volta para casa

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A guerra traz grandes perdas, mesmo aqueles que saem vitoriosos não saem ilesos. Em seus 23 anos Soobin havia visto várias guerras, foi por conta de uma guerra que agora vivia no Palácio com seus dois pais.
— Ei, Soobin? Soobin eu falei com você poxa.
O garoto olhou para Taehyun e sorriu, ele ainda lembrava do dia do nascimento dos gêmeos, o tio Jungkook havia desmaiado ao ver que não era um filho mas sim dois.
— Que foi?
— O Kai e o Yeon mandaram um aviso, eles estão voltando.
Kai e Yeonjun haviam chegado depois, Jungkook também desmaiou no nascimento do 3° filho, chegava a ser cômico o modo como ele conseguia estar em frente à guerras mas desmaiava com coisas como descobrir que o marido estava grávido, já Yeonjun, assim como o próprio Soobin, era filho da guerra. Os imperadores haviam encontrado a pobre criança andando entre o campo vazio, já estavam guardando as coisas para retornar quando viram o garoto tentando achar comida entre o que sobrara do acampamento inimigo destruído, agora ele havia se tornado o herdeiro do trono do clã Min.
Por ter perdido a família para guerra, Soobin preferia ficar longe quando o assunto era lutar, já Yeonjun lutava pelo motivo que o outro fugia, por te perdido a família para guerra sentia que destruir os inimigos com a lâmina de sua espada ao menos honraria a memória dos que morreram por ele. As vezes era estranho pensar que o herdeiro do Império lutava por honra à outra família, mas com o tempo ele sequer se importava pelo que lutava, apenas a adrenalina da luta já bastava para si.
Os dois garotos então foram procurar Beomgyu para contar a novidade, encontraram o alfa ajudando seu pai com tecidos que virariam roupas para eles.
— Beom, tio Jimin... eles avisaram que estão vindo.
Assim que ouviu as palavras de Soobin o ômega mais velho sorriu, sentia saudades de seu filho e também de seu marido.
— Finalmente, já estava morrendo de saudades. E também não vamos mais precisar cuidar do Palácio, francamente 2 imperadores e um herdeiro, e os três resolvem que querem estar na linha de frente da batalha. – os três garotos riram mas não era como se discordassem, até para eles sobrava as responsabilidades do Palácio – já contaram pro tio Jin e pro tio Hobi?
— Ainda não pai.
— E tão esperando o que? Beom vai lá com eles, aposto que vão querer fazer uma festa pra comemorar.
Os mais novos então saíram correndo, podendo ouvir o grito de Jimin para não correrem ou se machucariam, mesmo eles sendo já adultos a preocupação dos mais velhos nunca cessava. Como esperado, Hoseok e Jin decidiram por fazer um grande festival em honra aos que voltavam da guerra.
Mesmo sendo feito as pressas tudo estava perfeito quando as tropas chegaram, as ruas enfeitadas, as músicas, as comidas... Jin olhava orgulhoso para suas flores que enfeitavam o Palácio, mas assim que viu seu marido se aproximando praticamente apostou uma corrida com seu filho para chegarem até ele, como esperado Soobin foi o primeiro, já abraçando seu pai com força, Jin pôs as mãos na cintura e limpou a garganta chamando atenção dos dois.
— Licença, eu sou o marido aqui, tenho prioridades.
— E eu sou o filho.
— Eu sou mais velho.
— Mas pai...
— Eu tenho dois braços, posso abraçar os dois. – Namjoon riu vendo seu marido quase se jogar em si, estava com saudades de sua família — Mal podia esperar para ver vocês.
O alfa deixou um beijo no topo da cabeça do filho e então se virou para o marido deixando um beijo calmo em seus lábios, Soobin imediatamente entendeu como sua deixa para sair de fininho e permitir que os dois matassem a saudade. O ômega não deu muitos passos e sentiu mãos em sua cintura logo o virando, ele foi puxado com força apoiando suas mãos no peitoral do alfa em sua frente.
— E meu abraço?
— Não sei o que você está falando.
Yeonjun riu antes de puxar seu amigo para mais perto de si, as mãos de Soobin logo foram para os ombros do outro e ficaram um tempo ali, apenas aproveitando a companhia um do outro e sentindo seus cheiros... o herdeiro do trono pensava que era errado, ele havia sido criado com Soobin como um irmão, mas seu lobo sempre se agitava ao sentir o cheiro do ômega, uma agitação boa.
Subitamente mais três pessoas se juntaram ao abraço, ou melhor, praticamente se jogaram fazendo os dois se desequilibrarem um pouco, os três irmãos riram do jeito dos dois resmungando sobre eles serem pesados demais para se jogarem daquela forma.
Já no Palácio, tudo virou uma confusão, a saudade era enorme e finalmente estavam juntos novamente, o que gerava muita conversa e uma certa briga por atenção. Yeonjun logo se afastou de tudo e ficou olhando de longe, sorrindo, ele agradecia por ter entrado naquela família caoticamente apaixonante, mas as vezes as lembranças de seus pais ainda voltavam, ele sequer lembrava do rosto de sua mãe, mas sabia quem a tirara de si, a voz e o rosto daquele homem nunca deixavam seus pesadelos.
Com o pensamento longe, Yeonjun nem notou a aproximação de Soobin, fazendo com que levasse um belo susto ao ter sua cintura envolta num abraço, o ômega deitou a cabeça em seu ombro e sorriu.
— O que faz aqui sozinho?
— Pensando.
— O tio Hobi falou que vai levar a gente numa taberna comemorar nossa volta, você vai também, né?
— Não sei...
— Por favor...
Yeonjun olhou para seu amigo, e esse foi seu erro, era impossível negar algo vendo o olhar pidão de Soobin, o alfa apenas negou sorrindo sabendo que não tinha opções.
— Já aviso que não vou trazer o tio carregado se ele der problema, sempre sobra pra mim.
— Vou avisar os outros.
O garoto deixou um leve selar na bochecha do príncipe antes de correr até seu tio avisar que ele havia concordado, talvez fosse o cio se aproximando, ou então o tempo que ficaram longe um do outro, mas algo se agitou dentro de Yeon com aquilo. Tentando deixar pensamentos "errados" de lado, o garoto se dirigiu ao seu quarto para vestir algo para ir a taberna, sobre a cômoda estava o pingente que levava consigo quando criança, algo dizia que ele seria muito útil algum dia, poderia trazer as respostas que ele tanto procurava, um corvo em cima da cabeça de um lobo, deveria ter algum significado, mas não era hora de pensar nisso, então pôs a joia dentro de uma caixinha e deixou na gaveta, como sempre fazia.

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