As celas em geral ficavam vazias, exceto pelo pai de Hoseok não havia prisioneiros normalmente, o príncipe não sabia quantos anos aquele velho estava ali, mas via seu tio ir todo fim de semana conversar com ele e jogar algo, o lugar que o Jung ficava mal parecia uma cela mais, se assemelhava a um quarto com guardas.
Uma, duas, três portas, então Yeonjun encontrou o prisioneiro, seu rosto possuía marcas da noite passada, olhando de perto podia ver que o garoto era jovem, talvez mais jovem que o próprio príncipe.— Levanta!
— E se eu não quiser? Vai me bater de novo?
— Não fique de gracinhas, eu quero apenas fazer umas perguntas.Como o garoto não se moveu do lugar, Yeon pediu para alguns guardas abrirem a porta para si e tomarem conta para o estranho não fugir, quando adentrou a cela pode sentir o olhar minucioso do outro em si.
— Qual o seu nome?
— Não te interessa.
— Ok, não vou me estressar, tenho coisas mais importantes pra fazer...
— Dar uns pegas no seu ômega?
— Eu não tenho um.
— Não foi o que disse ontem a noite.Yeonjun não fazia a mínima ideia do que o garoto falava, apenas se lembrava do sumiço de Soobin e de ter arrastado o corpo de alguém que carregava consigo o seu pingente, mas não era hora para pensar naquilo.
— O pingente.
— O que tem ele? Não é ouro de verdade, não vou entregar.
— Não é isso, o que ele significa?
— Quer mesmo saber?
— Sim.
— Então vem cá.O príncipe se abaixou até estar com o rosto quase na altura do prisioneiro, o rapaz fez sinal para ele se aproximar mais, quando estavam frente a frente ele cuspiu no rosto de Yeonjun.
— O que você pensa que tá fazendo?
Sem pensar duas vezes, o alfa se levantou erguendo o estranho pelo colarinho, este apenas ria como se fosse a coisa mais engraçada de sua vida.
— O que significa o pingente?
— Por que eu contaria pra você?
— Eu também tenho um. – soltando o rapaz, ele tirou de dentro da camisa o pingente que estava pendurado em um colar – estava comigo quando fui adotado, quero saber o que significa.
— Que ironia, o príncipe possui um pingente dos Corvos.
— O que são os Corvos?
— Os Lobos podem ser maiores e mais fortes, mas jamais vencerão os Corvos, pois eles estão em toda parte.
— O que isso quer dizer?O garoto não disse mais nada, apenas ria como um maníaco, cansado daquilo Yeonjun o jogou no chão e saiu da cela. Quando estava se afastando o estranho apenas gritou "crás" e voltou a rir, não era hora de pensar nesses joguinhos idiotas, ele descobriria mais coisas depois, por hora precisava enfrentar seu tio.
Quando a porta do escritório de Namjoon foi aberta, ele sentiu seu corpo entrar em alerta, com uma calma que não era sua ele girou os calcanhares dando as costas para a janela, sentado largado Yeonjun olhava entediado para a parede repleta de mapas.
— Que decoração mais brega, você podia melhorar esse lugar.
— Essa decoração brega faz parte da estratégia que mantem nosso reino a salvo, agora sente direito, já!Sem questionar, o príncipe obedeceu o general, sabia que poderia se impor, tinha poder para isso, mas jamais vira seu tio desse forma, e isso o assustava.
— Quero explicações sobre ontem.
— Aquele garoto pegou o Soobin, eu apenas defendi meu amigo, e sabe o pingente que eu tenho? Ele tem um igual, por isso o prendi, mas ele não quer falar nada.
— Não é disso que estou falando – notando o semblante confuso do mais novo, o homem apenas suspirou e sentou em sua cadeira – você lembra o que fez ontem a noite?
— Nem tudo.
— Seu lobo tomou conta de você.
— Isso eu sei.
— Então sabe que seu lobo declarou MEU FILHO como seu ômega?Parecia que o espírito de Yeonjun havia saido do corpo, ele sentia todo seu ser tremendo e seu rosto perder a cor, não imaginava que seu lobo interior poderia ter chamado Soobin de seu ômega, eles eram amigos, quase irmãos, além de Namjoon ser tão protetor que os únicos alfas que podiam chegar perto de seu filho eram seus sobrinhos.
— RESPONDA!
O grito de Namjoon pareceu cortar o corpo do príncipe, ele não sabia como agir, o que falar, sua mente simplesmente havia parado.
— Yeonjun, você é meu sobrinho, eu ajudei a criar você! Eu te ensinei tudo que precisava sobre estratégias de guerra! E você simplesmente me esconde que anda saindo com meu filho?
— Desculpe, deve ter um engano, eu nunca sai com o Soobin além de amizade.
— Então como explica seu lobo o chamando de seu ômega?
— Eu não sei...
— Você sente algo por ele?
— Eu não sei...
— Yeonjun você sente algo pelo Soobin?
— Eu não sei...
— NÃO MINTA PRA MIM! Você sente algo pelo meu filho?
— Eu sinto! Tá bom assim pra você? Eu sinto, mas eu nunca disse nada, por respeito a ele, por respeito a vocês!O silêncio tomou conta da sala, era possível apenas ouvir o respirar pesado dos dois alfas, seus lobos pareciam prestes a sair para brigar, o de Namjoon para defender seu filho, o de Yeonjun para reivindicar seu ômega. Respirando fundo, o general abriu a primeira gaveta de sua mesa, de dentro dela ele retirou um saquinho de seda cor de rosa.
— Esse é um anel de família, ele costumava ficar em uma caixinha mas eu quebrei ela sem querer, você tem minha permissão para pedir meu filho em namoro, quando estiver pronto, ao ver esse anel ele vai saber do que se trata, mas se eu souber que você fez qualquer coisa contra meu filho, eu não vou ligar se você é o príncipe ou é meu sobrinho, eu vou acabar com a sua fuça, estamos entendidos?
— Sim senhor.
— Apenas quando estiver pronto pra essa responsabilidade, e juízo, sou novo demais pra ser avô.Com as mãos trêmulas, o jovem pegou o saquinho e abriu, havia dois anéis dentro dele, ambos com uma flor se cerejeira em cima, era um trabalho muito delicado, incrivelmente lindo.
— Obrigado.
Sem saber mais o que falar, o garoto apenas pôs aquilo no bolso e saiu porta afora, assim que se viu sozinho Namjoon permitiu se jogar na cadeira suspirando fundo, seu filho estava crescendo, ele odiava admitir isso. Duas batidinhas na porta e ela se abriu novamente, o alfa sequer precisava abrir os olhos para saber quem era, o cheiro e sua agitação já denunciavam tudo.
— Então amor, como foi?
— Melhor do que esperava, não rosnei pra ele nem soquei a cara dele.Jin apenas riu antes de se aproximar, não podia culpar seu esposo, também havia ficado apavorado ao ouvir aquelas palavras saindo da boca de seu sobrinho. As mãos do ômega foram até os ombros de seu marido, a leveza de seus toques na massagem faziam o corpo de Namjoon relaxar, logo ele se virou puxando o outro para si iniciando um beijo apaixonado, não havia malícia no toques daqueles dois homens, apenas um carinho de quem ama de corpo e alma, que sabe que não há pressa ou medo de perder o outro, apenas deixando todo o amor que possuem transbordar do peito.
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Filhos da guerra - em andamento
Fanfictioncontinuação de "casamento vs guerra" Resgatado das ruas, o herdeiro do trono conseguiu uma família que o amava, mas conforme crescia a dor de ter sua família original arrancada de si apenas o revoltava cada vez mais. Após anos vivendo no Palácio...