Transformação

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Diane conseguiu usar suas últimas forças para chegar até a pedra. Ela usou a ponta para se empurrar para cima. Assim que seu pé tocou a rocha, ela sentiu uma onda renovada de energia. Ainda estava dolorida, mas não ia morrer. O sol havia desaparecido, o barulho dos canhões era muito alto, um pouco a sua esquerda. Diane não conseguia ver Mary, que devia estar muito mais acima na ilha.

Diane começou a escalar as pedras. Percebeu que estava ferida só quando viu o rastro de sangue na água. Ergueu a camiseta e havia um pedaço de madeira furando sua barriga, do lado direito. Por um momento ela entrou em choque, mas Mary precisava de ajuda. Ela segurou a madeira com a mão e a puxou, jogando-a longe. Seu ferimento latejava e sangrava. Rasgou a barra da camiseta e a enrolou na barriga, para estancar o sangramento, o que ajudou na dor também. Então, ela correu para chegar até Mary. Tinha de escalar uma montanha de pedras. Percebeu que devia ser a parte de trás da ilha, pois a saída da caverna onde ela havia se escondido estava no topo.

Ela subiu, ignorando o protesto de seus músculos, que queimavam.

Quando chegou ao topo, entrou na caverna e correu. Parecia não ter fim, como um túnel muito comprido. Até que sentiu o vento vindo do outro lado, e escutou coisas explodindo e o que parecia ser árvores caindo. Um rugido muito alto estava acima dela: Mary.

Ao sair da caverna, Diane olhou para o navio. O que ela poderia fazer? Sempre se metera em brigas, com homens e mulheres. Mas contra um navio?

Um jato de ar quente vindo de trás dela fez seus cabelos voarem para a frente. Ela olhou para trás. Mary havia pousado encima da entrada da caverna. Estava muito ferida, uma de suas asas estava inclinada de forma estranha, como se estivesse quebrada.

"Saia daqui, Diane! Eles vão destruir a ilha."

Diane se assustou ao perceber que Mary falava em pensamentos quando estava em forma de dragão.

- Não. Eu lutarei com você. - disse Diane.

Você vai se machucar e será culpa minha. Por favor, vá!

Então mais uma bola de canhão passou tão perto de Mary que a fez se desequilibrar e cair para o lado, encima da asa que já parecia estar muito mal.

Ela urrou de dor e Diane podia jurar que o dragão estava chorando. Aquilo fez com que seu rosto queimasse de raiva. Um ódio enorme lhe subiu até a cabeça. Então se lembrou: ei, eu também sou amaldiçoada agora!

Ela fechou os olhos e se concentrou no sentimento de proteção, pensou no quê e o quanto faria pra proteger quem ela quisesse proteger.

"Você tem que se concentrar e pensar no quão longe você iria para proteger quem você ama. Assim a maldição será ativada." A voz da bruxa veio em sua mente.

De repente, ela sentiu como se estivesse sendo erguida do chão. Olhou para baixo e realmente, estava muito, muito alto. Mas era seu tamanho que estava aumentando. Seus braços ficaram muito mais largos, garras apareceram no lugar de suas unhas. Não ficou tão equilibrada encima de duas patas, então colocou as quatro no chão.

O... O que você fez? - Mary perguntou.

Ela não podia tirar sua maldição. Então, eu pedi que me amaldiçoasse também. - disse Diane.

Uma bola de canhão explodiu mais uma árvore próximo a elas. Voou galhos, folhas e grandes pedaços de madeira por todo lado.

Porquê fez isso? Renegou toda a sua liberdade... - disse Mary.

Na minha opinião, qualquer dor de torna mais tolerável com alguém ao nosso lado. - disse Diane.

Então, ela tentou bater as asas e se ergueu devagar do chão. Subiu mais e mais, até avistar o navio.

- Matem a criatura! - gritava um homem lá embaixo, que parecia ser o capitão.

- Mas... Senhor! Este dragão é preto! Onde está o outro? - perguntou um outro homem.

- Eu não quero saber! Matem os dois, agora! - gritou o capitão.

Então Diane fez o que seus instintos mandavam. Voou sobre eles, fazia-os voar com bater de asas, agarrava alguns e jogava-os no mar. Quando sentia uma vontade absolutamente inusitada de tossir, ela simplesmente cospia fogo em tudo.

O capitão parecia estar firme e decidido, até que Mary apareceu um tempo depois, andando. Soltou fogo sobre eles e, junto com Diane, elas formaram uma fogueira tão alta que com certeza clareou a noite por vários quilômetros.

Aquilo fez finalmente o capitão recuar com o navio e fugir apressadamente da ilha.

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