A garota de cabelos claros bate o pé nervosa enquanto espera na sala a qual ela havia sido levada. Ela observa sua mão e olha com cuidado a vermelhidão na palma, a qual ela havia conseguido há vinte minutos atrás.
Ela se pergunta porque está ali afinal, mesmo com o que aconteceu, ela não via motivos. Um estrondo a faz sair de seus pensamentos, fazendo com que seu estômago se embrulhe ao ver as sete figuras ali em sua frente.
— Desculpe a demora, estávamos terminando o fansign. — O líder diz a fazendo concordar, por ela eles poderiam demorar o dobro assim ela nao precisaria ter esta conversa.
— Como se chama?
— Me chamo Tulip. Hm, perdão mas.... por que estou aqui? — Ela pergunta após responder a pergunta do mais velho.
— Não é óbvio? Queríamos conversar e entender o motivo de ter feito o que fez.
— Desculpe mas... deveriam perguntar para ela, não para mim. Ela começou, eu apenas revidei. — Tulip diz apontando para a mulher que faz um drama imenso no sofá ao lado enquanto pressiona um saquinho com gelos na bochecha.
— Ela apanhou. Podemos terminar isto logo? Se desculpe e tudo estará resolvido. — O líder diz fazendo os outros seis concordarem.
— Espera, eu fui alvo de comentários xenofobicos por alguem da sua equipe e a errada sou eu? — Tulip pergunta incrédula, rindo baixo. — Eu vim realizar um sonho e estou terminando com um pesadelo.
— Não exagere, apenas se desculpe. Garanto que Saeon não quis dar a entender o que você entendeu. — O membro baixo de cabelos escuros, Jimin, e até então seu favorito, diz cruzando os braços.
— Eu sinceramente não preciso passar por isso. Eu estou indo embora, certo? Eu não vou me desculpar por me defender, sinto muito.
Com isso a garota levanta trazendo com si a bolsa em um braço e na outra mão o álbum com as sete assinaturas recentes.
— Ami, não seja infantil. Estamos tentando resolver, por favor. — O rapper mais velho diz calmo.
— Então por que eu estou sendo a culpada? Ninguem, nem se quer, pediu a minha versão da história.
— Porque não importa, qualquer coisa que aconteça não é justificativa para violência. Você poderia ter falado com a nossa equipe, ami. — O mais novo diz por sua vez.
— Eu tentei e isso aconteceu. Eu só quero entender porque estão tomando um lado quando a vítima sou eu.
— Chega. — O líder diz alto e firme fazendo todos se assustaram. — Aja com maturidade e se desculpe. Você foi errada a partir do momento que tocou em alguém da nossa equipe. Independente do motivo não existem razões para agressões.
— Sabe o que é mais engraçado? Ver você defendendo alguém xenofobica mesmo sabendo como é difícil lidar com isso. — Tulip diz se virando para o garoto.
— Eu sei como é difícil mas isso nunca foi motivo para eu agir como um louco e agredir alguém, isso não resolve nada.
— Sabe o que não resolve, Namjoon? — A garota pergunta chamando o líder pelo seu nome. — Eu tentar resolver comentários xenofobicos com conversa. Eu estou no país há dez anos, desde dois mil e cinco. Eu tinha seis anos quando isso começou e desde então eu tento resolver do jeito certo mas nunca funciona, sabe por quê? Porque nos não estamos em um dorama idiota onde as pessoas aprendem que preconceito é errado apenas com uma conversa. Eu passo isso todos os dias da minha vida, eu passei as duas horas que estive lá fora ouvindo piadas xenofobicas da SUA equipe e sim, me defendi usando a violência porque as palavras ditas por ela e outras duas pessoas não foram leves.
A garota diz firme, diferente do que pensou ela não sentia vontade nenhuma de chorar, era como se estivesse esperando por este desabafo.
— Eu não irei me desculpar por me defender e não vou ficar aqui ouvindo vocês defenderem alguém como ela apenas por ela ser da sua equipe. Sinceramente o acontecido de hoje foi o sinal que eu estava esperando para voltar ao Brasil. — A garota pausa, vendo a staff no fundo acenando para ela enquanto ri sem fazer som algum. — Eu preciso ir. Podem ficar com isso, depois de hoje eu não quero nada que me lembre do que aconteceu.
Com isso o álbum é deixado no balcão ao lado da porta e assim a garota se retira da sala. Enquanto caminha pelo corredor até a saída ela coloca a máscara preta e seus óculos de sol, se permitindo chorar ao lembrar de tudo o que aconteceu no dia de hoje. As palavras ruins da equipe, as risadas e o mais duro, o apoio que ela não recebeu das pessoas que admirava.
— Mãe? — Tulip diz ao telefone após decidir ligar para sua mãe. — Hm.... eu estive pensando, estou morrendo de saudades da minha avó, do Brasil. Estou com dezesseis anos e pensei que você poderia permitir que eu termine o ensino médio lá.
— Como assim? O que houve? Decidiu isto do nada, está tudo bem?
— Está sim, mãe. Eu estava pensando nisto há um tempo, criei coragem para pedir apenas agora. Pode pensar sobre?
— Certo, irei pensar. Vou falar com seus avós, ok? Assim que eu chegar conversaremos melhor. Tenho aula agora, amo você.
Com isto a ligação termina. A mãe da garota, agora com trinta e quatro anos, resolveu fazer uma faculdade de estética para se profissionalizar na área a qual ela ama. Está no primeiro ano e feliz com isso. Tulip fica feliz ao ouvir a mãe falar sobre seus estudos e sabe que ela entenderá o desejo de terminar os seus no Brasil, ela apenas espera que não demore muito.
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𝗥𝗲𝗰𝗼𝘃𝗲𝗿𝘆
FanficOnde Tulip é a nova staff do Bangtan Sonyeondan, grupo o qual ela já teve um desentendimento no passado.