"Povo..." Callie chama os dois pra perto. "Vocês ouviram isso?"
"Ouviram o quê?"
"Tem algo vindo do chão..." Callie fica em silêncio, tentando escutar novamente. "Um zunido."
"Será que você é a única escutando por ser a que tá mais perto do chão?" Minerva provoca.
"Muito engraçado, mas eu tô falando sério. A gente não estava indo atrás de uma passagem secreta pela mansão?" Callie continua séria. Minerva percebe que não é mais hora de brincadeira e tenta escutar também.
"Vish, pior que ela não tá alucinando!" Minerva faz um gesto para Ragnar, que tenta escutar o zunido.
"Não adianta enrolar. Vamos entrar logo. Eu vou na frente, eu quero testar minha armadura nova." Ragnar dá um tapinha em sua armadura que parece ser de chumbo, mas estranhamente brilhante. Antes que ele possa entrar na mansão, porém, algo chama sua atenção. Uma enorme nuvem de moscas aparece saindo do mato, se aproximando.
"Cuidado!" Minerva pula na direção de Ragnar, empurrando ele pra fora do caminho do enxame. Ela sente uma pontada de dor no rosto. Ela põe a mão no rosto, sentindo o metal frio de suas manoplas na bochecha. Sangue. Ela não perde tempo, e Ragnar também não. "Atenção!" Ragnar grita pros aldeões. Voltem para a igreja o mais rápido possível! Aqui não é seguro!"
Callie ajuda os aldeões mais atrasados a guardarem seus pertences e evacuar a área.
"Mais enxames se aproximam!" Lewis grita pro grupo, pegando o avô nos braços. "Sul e sudeste!" Ele corre para a estrada de terra na colina, e então desacelera, devido ao peso do avô. Ragnar se vira para sul, e vê os dois enxames se aproximando. Minerva, costa-a-costas com Ragnar, vê o primeiro enxame se aproximando ao norte. Ela estende a mão na direção do enxame, e exclama "Orbe Cromática: Trovejante!"
Uma esfera azulada do tamanho de uma uva aparece na palma da mão de Minerva. No instante seguinte, a orbe já está do tamanho de uma maçã, e é disparada da mão dela. A orbe atinge o enxame em cheio, e um raio enorme percorre as moscas, instantaneamente as matando. Ragnar, por outro lado, não tem tanta sorte. Da bolsa mágica dele, Ragnar retira uma pequena garrafa de vidro tingido. Ele aponta a garrafa pro enxame, e tira a tampa, e um jato de água com pressão o suficiente para tombar uma carruagem de transporte é atirado na direção do enxame.
Infelizmente para Ragnar, o jato de água não faz nada além de um buraco momentâneo no enxame, que quase imediatamente se reforma. O primeiro enxame alcança o par, cortando pele exposta, e riscando a armadura.
"Porra, minha armadura nova!" Ele exclama, dando tapas no ar, afastando as moscas próximas. Os dois enxames, perigosamente próximos, se fundiram, agora maior que antes. Uma nuvem negra, com um zunido constante, e asas afiadas como adagas, paira em frente ao par. Callie, incapaz de lidar com esse tipo de inimigo, se esconde no mato, assistindo os dois. Ragnar então põe a mão no peito por um instante, e um segundo depois, um enorme raio sai da armadura, aniquilando a nuvem de moscas.
Ragnar suspira, e sinaliza para Callie voltar. "Eu queria deixar a armadura de surpresa pra uma ocasião perigosa, mas acho que é tarde demais."
"Qual o limite dessa coisa?" Callie pergunta.
"3 raios por dia. E não pode ser removida do meu corpo contra a minha vontade!" Ele parece orgulhoso. "E ainda por cima, essa belezura pode substituir um braço perdido, ou até mesmo uma perna!"
"Lindo. Agora vamos entrar, antes que mais insetos apareçam." Minerva gesticula na direção da porta, e o grupo avança em direção ao desconhecido.
Ragnar vai na frente, abrindo a porta com cautela. Nada além de uma mansão abandonada, com móveis de madeira quebrados e candelabros estilhaçados. Ele faz um movimento com as mãos, sinalizando que as duas podem entrar, e sua armadura começa a brilhar.
"Uau, vem até com pisca-pisca!" Minerva comenta, zoando o colega.
"Pisca-pisca no seu cu, respeite minha obra!" Ragnar retruca.
O trio então começa a procurar por uma possível passagem secreta. Olhando atrás de móveis, empurrando outros, mas não encontram nada. Eles então escutam o zunido novamente, vindo do centro da sala. O trio se vira para a fonte do zunido, e encara o tapete no centro da sala. Callie, que estava mais próxima, puxa o tapete, revelando um alçapão.
"Parece que vamos ter que encontrar uma chave," Minerva começa a falar, mas Ragnar a interrompe, pegando sua espingarda. Ele aponta para o cadeado do alçapão, e atira à queima roupa, estourando o cadeado e o alçapão.
"Desde a Grande Guerra, armas de fogo tem sido cada vez mais fáceis de conseguir. Não tenho certeza se isso é uma coisa boa." Minerva expressa seu desconforto. "Essas coisas foram inventadas menos de 20 anos atrás. Eu sou mais velha que esses troços."
"Isso fala mais sobre você do que sobre as armas, Minerva..." Callie suprime uma risadinha.
"Veremos."
Levantando o que restou do alçapão, uma escadaria estreita, escavada em pedra, é revelada. Minerva, a mais alta do grupo, tem um pouco de dificuldade descendo as escadas. Ragnar serve como uma tocha humana, e vai na frente. A escada é tão estreita que precisam formar uma fila. No meio da escada, Ragnar para, e Minerva bate a cabeça no teto.
"O que foi?" Ela pergunta.
"Que porra é essa...?" Ragnar fala com um tom de dúvida, mas gesticula na direção de uma pequena criatura parada no escuro, olhando pra eles lá debaixo. Um pequeno porco, de pé em duas patas. Os dentes do porco, visíveis de longe, são amarelados e afiados. Em sua cabeça, cabelos loiros, lisos e sujos caem para trás, penteados de forma rudimentar. No lugar de patas frontais, o porco tem braços e mãos humanas, que estão cerradas em punhos enquanto seus olhos melosos e negros do porco observam o grupo.
"Que nojo. E agora?" Minerva sussurra.
"Ah, eu achei fofo!" Callie fala com seu tom de voz normal, olhando pro porco. O porco parece se assustar, e se afasta.
"Deixa comigo!" Callie parece feliz em poder lidar com animais, e passa na frente de Ragnar antes que ele possa reagir.
"Vem cá, coisinha fofa!" Callie fala de forma amigável. "Tá tudo bem?" Ela dá alguns passos escada abaixo, se aproximando do porco. O porco balança a cabeça, e Ragnar arregala os olhos.
"Essa porra entende a nossa língua?!"
O porco faz que sim com a cabeça.
"Que legal!" Callie se aproxima mais do porco, que ainda de pé nas patas traseiras, se afasta. O porco gesticula, apontando para a escuridão da caverna subterrânea.
"O que foi, porquinho? Você quer mostrar algo pra gente?"
O porco faz que sim com a cabeça mais uma vez.
"Eu não sei vocês, mas eu estou sentindo calafrios toda vez que essa desgraça entende a nossa língua." Ragnar avança junto com Callie. Minerva faz o mesmo.
"Olha a boca!" Callie fala. "Vamos seguir o porquinho?"
"Se for uma armadilha, eu não vou te curar." Minerva avisa com antecedência. "Mas se você insistir, a gente pode ir.
"Ótimo, por que eu não aceitaria um não como resposta!"
O grupo segue o porco, que mantém distância. A caverna tem um cheiro de mato, que Ragnar atribui ao pântano acima da caverna. É úmida e cheia de fungos, mas não é difícil de navegar. Eventualmente, luz natural entra na caverna, sinalizando uma saída. O porco corre e desaparece na escuridão, satisfeito em ter guiado o grupo pela caverna.
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A Tempestade
FantasyUm mundo em constante expansão. Incontáveis novas espécies; e uma tempestade colossal se aproximando, cobrindo países inteiros. Os países que já foram cobertos pela tempestade tiveram sua geografia mudada, assim como a fauna e flora do local, e nunc...