infância

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O castelo estava silencioso, como esperado para a madrugada, em sua caminha o pequeno Yeonjun tinha um sono agitado, era nítido pela forma como ele se remexia. Novamente estava tendo um pesadelo.
Os dois imperadores acordaram com os gritos do filho, sem pensar duas vezes eles se levantaram correndo e foram até seu quarto que ficava em frente ao deles.
— Papai!
O coração do casal doía ao ver o garotinho assim, os pesadelos com o que ele viu no campo de guerra, assim como a perda de seu pai, eram quase diários.
— Estamos aqui pequeno.
As lágrimas do garotinho diminuíram ao ouvir a voz de Yoongi, ele rapidamente estendeu as mãos recebendo um abraço de seus pais como resposta. O coração de Yeonjun estava disparado, mas estar ali nos braços deles sentindo que era amado o fazia ficar mais tranquilo.
— Papai, eu sonhei com... Meu outro papai, eu vi ele caído, eu tenho medo de sonhar com isso de novo pai...
Sem pensar duas vezes Yoongi pegou o garotinho no colo, Taehyung já sabia o que o marido iria fazer então apenas foi abrir a porta, novamente Yeonjun iria dormir com seus pais por conta dos pesadelos.
Enquanto estava no meio da cama enorme, sentindo o calor dos corpos ao seu lado, se sentindo amado e acolhido, os pesadelos não conseguiam alcançar o pequeno Yeon, ele sempre dizia que seus papais eram tão poderosos que assustavam até os pesadelos.
Mas a guerra sempre está a espreita, os inimigos do reino não se cansavam de tentar invadir, inúmeros soldados foram mandados para o campo de batalha, logo Yoongi precisou ir também. Mas Yeonjun ainda sentia segurança, pois toda noite dormia com seu outro pai, isso lhe passava confiança para enfrentar o medo de perder mais alguém para a guerra.
Então Taehyung precisou ir também, assim como Namjoon e Jungkook. As crianças não entendiam o motivo dos adultos estarem sempre brigando, por que não podiam resolver tudo conversando? Se os outros queriam terra tinha bastante terra, ainda adubada, que Jin usava no jardim, então para que brigar?

Era um dia chuvoso quando Yeonjun chegou em casa mas notou tudo silencioso, sua mãe sequer lhe deu um sermão por estar sujo de barro, mas também não havia cheiro de comida fresca. O garotinho procurou por toda casa mas sem sinal de sua mãe, ele decidiu por fim ir dormir e esperar seu pai, mas em seu quarto um homem estava sobre a cama e o encarava feio, ele dava medo em Yeonjun.
— Onde está seu pai?
— Ele tá trabalhando, mas logo ele vem.
— Vou esperar ele.
— Você viu minha mamãe?
— Vi sim.
— Onde ela está?
— Ela foi embora, preferiu sair dessa miséria aí invés de apodrecer aqui com você e seu pai.
— Isso não é verdade! A mamãe me amava, cadê minha mamãe? Mamãe! Mamãe!
— Para de gritar garoto escandaloso, ou eu vou cortar sua língua fora.
Ao ver a faca na mão do homem, o pequeno Yeonjun se encolheu e tapou a boca com as mãos, as lágrimas já enchiam seus olhos então ele correu, correu com toda a velocidade que suas perninhas conseguiam, ele tropeçou, caiu, deixou a chuva lavar suas lágrimas e sua dor.
Ao ver o filho correndo daquele jeito em sua direção, o Sr. Choi largou o peixe que limpava e se levantou, Yeonjun se agarrou na perna do pai e deixou mais uma onda de lágrimas vir.
— O que aconteceu filho?
— Papai tem um homem estranho na nossa casa, ele disse que a mamãe nos abandonou, não é verdade ne papai?
— Que homem estranho?
— Não sei papai, ele é um estranho.
Com pressa, o Sr. Choi pegou suas coisas e foi para casa com o filho, parando na vizinha deixar os peixes e o pequeno. Mesmo dali foi possível ouvir os gritos dos dois homens brigando, quando o barulho cessou tanto a mulher quanto Yeonjun saíram olhar.
O Choi estava parado na porta com os olhos cheio de lágrimas enquanto encarava o outro, Yeonjun ao ver correu abraçar seu pai que o pegou no colo. Assim que o desconhecido virou as costas para sair o pequeno cruzou seus bracinhos e o olhou com cara brava.
— Moço, quem você pensa que é pra deixar meu pai assim?
— Eu? Eu me chamo Jackson, relaxa que essa não vai ser a única vez que você vai me ver.
Enquanto Jackson se afastava o pequeno abraçou seu pai bem forte, logo o homem o pôs no chão para buscar os peixes na vizinha, os dois conversavam baixinho e em pouco tempo a mulher estava chorando também. Yeonjun esperou até o jantar, mas nada de sua mãe, então ele finalmente perguntou para seu pai a verdade, já que até mesmo ele tinha cozinhado coisa que nunca fazia.
— Papai, cadê a mamãe?
— Sua mãe virou uma estrelinha.
— E quando ela volta?
— Ela não vai voltar.


Jin acordou com o grito de Yeonjun, ele ainda estava dormindo mas gritava por sua mãe, a cena era de partir o coração, com muito custo o mais velho acordou o garoto.
— Mãe!
— Calma Yeon, sou eu, o tio Jin.
— Tio Jin...
O pequeno se jogou nos braços do ômega, os gritos haviam feito Soobin acordar também, eles estavam dividindo o quarto para não deixar Yeon sozinho, o pequeno pegou seu ursinho e subiu na cama do amigo.
— Você pode pegar meu ursinho pra você, ele me ajuda a dormir.
— Mas é seu ursinho, você sempre dorme com ele.
— Eu posso te emprestar por uma noite, só cuida bem dele, que eu sei que ele vai cuidar bem de você.
Com os passinhos vacilantes por conta do sono, o pequeno Soobin voltou para sua caminha, Yeonjun agradeceu e dormiu agarrado ao brinquedo. Jin demorou para dormir, ele sentia pena de sei sobrinho, sabia que perdas eram difíceis, ainda mais para crianças, o garoto nunca havia dito exatamente o que lhe assombrava, mas era possível imaginar, ao menos ele teve a sorte de ser encontrado e vir morar no castelo, o ômega não queria nem pensar no tanto de crianças que haviam ficado perdidas no mundo graças a guerra.
Ao ver seu filho, novamente adormecido, seu coração apertou, o que teria acontecido caso eles não houvessem o encontrado? Ele tentava não pensar nisso, mas em momentos como aquele vinha aquela coisa em sua cabeça, ele sempre pensava nisso quando Namjoon saia para o campo de batalha, em como a guerra havia destruído a família de seu filho, não que tivesse algum arrependimento de ter o adotado, mas ele possuía uma história antes do Palácio, e foi pensando nisso que o cansaço o venceu.

Filhos da guerra - em andamento Onde histórias criam vida. Descubra agora