante, indicando a proximidade com o meio da noite e o início de um novo dia.

O aniversário de Itachi.

Não foi necessário um relógio preciso para que Itachi se desse conta de que havia completado os vinte anos, não quando lhe foi revelada, inesperadamente, a conexão com a sua alma gêmea.

Acontecia, normalmente, quando a pessoa mais nova dentre as duas almas, atingia a maioridade.

No momento, a Samehada havia sido deixada de lado. Kisame estava em uma extremidade, Itachi na outra e pensaram simultaneamente em um ataque para evitar as armas que eram direcionadas a si.

Como um imã, a bola de fogo se direcionou ao dragão feito de água do jutsu de Kisame e uma imensa nuvem de fumaça se fez presente, nublando a visão de todos.

Exceto a deles.

Kisame e Itachi conseguiam enxergar um ao outro com uma clareza sobre humana. E mais do que isso, sentiam, em seu âmago, tudo o que o outro sentia.

A mistura de seus elementos era o sinal mais óbvio da conexão de suas almas, mas aquele sentimento de completude os fizeram ter certeza.

Estavam destinados um ao outro.

Dias atuais

— Você demorou — A voz grave interrompeu seus pensamentos e ele sentou ao lado do Uchiha, observando-o encarar a imensidão do mar como se não tivesse nada mais importante no mundo.

Talvez, Kisame pensava, não tivesse mesmo.

— Havia muitas folhas — Respondeu, dando de ombros. Era a sua vez de limpar o quintal da casa deles e o fim da primavera fez com que ele tivesse um trabalho consideravelmente grande.

— Da próxima vez, eu te ajudo — Itachi falou, deixando de encarar a água para observá-lo e Kisame sentiu o coração acelerar quando ele sorriu.

A forma com a qual o rosto do outro enrubesceu o fez perceber que talvez não fosse o único a se sentir daquela maneira e Itachi, ao se notar ser alvo de toda aquela atenção, segurou sua mão a fim de que seu olhar se desviasse para os dedos entrelaçados.

Funcionou.

Kisame encarou as mãos juntas, despidas dos anéis que utilizaram por muitos anos, simbolizando a liberdade que agora desfrutavam.

— Você não vai falar nada? — Kisame questionou, o tom extremamente sério chamando a atenção de Itachi.

Haviam abandonado a batalha, embora estivessem com vantagem. Ambos concordaram, silenciosamente, que havia algo mais importante em jogo naquele momento.

— O que quer que eu diga? — Perguntou, parando de andar.

O silêncio da floresta era insuficiente para tranquilizar sua mente inquieta como normalmente o fazia.

— Eu não sei — Kisame respondeu com sinceridade, encarando os olhos vermelhos — Eu esperava alguma diferença na sua expressão, na verdade.

Itachi suspirou, os Sharingans se transformando na imensa escuridão de seus olhos.

— Você sente o que eu sinto, não sente? — Perguntou, embora temesse a resposta.

A expressão de Kisame, então, se tornou concentrada, as sobrancelhas franzidas e ele fitou Itachi em silêncio durante algum tempo. O Uchiha sentiu o coração acelerar ao notar as feições do outro se transformarem em surpresa.

Ele soube, naquele instante. Seus planos haviam mudado.

— Da próxima vez — O Hoshigaki falou — Será a sua vez.

Itachi sorriu, voltando a encarar o mar.

— Você está certo — Respondeu suavemente, aproximando-se para deitar a cabeça sobre o ombro do amor da sua vida.

Itachi o trouxe para perto, beijando seus lábios com intensidade. Pela primeira vez. Kisame suspirou, a conexão entre eles permitindo que soubesse qual era a intenção do outro e qual era o desfecho da luta com Sasuke.

— Itachi — Soou como uma súplica quando se separaram — Por favor, não!

O Uchiha arregalou os olhos, conseguia sentir a intensidade da agonia dele. E isso o impediu.

Kisame apertou os dedos dele entre os seus, então, sorrindo ao ouvir a água borbulhar embaixo deles.

— Tantos anos e você ainda causa esse efeito em mim — Falou, a voz exalando ternura.

— Talvez seja você o culpado.

Ambos suspiraram, felizes. A reação da água fervendo demonstrava mais do que a junção entre seus elementos, a prova de que eram almas gêmeas, mostrava que anos após o início do relacionamento, ainda afetam o outro como o faziam no começo.

— Você quer... desaparecer? — Kisame perguntou, a voz surpresa.

Itachi sorriu lindamente, de uma forma inédita para si e assentiu.

— E quero que você venha comigo.

Kisame foi, é claro.

KisaIta Week 2022Onde histórias criam vida. Descubra agora