A Grande Fofoca

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Diane nunca foi muito de ler notícias, nada nunca chamava sua atenção. Seu pai chegava bêbado todas as noites e claro que todo o trabalho da casa sobrava para ela, além de trabalhar fora durante o dia. Que tempo teria para parar e ler um papel?

Seu aniversário de dezessete anos estava próximo. Ela sabia que não aguentaria passar mais um ano naquele lugar. Parara os estudos pela metade para cuidar do pai depois que sua mãe morreu. Todos os seus antigos colegas falavam dela pelas costas, assim como as fofoqueiras da pequena cidade onde vivia.

No caminho para seu dia de trabalho, parou em frente ao cabeleireiro. Entrou, sem se importar com o quanto seria xingada por chegar atrasada.

- Corta, por favor. - disse ela, mostrando a altura que queria o cabelo.

O cabeleireiro começou a cortar, sem dizer nada. Não demorou muito, outra cliente entrou lá e sentou-se na cadeira ao lado. Uma cabeleireira foi atendê-la.

Diane odiava ir ao cabeleireiro. As pessoas falavam sobre a vida de outras como se fosse da conta delas. Só foi até lá porque seu cabelo castanho avermelhado já estava chegando na bunda, e ela não aguentava o calor.

- Você ficou sabendo de Robert? Estava pulando a cerca durante todo o seu casamento com a Paula! Inacreditável! - dizia a mulher para a cabeleireira, que fingia interesse enquanto trabalhava.

Diane não sabia quando a conversa tomará um rumo diferente, mas quando se deu conta, algo na conversa chamara sua atenção.

-...falei para o Dilan, meu marido, que se eu não fosse tão velha, até eu iria. Por todo esse dinheiro, minha nossa!

- O que? Que dinheiro? - perguntou Diane.

A mulher olhou para ela, tentando reconhece-la. Aparentemente não conseguiu e deu de ombros.

- É só disso que estão falando, nas escolas, igrejas, em todo lugar. Fiquei sabendo com meu filho Edward. - dizia a mulher, sem parar. - O rei daquela cidade que veio nos visitar uma vez, há três anos. Soube que está pagando uma grande fortuna e até mesmo ofereceu um lugar no palácio, para quem lhe fizer um favor...

A voz da mulher foi sumindo dos ouvidos de Diane. A palavra fortuna parecia se repetir em sua cabeça. Era isso. Tudo o que ela precisava para mudar de vida era isso. Dinheiro.

-...rita? Senhorita! - alguém a chacoalhava pelo ombro, o que a fez acordar.

- O que? - ela perguntou.

- Cinco moedas. - disse o cabeleireiro.

Diane pagou e percebeu que a mulher ao seu lado ainda falava.

-...claro, é muito perigoso, por isso não irei. Uma pena não ser algo mais fácil.

Diane deixou-a falando sozinha e saiu do salão. Nem sequer olhou o resultado do corte no espelho, não importava mais. O caminho para sua nova vida estava diante dela.

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