o pingente

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Os músicos tocavam animados, pelo salão várias pessoas dançavam e riam, todos comemorando a mesma coisa, a volta para casa. Yeonjun estava com um caneco em mãos, não havia bebido mais que a metade desde que chegou ali, ao contrário de seu tio que já devia estar no décimo caneco, ou mais, havia perdido as contas.
Uma mão puxou a cerveja de Yeon, ele já sabia quem era então sequer se importou em falar algo, Soobin virou tudo que havia no caneco em apenas um gole fazendo os gêmeos gritarem animados, parecia que o príncipe seria o único sóbrio quando a noite acabasse.
Pedindo licença para todos da mesa, Soobin foi para o banheiro, sabia que havia bebido demais, devia se controlar um pouco ou seu pai iria dar outro sermão sobre consciência na hora de beber, não importava, ele jogou uma água gelada no rosto antes de fazer suas necessidades, e fez o mesmo antes de sair do banheiro novamente, talvez fosse melhor que voltassem para o castelo.
Com a cabeça tonta o ômega não notou a aproximação estranha, quando se deu conta um alfa já o arrastava para o fundo da taberna, ele certamente não o conhecia, Soobin gritou pedindo ajuda mas com tanta algazarra era impossível ouvir, ele tentou fugir mas a lerdeza da embriaguez o impedia, a primeira lágrima caiu enquanto sussurrava o nome de Yeonjun.
Namjoon e Jin aproveitavam para matar a saudade um do outro, subitamente ambos começaram a sentir uma angústia sem motivo, em um minuto estavam se beijando e se tocando, e no outro estavam se encarando preocupados, alguma coisa estava acontecendo com o filho deles, mesmo que não fosse sangue de seu sangue eles haviam criado um laço de conexão, sabiam que algo estava errado, sem pensar muito ambos correram se vestir para descer até a taberna, torcendo para chegarem a tempo.
A demora do amigo já fazia Yeonjun grunhir, algo estava errado, ele sentia isso, cansado de só esperar sentado ele foi até o banheiro, mas nada de Soobin, ele também não estava no salão de dança nem para fora da taberna, aquela sensação estranha deixava claro que algo estava errado, ele sentou na beira da calçada tentando sentir o cheiro do outro, sem sucesso. O medo apenas piorou ao ver seus tio vindo em sua direção correndo, Namjoon na frente e Jin com um galho atrás, preferia não pensar o que ele faria com aquilo, apenas correu em direção a eles.
— Cadê o Soobin?
O três falaram em uníssono fazendo a preocupação apenas piorar.
— O Soobin não está com você? – a voz de Jin estava trêmula, era nítido que algo estava muito errado – onde está meu bebê?
Yeonjun apenas negou com a cabeça antes de voltar rápido para a taberna, assim que os três cruzaram a porta tudo ficou em silêncio.
— Só vou perguntar uma vez, cadê meu filho? – Namjoon olhava sério para todos ali, era possível ver alguns se encolhendo diante da presença do general, mas ninguém sabia do garoto.
Uma sensação ruim tomou conta dos três novamente, como se guiado por uma força maior Yeonjun saiu em disparada para a adega, seus tios logo em seu encalço. A porta estava trancada mas assim que bateram nela a voz de Soobin se fez presente pedindo por ajuda, assim como barulho de coisas quebrando.
Não foi tão trabalhoso para Namjoon arrombar a porta, assim que o fez viu seu filho tentando escapar de um alfa desconhecido, seu sangue ferveu e estava prestes a pegar a espada quando um vulto derrubou o estranho, Yeonjun não pensou duas vezes antes de se jogar no rapaz o atacando. Soobin ao se ver livre correu para os braços de seus pais, com Jin o abraçando ele viu o príncipe batendo no outro garoto, a fúria no seu olhar era assustadora, se ninguém o parasse certamente ele o mataria apenas com socos, Namjoon notando isso segurou seu sobrinho com muito esforço.
— Yeonjun se acalma.
— Ele tentou encostar no meu ômega, eu vou acabar com ele, me solta!
Os três ficaram chocados, talvez pelos brilho dourado nos olhos de Yeonjun, talvez pela sua voz lupina ter tomado conta, ou quem sabe pelas palavras que ele proferiu, mas nada os preparou para o grito que ele deu antes de arrastar o corpo moribundo para fora dali.
O estranho estava com um pingente.
O mesmo pingente que Yeonjun possuía quando foi encontrado.
O pingente que agora repousava na caixinha em seu quarto.
Todos do salão ficaram horrorizados com a cena, mas ele não se importou, ele não via mais nada em sua frente, apenas arrastou aquele garoto até a prisão para o interrogar na manhã seguinte.

Um banho morno, ar fresco, sua cama, foi o suficiente para o príncipe voltar a si, ainda havia sangue embaixo de sua unha, alguns hematomas pintavam sua mão pela força que havia usado, mas mal se lembrava do que aconteceu.
Os outros chegaram depois, atordoados com tudo que aconteceu, Yoongi e Taehyung estavam cruzando o pátio junto bem quando eles chegaram, ao ver seus olhares eles imediatamente correram ver o que havia ocorrido.
— O que aconteceu? – Yoongi se pôs a frente olhando para seus amigos – cadê o Yeon?
— Ele já deve estar dormindo agora – Namjoon passou as mãos pelo cabelo sem saber como falar, mas sabia que era necessário – majestade, precisamos conversar.
— Amanhã falamos, vocês precisam ir dormir e eu tenho que ver como está meu filho.
— É exatamente sobre ele que precisamos conversar.
A cor sumiu completamente da pele de Yoongi, o imperador apenas assentiu indo com o general para a sala de reuniões, os outros que ficaram contaram tudo para Taehyung.

O dia amanheceu como qualquer outro, Yeonjun levantou de sua cama com preguiça, fez sua higiene matinal, vestiu uma roupa confortável, já estava cansado das armaduras, e saiu para tomar café. Mas havia algo diferente no ar, a história da briga já tinha se espalhado, cada empregado que passava olhava com medo ou sussurrava para quem estivesse ao seu lado, como o príncipe não se lembrava completamente do que houve apenas não se importou, sabia apenas que precisava interrogar o prisioneiro.
Assim que o príncipe cruzou a porta do salão de jantar, todos os olhares o seguiram até ele sentar ao lado de Yoongi, em frente à Taehyung, o silêncio tomava conta do cômodo, parecia que tinham algo a dizer mas ninguém queria ser o primeiro. Sem dar importância o rapaz apenas começou a comer, mas os olhares ainda estavam sobre si o deixando um tanto desconfortável.
Depois de um tempo, parece que eles haviam desistido do que quer que fosse, voltando então a comer e conversar. Yeonjun terminou rápido seu café, estava ansioso para saber a verdade sobre o pequeno pingente, ele pediu licença se levantando da mesa e avisando seus pais sobre onde iria, mas assim que sua mão tocou a maçaneta da porta ele sentiu a presença de alguém atrás de si, com o semblante fechado Namjoon apenas olhou o príncipe de cima parecendo intimidador demais.
— Precisamos conversar.
— Tio, depois a gente conversa, eu tenho uma coisa muito importante pra fazer.
— O assunto também é muito importante.
— Tio, eu sinto muito mas...
— Meia hora, nem um minuto a mais, ou eu vou buscar você e arrastar pelos corredores.
A voz fria fez um arrepio percorrer a coluna do garoto, seu tio jamais falara assim consigo, todos viram a situação mas ninguém disse nada, Yeonjun apenas encontrou o olhar assustado de Soobin antes de sair em direção à prisão.

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