Sinopse: "Desde que iniciaram o namoro, Itachi notou o imenso apreço de Kisame por animais. Ele havia se formado em biologia e trabalhava em um aquário. Embora, naqueles dois anos de casamento, ele nunca tivesse tocado no assunto, o Uchiha esperava que ele quisesse, eventualmente, adotar um animal de estimação."
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Era o final do semestre, um período conturbado tanto para alunos quanto para professores. Itachi, infelizmente, ocupava os dois lugares, já que lecionava aulas três vezes por semana em uma universidade e, nos outros dois dias, dedicava seu tempo ao doutorado.
Naquelas semanas que pareciam nunca ter fim, ele costumava ser recebido pelo aroma agradável de seu chá preferido. Sobre a mesa, sua xícara esperava por ele, próxima ao bule que continha o líquido fumegante e ele sorria, todas as vezes, antes de sentar e se servir da bebida, sentindo o corpo relaxar de imediato.
Ao finalizar o chá, já se sentia mais tranquilo e seu corpo implorava por um banho quente. A caminhada até o quarto foi feita silenciosamente e ao abrir a porta, ele franziu o cenho, um sorriso carinhoso nos lábios.
— Pensei que já estivesse dormindo — Comentou ao ver Kisame sentado sobre a cama, a coberta sobre as pernas, o olhar concentrado sobre o livro.
As palavras se tornaram desinteressantes assim que ouviu a voz do marido, no entanto.
— Eu estava esperando por você.
Itachi caminhou até ele, inclinando-se para deixar um beijo em seus lábios.
— Algum motivo especial? — Perguntou ao se afastar, encarando os olhos dourados.
— Nenhum.
O Uchiha o encarou durante algum tempo, desconfiado.
— Eu queria falar com você — A voz séria de Kisame deixou Itachi apreensivo.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não — O Hoshigaki respondeu rapidamente — Eu só...
Itachi notou seu receio e ficou ainda mais preocupado.
— Quer tomar um banho comigo? — Sugeriu — Podemos conversar enquanto isso.
Kisame assentiu, seguindo-o para dentro do banheiro.
(...)
A água quente relaxou os músculos cansados de Itachi e ele fechou os olhos ao se deixar molhar por um todo. Kisame estava ao seu lado, também despido, o olhar sobre si e um sorriso apaixonado nos lábios.
Nunca se cansaria de admirar Itachi.
— Posso lavar seu cabelo? — O Hoshigaki perguntou e alcançou o shampoo sobre a prateleira antes de se colocar atrás do marido e começar a lavar os fios.
O aroma agradável lhe trouxe uma sensação boa. O cheiro ficava impregnado no travesseiro de Itachi e ele amava senti-lo nos momentos em que o marido não estava em casa.
— Você pode começar a falar — Itachi falou, despertando Kisame de seus devaneios.
Kisame suspirou, afastando as mãos do Uchiha quando ele se virou para enxaguar os cabelos, encarando-o profundamente com aqueles olhos escuros.
— Eu estava pensando — Kisame começou — Estamos casados há dois anos.
— Sim — Itachi concordou, um sorriso doce nos lábios.
— E eu... — O Hoshigaki suspirou, tentando entender a razão de tamanho nervosismo.
Não era como se Itachi fosse reagir de forma negativa ao que ele estava prestes a falar ou algo assim.
— Você sabe que pode me perguntar qualquer coisa, não é? — A voz do mais novo soou doce e ele levou a mão molhada ao rosto de Kisame — Me diz o que está te afligindo, amor.
Kisame sorriu, sentindo-se um pouco mais calmo quando o Uchiha o beijou delicadamente. Ele trouxe o corpo nu de Itachi até o seu, rindo ao notar que ele estava na ponta dos pés.
— Eu sei — Respondeu baixo, mantendo-o em seus braços — Eu estive pensando nisso o dia todo.
Itachi assentiu, pedindo silenciosamente que ele continuasse.
— Apareceu um gato no trabalho — Kisame continuou, vendo os olhos do marido expressarem surpresa — Ele estava bem magro e com fome — Disse, um sorriso mínimo nos lábios — Eu pensei em trazê-lo para casa.
O Uchiha riu baixo.
— Você pode trazer ele, querido — Ele respondeu — Eu irei adorar ter um gato.
Kisame riu nervosamente.
— O problema é que descobrimos que é uma gata — O Hoshigaki falou e Itachi ergueu uma sobrancelha, esperando o que estava por vir — Ela está grávida.
Desde que iniciaram o namoro, Itachi notou o imenso apreço de Kisame por animais. Ele havia se formado em biologia e trabalhava em um aquário. Embora, naqueles dois anos de casamento, ele nunca tivesse tocado no assunto, o Uchiha esperava que ele quisesse, eventualmente, adotar um animal de estimação.
— Deixe-me reformular então — Itachi falou — Você pode trazer eles, meu amor — Ambos sorriram — Eu irei adorar ter vários gatos.
— Mesmo? — Kisame não conseguia acreditar, sentia-se tão aliviado — Você acha que estamos preparados para cuidar de gatos?
Itachi somente sorriu antes de começar a ensaboar o corpo.
— É claro, o que poderia dar errado?
(...)
Eles descobriram, cerca de duas semanas depois, tudo o que poderia dar errado quando há gatos em casa.
Mas isso não reduziu, nem um pouco, o amor que eles sentiam pela gata barriguda que caminhava calmamente de volta ao quarto após destruir a cortina da sala.
— Falta pouco para os filhotes nascerem — Itachi falou, encarando a gatinha que dormia sobre a cama, encolhida — Você acha que isso é estresse?
Kisame o encarou sem saber bem o que responder e eles riram.
— Seja o que for, iremos cuidar de você, princesa — Ele disse baixo ao acariciar entre as orelhas dela, ouvindo um protesto baixo em forma de miado — Vamos, temos trabalho a fazer — Se voltou para o marido ao dizer e saiu do quarto, sendo seguido por ele.
Era um domingo a tarde, a cortina arruinada já havia sido jogada fora e, por isso, a luz alaranjada do entardecer adentrava o cômodo, iluminando os dois homens que, sentados sobre o chão, tentavam descobrir como montar a estrutura que compraram para os gatos.
— Temos que colar na parede? — Itachi perguntou, em dúvida, encarando o objeto em suas mãos.
— Acho que não — Kisame respondeu com o mesmo tom de dúvida, havia alguns pregos na caixa e, por isso, ele acreditou que teria que pregar a prateleira na parede.
Itachi o encarou, um sorriso nos lábios que Kisame não entendeu.
— Somos péssimos nisso — Ele falou, divertido, antes de alcançar o celular no bolso — Vou pesquisar como fazer.
(...)
Algumas horas haviam se passado até que eles, de fato, conseguissem instalar as estruturas na parede. Eram prateleiras almofadadas que formavam uma escada, distribuídas pela superfície de uma das paredes da sala.
Segundo o vendedor, os gatos apreciavam ter lugares altos para dormir e, foi pensando nisso, que decidiram comprar.
Meses depois, deitados sobre o sofá em uma tarde chuvosa, eles viram um dos filhotes sair de cima deles, onde dormia confortavelmente, e subir no nível mais alto da estrutura, se encolhendo para voltar a cochilar.
Havia um sorriso terno em seus rostos e eles se aconchegaram um no outro, voltando a prestar atenção no filme antes de ouvirem o som alto de algo quebrando na cozinha.
Encarando os cacos do pote de vidro no chão, voltaram a pensar sobre tudo o que poderia dar errado em ter um gato, mas, novamente, enquanto observavam a gata se afastar, desinteressada, sentiram somente amor.