"A vida é curta demais para te amar em apenas uma. Prometo te procurar na próxima. Lembre: almas gêmeas são destinadas a se encontrar, mas não a ficarem juntas para sempre. Amo você até a última batida de meu coração e além."
Esta é a única coisa que escuto antes de acordar, chorando. Me vêm à mente inúmeras perguntas: quem disse isso? Por quê? Quando?
Tantas perguntas sem uma resposta.Espera, com o que sonhei mesmo? Não lembro. Levanto confusa, tentando forçar meu cérebro a lembrar de algo, porém foi ineficaz. Inútil.
Levanto já decidida a logo sair para ver a garota na cachoeira e explorar a floresta logo depois. Consigo sentir que tem algo me esperando lá. Vou em direção a cozinha para preparar e comer o café da manhã.Depois de tomar banho e colocar uma roupa apropriada para a floresta, lembro-me de regar as plantas e fico lá por um tempo, lendo livros de mitologia grega como as histórias que meu pai costumava ler para mim quando eu era apenas uma criança.
Deméter, a deusa grega da natureza. Minha maior admiração. Um coração bom.
Ártemis, deusa grega da Lua e da caça. Também luta por algo bom.Afrodite, deusa grega do amor. Tão negligente, e ao mesmo tempo tão atenciosa.
Atena, deusa grega da sabedoria. Merece ser respeitada e admirada.Tantos deuses. Tantas histórias. Imagino quantas coisas boas cada um fez pela humanidade, mas e as ruins? Acredito que poucas pessoas falam desta parte.
Há tantas atitudes cruéis quanto boas.
Terminando de ler, pego minha espada e minha adaga e me encaminho para a beira da cachoeira.Como esperado, senti a dor na cabeça aparecendo e desaparecendo em um piscar de olhos. Isso ainda é uma sensação estranha. Vasculho o lugar com meus olhos, procurando a mulher dos olhos verdes.
Vejo ela ainda mais perto de mim dessa vez. Meu coração está acelerando. Ela é realmente encantadora. Ando na direção dela, porém quanto mais perto eu chego, mais ela some. Decido parar e observá-la de longe, mas nesse momento escuto um barulho vindo da floresta.
Não é um barulho muito alto. Sei que é longe de onde estou. Vejo pássaros voando de um local específico. Tem algo estranho acontecendo lá, definitivamente.Desvio o olhar de volta para onde a garota estava, porém não vejo nada. Ela desapareceu. Empunho a espada na mão direita e a adaga na esquerda e corro o mais rápido que consigo para o lugar do barulho.
Ofegante, consigo chegar até lá. Paro por alguns segundos para recuperar o fôlego, até que vejo em minha frente um pássaro morto com uma flecha em seu coração. Fico assustada com essa visão e milhares de perguntas surgem em minha mente: quem fez isso? Quem está aqui? Como veio?
Olho em volta desesperadamente e vejo um lago à direita. Lentamente caminho até lá, com as armas preparadas para uma possível luta. Porém ao me aproximar fico imóvel.
Vejo uma moça de cabelos loiros e curtos. Usando um vestido branco de estilo grego. Ela está de costas, sentada na grama, na beira do lago. Eu deveria falar com ela? Ela matou o pássaro? A mulher da silhueta se teletransporta? Como ela chegou aqui tão rápido? Não consigo entender o que está acontecendo. Até que escuto a voz dela.
— Vai ficar me olhando por quanto tempo? Quem é você? Como me encontrou? - Disse a loira, ainda de costas.
— Eu... Ouvi um barulho... E vi você... Quem... — Estou totalmente em choque e meu cérebro se torna incapaz de formar uma frase sequer.
A garota solta uma risada leve, levanta e vira-se em minha direção. Meu coração está acelerado. Calma, não posso baixar a guarda. Seguro as armas com mais força.— Ei, se acalme. Se minha intenção fosse atacar você, já teria o feito. Você foi bem barulhenta ao chegar aqui. Seja mais cuidadosa. — Ela diz olhando aos meus olhos, enquanto larga seu arco e flecha no chão.
Não consigo deixar de notar uma cicatriz em sua bochecha e ataduras em seu braço esquerdo. Lembro da flecha que atingiu exatamente o coração do pássaro. Ela com certeza sabe lutar, e muito bem. Se eu tentasse a desafiar, temo que ela ganharia em um instante. Largo minhas armas lentamente no chão. Ela sorri.
— Melhorou. Agora me responda. Quem é você?
— Meu nome é Íris. Filha de Deméter. Quem é você? — respondi, franzindo as sobrancelhas.
— Meu nome é Zoe. Filha de Atena. Que lugar é esse?
— Não sei exatamente. Só sei que ninguém consegue entrar nem sair, a floresta não acaba nunca. Como você veio parar aqui?
Zoe olha diretamente nos meus olhos, pega seu arco e anda em direção à floresta, ignorando minha pergunta. Até que ela diz:
— Eu não queria estar aqui.
— Muito menos eu. — comento, automaticamente, enquanto sigo a mesma após também recolher minhas armas.
Fico tão distraída observando-a que nem percebo que ela provavelmente deve estar dormindo na floresta.
— Ei, — a menina me olha - você provavelmente não tem onde ficar. Eu tenho uma casa pra lá — aponto a direção. — Você pode morar comigo, se quiser.
Ela me analisa com uma expressão surpresa. Estou nervosa. Será que ela vai recusar? Provavelmente sim. Ela nem me conhece. Ela solta um suspiro e, finalmente, fala:
— Se não incomodar você, tudo bem. Me mostre o caminho.
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momentos antes do caos
FantasiaPessoas cruéis, corações bons e... borboletas? Um lugar vazio, problemático e isolado além de pequenos animais encontrados pelo caminho de uma semideusa que fora injustiçada por alguém que deveria ser gentil. Anos se passaram em uma rotina entediant...