Setenta anos se passaram após a da lendária Seleção de Maxon Schreave e a sua amada, America Singer. A Seleção volta com força e serve como chance para trinta e cinco mulheres mudarem as suas vidas.
Talvez, qualquer mulher menos de Elisa. Não é que...
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— Mais para o outro lado, gata. Inclina a cabeça. — Gesticulou com a mão esquerda, enquanto a outra ajustava a sua máquina fotográfica.
Fiz como Ren pediu, desviando-me mais para o lado que ele desejava, sorrindo. Retornei a fazer a pose e dei o maior sorriso que os meus lábios permitiram. Era o primeiro dia de primavera e eu amava tirar uma fotografia debaixo das árvores de flor de cerejeira.
Este ano prometi a mim mesma um recomeço. Pensei até em cortar o cabelo para a época ficar mais simbólica, mas a coragem foi pelo ralo. Amo os meus fios e cortá-los é como retirar uma parte de mim.
Desta vez, eu estava esperançosa de que a minha vida mudaria. Iria fazê-lo por isso. Com a universidade à porta, eu precisava de me empenhar mais se quisesse o meu sucesso.
A música "Spring Day" dos BTS tocava no telemóvel de Ren, e eu murmurava mentalmente algumas partes da letra.
Click!
— Já está! — Saltei do pequeno penedo e fui sacudindo algumas pétalas das flores que tinham ficado no meu uniforme escolar. Alegremente, corri para ao lado de Ren que admirava a fotografia com um sorriso enorme no rosto.
— Deixa ver, deixa ver!
Deveria ter pedido para, pelo menos, ter tirado mais umas dez, apenas por precaução. Eu sempre ficava esquisita nas fotografias, por mais que Ren insistisse que eu deveria ter carreira como modelo. Porém, aquela, eu tinha amado. O primeiro dia da primavera sempre faz acelerar o meu coração por amar aquela estação, como o inverno. A minha maquilhagem não estourou na fotografia e o meu cabelo perfeitamente encaracolado para a ocasião fez-me parecer bonita.
É, eu estava bonita, apesar de tudo ser falso.
Mas isso, não contaria para o Ren.
— Ficas-te lindíssima, minha Hime. — Olhou-me com os seus olhos enormes âmbar. Baguncei, levemente, os seus caracóis naturais ruivos e consenti, aceitando o elogio. — Mas, na verdade, só ficaste assim linda por causa do trabalho árduo do fotógrafo! — Resmungou, brincalhão, virando a câmara para nós os dois, preparado para tirar uma selfie. Fiz uma careta e ele fez algo ainda pior e mais engraçado.
Ren é o meu melhor amigo desde que me conheço por gente. Costumávamos ser um trio, mas há um bom tempo que Marie foi diagnosticada com leucemia e está nos cuidados hospitalares.
Ele é japonês e apelidou-me carinhosamente de Hime quando cheguei pela primeira vez ao orfanato. Hime significa "princesa" e, por ter uma aparência angelical — que está mais para bem esquisita e demoníaca, no meu ponto de vista — o apelido encaixou pelo resto do pessoal. Ambos órfãos, mas irmãos porque queremos sê-lo assim. Estivemos sempre juntos, como ultrapassamos praticamente tudo um ao lado do outro.
— E esta vai para os stories, gatinha. — Piscou. Gritei um não mas já era tarde demais. A fotografia já estava publicada. — Ah, qual é. — Gesticulou e mostrou-me a nossa fotografia. Estava hilária — Estás linda.
