Capítulo 1

1.3K 101 29
                                    

A sorte estava ao seu favor naquela noite: Taylor não suspeitava que ele não estava no escritório trabalhando tarde como havia dito, o filho da puta do Grimshaw havia faltado a reunião mais importante da empresa e ele estava de bom humor. Nada poderia estragá-lo, não naquele dia.

O letreiro que piscava com letras rosa neon o recebia como se fosse sua casa. As palavras Lonely Hearts Club se encontravam dentro do coração de lâmpadas da mesma cor, e não havia fila para entrar. O segurança da porta não olhou para ele quando entrou, mas sabia que o reconhecera. Não era a primeira que estivera ali, e não seria a última. Gostava da privacidade do estabelecimento, como as músicas que ali tocavam eram de um misto de jazz e blues em vez de irritantes batidas eletrônicas; gostava de suas poltronas de couro preto confortáveis, seus martinis bem preparados, os garçons educados. Gostava de como os palcos de chão de vidro refletiam as luzes roxas do teto. Gostava das moças e dos rapazes, é claro, seus corpos bonitos e mal cobertos e a maneira com que se mexiam, mas nada era melhor do escape que aquele lugar lhe trazia. Era muito mais caro do que qualquer outro clube do gênero, mas talvez fosse seu preço que fizesse de seus arredores tão requintados, e pelas sensações que lhe trazia, ele pagaria o preço de bom grado.

Já fazia três anos desde que entrara ali pela primeira vez, e desde que conhecera seu mundo insanamente tranquilo e privado, nunca abandonara o hábito. Três anos de visitas todas as sextas-feiras, e Deus era testemunha de que nunca havia feito nada além de dar gorjetas generosas àquelas mulheres da noite. Eram belas, mimadas e terríveis para a sanidade e o controle de um homem, mas ele só gostava de consumi-las com os olhos enquanto sua mente e suas mãos descansavam.

Normalmente, os colegas do serviço o acompanhavam. Quem havia lhe recomendado o Lonely Hearts Club fora Simon, seu chefe, mas até ele havia voltado para a esposa, Lauren, naquela noite. Normalmente iam em grupo beber, xingar qualquer babaca da divisão administrativa que não gostassem e enfiavam notas de cinquenta dólares nas roupas de baixo das dançarinas, mas não desta vez. Ele entrara sozinho, e sairia sozinho, mas não se importava.

Sentou-se no seu local usual, numa poltrona confortável ao canto esquerdo do palco. Um saxofone assoprava uma elegante melodia à distância, e o garçom foi rápido ao trazer seu martini em silêncio. Deslizou a mão livre para o fundo do bolso de suas calças sociais e num movimento hábil desligou o telefone celular. Não queria distrações. Observou as moças e os rapazes do palco com tédio. Alguns esfregavam-se ao ritmo da música em outros clientes mais próximos ao meio do palco, mas nenhuma lhe chamou a atenção. Três damas caminharam em direção dele e fizeram um mimo para que ele indicasse que queria que ficassem, mas ele as dispensou com um sorriso e elas voltaram para os outros homens com biquinhos de descontentamento. Ele conhecia todas delas, e os nomes que diziam ter, mas não queria nenhuma delas, não naquela noite. O ritmo continuou o mesmo pelo que pareceram horas; talvez, até se aproximasse mesmo da meia-noite, mas não queria partir. Ainda não havia degustado da dança, e o martini em sua mão era apenas seu terceiro. Não estava pronto para ir para casa e tirar o terno, voltar para dentro das bonitas paredes pintadas por trás da cerca branca de madeira, e muito menos queria deitar-se ao lado de Taylor e adormecer.

De súbito, a música que saía do saxofone tornou-se levemente mais rápida, porém continuava serena. Acomodou-se mais uma vez contra a poltrona e seus olhos viajaram até o palco. Uma forma baixa e cheia de curvas caminhou em sua direção e ignorou o mastro de metal de dança no palco. Ia diretamente a ele, e seu rosto ficou mais claro quando aproximou-se. Estava tão perto, de estatura baixa mas os saltos vermelhos que pareciam alongar suas pernas ; sua pele era bronzeada num tom bonito; era quase se como o sol houvesse beijado-a para dar tonalidade ao corpo perfeitamente esculpido. Ele tinha uma bunda bonita escondida por renda branca . O rapaz ajoelhou-se contra o chão de vidro, e só assim viu seu rosto. Sua expressão era de uma indiferença mascarada com uma dica de curiosidade. Suas feições delicadas eram balanceadas com grandes olhos azuis, e seus cabelos escuros e curtos caiam em seus olhos por conta da franja . Ele não o conhecia. Devia ser um garoto novo, e sua beleza lhe perturbou. Queria poder dispensá-lo como fizera com as outras, mas não conseguiu ao menos mexer um músculo.

Ele andou até o outro homem com confiança e sentou-se contra suas coxas. Por estarem distantes, as pernas do dançarino também se abriram para que ele se acomodasse em seu colo. Ele esticou o braço e encostou na gravata dele com uma gentileza que não lhe cabia. Deslizou a mão até que seu indicador encostasse na aliança dourada que caía sobre o dedo anelar dele. Seu rosto pegou fogo quando o moreno falou.

- Menino mau. - Ele repreendeu enquanto tocava a aliança de ouro, mas um sorriso safado brincou em seus lábios finos. - Qual o seu nome?

Harry normalmente se sentiria desconfortável pela coragem e audácia do rapaz. Aquilo nunca havia acontecido desde que virara cliente fiel do clube, mas por outro lado, ele não o conhecia. Queria ter arrancado aquela maldita aliança ao entrar, queria agarrar aquele moreno delicioso pela cintura e tratar dele ali mesmo. Não sabia o que havia de tão diferente sobre ele para que sentisse tamanho desejo, Harry é bisexual isso é fato, na adolescencia ja namorou com um garoto chamado James escondido dos pais pois os mesmos nunca aceitariam, Harry enrolou o menino enquanto pode até James não aceitar mais a situação alegando que Harry só estava se aproveitando dele e não queria nada sério. Por três anos indo ao Lonely Hearts, ele estivera mais do que satisfeito em apenas observar as belas moças e os belos rapazes, mas agora, cada nervo do seu corpo coçava para fazer tudo o que tinha direito com o menino em sua frente.

- Harry. - O que ele estava fazendo, dizendo seu nome para um stripper? Ele precisava retomar o controle. O sorriso em seus lábios aumentou, e ele procurou ignorar o tanto que gostava da maneira em que o seu nome soava com a voz dele. Seus olhos caminharam do rosto do rapaz até suas coxas fartas cobertas pela renda branca antes que ele encontrasse sua contemplação novamente.

- Posso dançar para você, Harry?

Mais uma vez, queria conseguir recusar, mas seu silêncio já denunciava o quanto ele o desejava. Talvez fosse sua atitude de ir até ele daquela maneira, ou sua pele quente, ou suas pernas abertas bem na frente dele, mas não podia dispensá-lo.

- Me diga seu nome primeiro. - Ele pediu. Se ele iria brincar com Harry, Harry podia brincar com ele também. Sabia que aquelas pessoas que trabalhavam ali não usavam seus nomes verdadeiros, mas ele queria associar um nome a um rosto.

- Louis. - Sussurrou contra a orelha dele. Louis. Era um nome bonito, e combinava com ele. Quase soava como se fosse realmente seu nome.

Ele levantou-se lentamente e caminhou de volta para o palco. Olhou por trás de seu ombro e piscou para Harry antes de dirigir-se ao mastro prateado e percorrer sua superfície gelada com os dedos antes de iniciar a dança. Seu corpo estonteante iniciou um movimento lento e sincronizado contra o pole; sua dança era refinada e extremamente provocativa ainda que sem nenhum traço de vulgaridade. Os olhos de Louis não mais encontraram os dele, e as coxas de Harry ainda ardiam aonde ele havia sentado há poucos instantes. Queria ter sucumbido à tentação e o tocado quando pudera, mas agora se limitaria a observá-lo, e a maneira como suas torneadas coxas enroscavam-se contra o mastro e faziam com que girasse, cativando-o ainda mais. A dança terminou muito cedo para o seu gosto, e quando Louis caminhou em sua direção novamente, ele preparou-se para enfiar as duas notas de cem dólares na lateral da renda que lhe cobria a bunda e a virilha. Ele agachou-se perto Harry, mas sua mão foi colocada sobre a dele antes que ele pudesse lhe dar a generosa gorjeta.

- Guarde seu dinheiro. - Louis pediu, sua expressão séria e impossível de ler novamente.

- Por que? - Harry indagou com intriga.

- Porque você vai voltar pra mim. - Louis piscou para ele novamente antes de dirigir-se à saída do palco.

Mais uma vez a sua crua franqueza e comportamento incomum o chamou a atenção. Ele andou para longe dele como se não tivesse o provocado da pior maneira possível. Voltaria de pau duro para casa naquela noite, e sua mão seria seu único consolo. Ele estava certo. Harry Styles voltaria para o Lonely Hearts Club, mas quando o fizesse, procuraria apenas por ele.

NicotineOnde histórias criam vida. Descubra agora