Uldris

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ESPARTA - 500 a.C


Uldris caminha ao lado de seu irmão Osharus por uma das ruas de Esparta, cidade - estado grega fundada e apadrinhada pelo Primórdio guerreiro.

- Até que conseguiu fazer um ótimo trabalho nesta cidade, irmão, jamais imaginei que simples humanos se tornariam guerreiros tão poderosos.

- Caso ainda não estivesse acostumado com seu modo peculiar de demonstrar carinho, me sentiria ofendido, Uldris, além do mais, Espartanos não são simples humanos, com a ajuda e permissão de Aranys, concedi à eles força e resistência sobre-humanas, em um nível que nossa irmã julga aceitável.

- E, conhecendo-o como conheço, me trouxe aqui para pedir algo, certo?

- Bom, não somente isso mas, sim, eu gostaria que me apoiasse quando eu pedir a Aranys para que conceda aos Espartanos um tempo de vida maior, questão de alguns séculos adicionais, nada de mais.

- Você sabe muito bem o que nossa irmã pensa sobre intervir no curso natural das nossas criações, já é um milagre que ela tenha concordado em favorecer uma nação humana em relação as outras, além do mais, o que lhe faz pensar que Aranys me ouviria?

-Todos sabem que, depois da Scylla, você é o irmão que ela mais confia, quanto a favorecer uma nação humana em relação as outras, mesmo antes das bênçãos, os Espartanos já eram os melhores guerreiros entre os Gregos, nós somente potencializamos suas características boas, imagine do que os Egípcios seriam capazes de conquistar se tivéssemos dado bênçãos físicas a eles, Ramsés II jamais deixaria seu império chegar a situação atual caso possuísse força, resistência e longevidade sobre-humanas.

- Tem razão, mas humanos são facilmente consumidos pelo poder, quanto mais tem, mais querem, os Espartanos ainda não tentaram dominar a Grécia e o mundo porque ainda estão sob o seu comando, quem sabe o que serão capazes de fazer quando você voltar para casa, coisa que acontecerá em breve.

Osharus respira fundo e revira os olhos, pois sabe que seu irmão está certo, ambos chegam aos campos de treinamento militar Espartanos, sendo recebidos por servos que posicionam cadeiras confortáveis e servem alguns pratos típicos, como sopa negra.

- Eu também não consigo entender o que você vê de especial nos Espartanos visto que, para mim, eles não passam de uma versão masculina e menos eficaz das Amazonas, também criadas por você...

Antes que pudesse terminar seu argumento, Uldris é interrompido por seu irmão.

- Que também possuem, além de força e resistência, longevidade sobre-humana, e sua Rainha, sua general e alguns membros importantes de sua nação são imortais e, mesmo assim, estão satisfeitas com Temiscira.

- Amazonas não são humanas, humanos não foram criados para serem guerreiros, pois além de possuírem vidas extremamente curtas e frágeis, vivem em um planeta paradisíaco, um dos mais lindos já criados por Scylla.

Ambos são servidos com cálices de vinho enquanto pode-se ouvir o som de lâminas se chocando.

- Humanos foram criados para as artes, Osharus, suas habilidades com a voz, instrumentos musicais, cerâmica, pintura e, até mesmo o teatro são inigualáveis, mesmo assim eles insistem em se matar por títulos e riquezas tão insignificantes, são dotados de livre arbítrio e inteligência e, mesmo assim ainda acreditam em coisas tão absurdas quanto a ideia de que roupas sujas podem espontaneamente transformar-se em ratos.

Osharus solta uma risada rápida antes de tomar um gole de vinho.

- Realmente, mas também devemos levar em conta que nós já fomos criados sabendo de tudo e que a Terra Primordial era apenas uma rocha fria e sem vida, é fácil rir da ignorância humana quando nós somos os criadores de tudo que existe, eu só não entendo o motivo de nossa irmã permitir que compartilhemos nossos conhecimentos com apenas um número seleto de nossas criações.

- Acredito que ela não queira que, novamente, criação se vire contra criador, justamente por isso nenhuma de nossas criações é completamente perfeita ou possui poder ilimitado, sem contar que, até mesmo nós com todo nosso poder, precisamos de cem mil anos para criar todo o multiverso como ele é hoje.

Ambos continuam a comer, beber e conversar enquanto assistem os treinamentos militares dos soldados espartanos.

Primórdios - A vingança de Sor'uthOnde histórias criam vida. Descubra agora