Capítulo 52

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A partir do momento que o médico disse para eu
me vestir para prestigiar o nascimento do meu
filho o meu cérebro parece ter se desligado e eu
comecei a agir no automático. Fui tomada por um
calafrio e todo nervosismo veio a tona, precisei de
muita força para conseguir me manter em pé.
Rumei em direção a sala que a Rafa estava, já
vestida para acompanhar o parto.

Por que eu não me preparei para isso? E como se
prepara?

Avistei minha mulher deitada em uma cama se
contorcendo de dor, só piorou a minha situação,
odeio vê-la sofrendo.

- Amor

Ela segurou a minha mão com tanta força que se
não fosse o meu estado de nervos eu teria sentido
dor.

- Ei, não pode da algum remédio a ela?
Perguntei a uma das enfermeiras -

- Não, ela precisa sentir essas dores.

- Mas vocês não podem ajudar em nada? Poxa.

- Senhora, são dores normais do parto, só vai
passar quando o bebê nascer. A menos que vocês optem por uma cesariana.

- Não

Ela respondeu alto suficiente para todos naquela
sala ouvir, a enfermeira concordou e saiu da sala.

- Por que não faz a cesariana amor? Você não
sentiria dor.

- Não vou fazer uma cirurgia.

Ela iria dizer mais alguma coisa, quando sua
bolsa estourou. Uma outra enfermeira que estava
ali solicitou as pressas a presença do medico.
MEU FILHO VAI NASCER AGORA!

O medico chegou pedindo para ela fazer força, e
assim ela fez, mas se antes ela só se contorcia com
as dores, agora ela gritava. Fiquei imóvel
segurando sua mão e implorando para da tudo
certo, o desespero fazia parte de mim, passei a
olhar para ela sem saber o que fazer, incapaz de
ajudar, até que ela deu seu ultimo grito e exausta e
suada ficou quieta.

Um segundo de silencio naquele quarto.

Até que eu ouvi o som pelo qual eu vinha sonhando
durante todo esse tempo.
O choro do meu filho, um grito de alguém que
tinha chegado ao mundo forte e saudável, pronto
para desbravar o mundo, e derreter mais ainda o
meu coração.

A enfermeira trouxe ele até a Rafa, e só então
eu percebi que lagrimas grossas desciam
descontroladamente do meu rosto. ELE É LINDO
E PERFEITO.

- Seu filho - Ela falou sorrindo para mim

Não conseguir me conter, dei um beijo nela e olhei
o meu filho mais de perto. Logo foi retirado dos
braços dela e levado do quarto, tive que sair
também, mas fui contra a vontade, porem antes
disse um "eu te amo" em seu ouvido e ela sorriu
com um olhar de gratidão.

- E então? - A mãe dela me perguntou assim
que me viu

- Meu filho nasceu

Ouve um suspiro de alivio por todos eles.

- E a Rafaella?

- Esta bem, estão cuidando dela agora.

-Ok.

- Eu vou preencher a papelada do hospital. Podem
ir para casa se quiserem, ela só vai poder receber
visitas amanhã, eu vou ficar.

- Você precisa de alguma ajuda?

Pela primeira vez vi o pai dela sendo solidário
comigo.

A Colega de Quarto - G!P (ADAPTAÇÃO GIRAFA) Onde histórias criam vida. Descubra agora