Os olhos de Helena pesavam com o corpo ainda dormente, restou poucos minutos para ela retornar à consciência, buscando entender onde estava e o porquê de aquilo ter acontecido. Tudo que via a sua voltar era a infinita escuridão, com um cheiro de mofo e a sujeira sendo sentida em suas roupas.
- Não, pelo amor de Deus! O que aconteceu?! - Disse ela, nervosa.
- Mamãe?! É você?
De imediato, a mulher reconheceu a voz de seu filho, que demostrava o mesmo pavor que ela. Claro que o frio do lugar contribuiu para os calafrios de ambos, mas eles não eram os únicos a temer naquele lugar sem luz, pois outra voz em confusão, pronunciou-se:
- Que... Que porra é essa? Merda! Onde eu tô?! - Gritava Saulo, já em desespero.
- Saulo? Caralho, mano. - Continuou Ivandro. - Meu Deus!
- Socorro! - Gritou a professora. - Tirem a gente daqui! Estamos presos!
Foram poucos segundos deles tentando entender o motivo deles estarem ali, visto que nem sabiam onde estavam. Logo, Helena sendo a mais velha, tentou acalmar os meninos para pensarem melhor sobre a situação:
- Eu sei que isso é muito difícil, mas precisamos nos acalmar...
- Como vou ficar calmo, porra?! - Berrou Saulo, em pânico. - Eu tô preso num lugar que nem sei onde é, caralho!
- Me escuta, vocês dois! Quem nós botou aqui não seria burro de deixar a gente num lugar movimentado, não poupem os gritos, eles não vão valer nada! Vamos usar a mente, e tudo que nos resta! - Apesar de Saulo soltar baixos gritos de raiva, eles optaram pela única opção. Com isso, a mulher logo relatou sua situação. - Ok, chegamos num consenso, ótimo! Eu não enxergo nada, mas sinto duas correntes nos meus braços, estou presa na parede, mas ela é longa e dá pra andar alguns passos, eu acho.
- Droga, eu também! - Falou seu filho.
Novamente, um silêncio marcou o lugar por mais de alguns segundos, até que o único em diferença deles relatou sua condição em tom de receio:
- Eu não estou no chão...
Imediatamente, um forte brilho marcou presença no meio daquele infinito breu. A fonte da luz vinha do teto, e de relance já incomodou os olhares das pessoas presentes naquele lugar, todavia, eles deram-se conta do perigo ao presenciar Saulo em situação de risco.
Ambas as expressões ficaram em choque ao ver o garoto preso em algo que se assemelhava a uma cruz de metal, porém, modificada com alguns objetos que davam arrepios a todos, principalmente Saulo. Atrás da cruz, estava um armário de madeira antigo do colégio, provavelmente para guardar os livros da época. Esse ponto era chamativo, porque não só prendia a cruz, como também estampava alguns versos em vermelho nos cantos do armário, frases como: "Covarde, arrogante, hipócrita, mentiroso" no lado esquerdo, e "Sábio, corajoso, compassivo, arquiteto" no lado direito. Abaixo de seus punhos e acima de seus pés haviam trancas grossas, parecendo exageradamente apertadas ao menino. Ele usava uma camisa branca com mangas, um pouco suja com sangue. Sua calça era cinza, também encardida. Havia também outra tranca em seu pescoço, que o deixava cada vez mais ofegante. Sua face transmitia o suor e horror em ser o único em diferença daquele lugar.
- Jesus Cristo... - A professora também estava prestes à entrar em pânico, mas em olhares desatentos, ela logo viu a sua frente uma pequena mesa de madeira, tendo outra similar a frente do seu filho. Ambos estavam com uma única gaveta a se abrir.
Analisando o lugar, parecia uma sala de escola, abandonada e esquecida dos alunos e professores. Era um espaço de tamanho razoável, mas difícil para os presentes conseguirem ter um contato físico. Tudo que restava naquele imundo lugar era um quadro antiquado verde de escola, aquelas duas mesas antigas dos alunos, as janelas com madeiras pregadas para impedir quaisquer fugas e uma única porta a sair, soando como a saída do pesadelo para eles. A porta era de entrada dupla, tendo duas fechaduras e também amargurada pelo tempo.
Ela estava no meio de uma parede, estando Ivandro na esquerda de uma, Helena na direita de outra, e Saulo no meio deles, em direção oposta a porta. Todo espaço era iluminado por uma única lâmpada no teto, mas de tamanho médio e redonda, tendo luz suficiente para entender o que procurar. O que mais deixou a todos incrédulos era o que havia a frente de Saulo: uma extensa linha preta pelo chão, levando a uma longa serra, com pontas afiadas e estranhamente limpa, sendo diferente de tudo sujo ali. Ela estava acima de uma máquina, com duas linhas de ferro que levavam próximo ao estômago do garoto, estando cada uma de lado do seu corpo, e uma barra de ferro segurando o objeto do chão só indicava a chance de movimento. Era percebível para eles, que, se ligado, a serra perfuraria seu estômago, partindo-o ao meio.
- Caralho, por favor, me tirem daqui... - Disse Saulo, trêmulo.
- Calma! - Helena aproximou-se da mesa, em passos calmos para desviar qualquer armadilha da mesma. Feito isso, a mulher ficou inerte a frente dela, fixando seu olhar na chave por cima do objeto, posicionada estranhamente em linha reta para ela. O objeto tinha sua cor perdida com o tempo, substituída pelo ferrugem, podendo sentir seu cheiro a curta distância. Seu tamanho era médio, e a própria soava antiga pelo seu formato antiquado, assemelhando-se a fechadura da mesa.
A mão de Helena implorava para desvendar o mistério e abrir a gaveta, mas sua mente estava em conflito pelo medo e confusão, acordar num lugar sombrio como esse, exposto ao perigo era algo que ela nunca pensou em sentir.
Mesmo com o medo a possuir sua mente, ela pegou a chave e abriu a fechadura, puxando a gaveta e descobrindo o que havia em seu interior. Ao notar, ela acabou por ficar trêmula, pois sabia de quem se tratava. Era difícil não associar um tocador de fitas a ele, cujo estava morto a anos. No mesmo instante que ela encarava com medo o objeto, seu filho já havia abrindo sua gaveta, chamando-a para olhar o que ele achou: uma pequena fita. Com isso, ele a jogou pelo chão, deslizando até sua mãe, que rapidamente a pegou e sem pensar duas vezes, pôs a fita no tocador, prestando bem atenção em seu conteúdo, com uma voz infantil assustadoramente modificada dizendo:
- Olá, professora Helena, eu quero jogar um jogo.
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Game Over |Em Revisão|
FanfictionApós anos afastado de seu emprego, Adel Fisk, um detetive de homicídio decide retornar para investigar assassinatos misteriosos de um imitador de John Kramer, o Jigsaw. No entanto, ele terá que agir contra o tempo para impedir que uma professora e d...