"Querido Diário,
Ainda nem acredito que estou mesmo escrevendo em você novamente mas, isso é bom, de certa forma. Ontem ocorreu tudo bem, mesmo eu pensando que ia ser tudo o contrário e que no final do dia eu ia acabar desejando nunca mais voltar para a escola. Quer saber? Hoje vou fazer diferente. Hoje vou só mentalizar coisas boas e vou fingir que não estou nada insegura sobre o fato de estar indo para a casa de uma pessoa que eu nem conheço. É isso, me deseje boa sorte."
Fechei meu diário e o deixei sobre a mesinha de meu quarto. Desci as escadas e encontrei meus pais sentados no sofá da sala, assistindo algo que parecia ser um documentário.
— Cadê o Mike? — Perguntei.
— Saiu com os amigos logo depois do café da manhã, foi jogar basquete com os amigos — Respondeu minha mãe.
— Tá, minha vez então. Tô indo na casa de um estranho fazer um trabalho da escola.
— Vai lá, cuidado pra não morrer, Docinho. — Disse meu pai, dessa vez.
Saí de casa e assim que percebi o quanto de calor que estava fazendo naquela manhã, fiz um rabo de cavalo e agradeci aos céus por estar com uma legging preta e branca da Adidas e um top preto. Peguei meu celular e dei uma olhada no endereço de Klaus, descobrindo que o mesmo só morava umas 7 quadras da minha casa. Deu quase 10 minutos de caminhada quando finalmente cheguei. Sua casa parecia ser bem agradável de fora, com um jardim e arbustos bem cuidados. Me aproximei da porta e toquei a campainha, não demorando muito para ouvir passos atrás da porta, que logo fora aberta pela mulher de cabelos dourados, a mãe de Klaus.
— Oh, olá! Você deve ser a garota que vai fazer dupla com meu pequeno!
— Olá, senhora McCury. Sou eu mesma. Me chamo Crystal, é um prazer lhe conhecer.
— O prazer é todo meu, querida. Vamos, entre. Ele está no seu quarto, é só subir as escadas e entrar na segunda porta à esquerda. Vou precisar sair agora para resolver alguns problemas na escola mas deixei umas coisinhas para vocês comerem na cozinha, se sentirem fome. Até logo.
— Ah, não precisava, mas agradeço pela gentileza. Até logo. — Respondi, já dentro da casa.
E então ela foi embora, fechando a porta. Olhei em volta da casa e suspirei, sentindo meu coração bater algumas vezes mais rápido que o normal, talvez por conta do nervosismo de estar sozinha com alguém que eu mal conhecida. Será que Luke havia contado para ele que eu era uma mulher trans? Enfim, não sei se quero descobrir... Sei que devia me orgulhar de quem eu sou, mas as vezes é difícil não deixar o medo falar mais alto que orgulho. Por fim, respirei mais duas vezes e comecei a subir as escadas, tentando ser o mais 'normal' possível. Fui me aproximando do quarto de Klaus e, como a porta já estava aberta, bati algumas vezes antes de adentrar.
Era estranhamente incrível o fato de seu quarto ser totalmente sua cara. O cômodo era grande o suficiente assim como o resto da casa, e, muito bem decorado. Mesmo sem o conhecer, dava para perceber que o quarto tinha sido decorado com coisas que ele gosta, objetos especiais para ele. Antes de eu bater na porta, ele estava virado de costas para mim, sentado em sua cadeira enquanto navegava em seu computador.
— An... Oi. Achei que você não vinha mais. — DIsse Klaus, virando seu corpo para mim.
— Por causa de 13 minutos?
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Sem Saber Quem Sou
RomanceEste livro vai contar a história de Crystal, uma garota trans que, após 2 anos sem ir para a escola por consequência de uma pandemia mundial, vai finalmente se reencontrar com seus colegas, de uma forma totalmente diferente da que a conheciam. Esse...