IV

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Sábado. 7:45 P.M

- Certo, eu vou primeiro - Zayn levantou do tapete e ficou de pé em frente a mesinha de madeira. Os outros quatro o encaravam como crianças esperando para ganhar doces no halloween. Ele segurava o que parecia uma estaca de madeira, com alguns rabiscos feitos por um canivete ou talvez uma faca.

- Eu espero que isso não seja importante, e provavelmente não é, porque a cabana ainda está de pé.

O resto do grupo pareceu confuso por um instante, e então a compreensão passou por eles.

-Zayn, você pegou isso do teto da cabana? - Liam perguntou e o moreno confirmou com um aceno de cabeça, ainda segurando a madeira em suas mãos. -Sim, sabe, tipo, eu peguei lar certo? Então eu queria algo de um lugar que tivesse significado para nós, que conectasse a gente. Esse lugar é aqui. E eu tava chapado também. - confessou.

-E como agradecimento por vandalizar minha propriedade eu te ofereço uma almofadada - Harry disse, buscando uma das almofadas do sofá e jogando em Zayn, que desviou bem a tempo e voltou a sentar no tapete.

-Eu gravei nossos nomes na madeira - ele disse por fim.

-Acho que nunca vamos conseguir superar o nível de idiotice de um zayn chapado - Niall comentou.

O grupo gargalhou durante bons minutos e enquanto eles se esqueciam de todo o peso do mundo lá fora, Louis encarava Harry e seus dentinhos tortos, o jeito que seus olhos fechavam quando ele ria, memorizando cada detalhe da maneira mais precisa possível. Tentando guardar Harry em sua memória, onde ele ficaria protegido pela eternidade.


-Lugares. Foi muito difícil conseguir algo bom o suficiente - Niall colocou um mapa sobre a mesa de madeira e os demais se aproximaram.

-É um mapa - Harry disse, mais uma pergunta do que uma afirmação

-Nós crescemos aqui, é uma parte de quem somos, então... - Niall abriu o mapa. - Voilà, um mapa recém roubado do arquivo da cidade.- Os quatro pares de olhos que encaravam o mapa apoiado na mesa se voltaram para o amigo.

-Isso é tipo, muito ilegal- Liam disse.

-Sei disso, mas vamos queimá-lo de qualquer forma. Sem evidência, sem crime.

-Você podia só ter feito uma cópia. - Louis comentou.

Eles entraram em uma nova crise de risos que durou pouco menos que a última.
E então era a vez de Harry.

-Certo. Vocês se lembram da Delilah da 4ª série?- Ele buscou uma fotografia no bolso da calça.

- Para falar a verdade, não. - disse Niall.

-Acho que conheci muitas Delilah 's. - Zayn refletiu.

-Enfim - Harry ignorou os comentários. - Fui à casa dela ontem.

O grupo começou a abrir sorrisos maliciosos.

-Não para isso, pervertidos - ele revirou os olhos. - Eu pedi um beijo. - Ele mostrou para os quatro a foto antes guardada em seu bolso. Era uma foto recente que Zayn fez do grupo quando Harry teve alta do último hospital, e marcas de batom vermelho cobriam seus rostos.

Eles revezaram-se para ver a foto.

-Quem é esse? - disse Niall mostrando a foto para Zayn.

- O Louis quando tinha cabelo. - o moreno brincou.

Louis fez sinal com os dedos e a cabana se encheu com som de risadas novamente.

-Família. Conversei com seus pais e eles me deram isso - Liam pôs uma caixinha de couro em cima da mesa. -. Seu pai disse que era de seu avô e que ele não deixou nada para você quando morreu porque estava guardando isso para o seu vigésimo aniversário - a voz de Liam embargou e ele se esforçou para conter as lágrimas. Empurrou a caixa com delicadeza e Harry a segurou na outra ponta da mesa.
Era um relógio.
Alças de couro com um tom avermelhado, e tinha os números em romanos na cor dourada.
No verso tinham as iniciais H.S e ele passou o dedo indicador nas letras gravadas.

-A gente não precisa queimar se você não quiser. - Liam se apressou em dizer.

-Não, - O cacheado sorria admirando o brilho do relógio e o movimento dos ponteiros. - É perfeito - disse.

O tempo é uma coisa estranha, pensou ele, é simples de entender, é valioso, e a maioria das pessoas não tem o suficiente. - Obrigado Liam. - Ele ofereceu um sorriso ao amigo que retribuiu.

Sábado 8:27 P.M

A luz do fogo refletia nos olhos dos cinco garotos.A lua testemunhava conforme cada um dava um passo à frente e jogava seu item dentro do fogo. Observando a chama o consumir. Primeiro, a madeira da cabana
com os nomes entalhados nela.Depois, o mapa furtado. Seguido da fotografia com tinta vermelha de um batom, que tinha o leve aroma de cereja. Por último, o relógio que daria a Harry um pequeno momento e a eternidade ao mesmo tempo.

Louis se aproximou da fogueira.

-Crescer sozinho é difícil. - disse ele, o olhar vago contemplando o fogo - Eu encontrei quatro irmãos em cada um de vocês. - seus lábios se curvaram, formando o fantasma de um pequeno sorriso - Me lembro de um natal que passamos juntos, eu ganhei uma câmera de vídeo. Decidimos fazer um filme, lembram disso? - ele agora segurava a câmera antes guardada no bolso da jaqueta e virou-se para encará-los.

Harry estava - como sempre - com um sorriso de covinhas e olhos marejados enquanto observava Louis.

- A gente não sabia editar, então filmamos tudo em ordem cronológica. Ficou horrível - eles soltaram uma risada fraca - Mas eu guardei mesmo assim. - Ele retirou a fita de dentro da câmera

- Minha palavra é "amizade". Para mim essa fita sempre foi como manter uma lembrança do que somos. E eu queria manter todos vocês, assim como ela. Congelar o tempo e não deixar nada mudar oque somos. - Ele jogou a câmera seguida da fita nas chamas da fogueira, se virou para os amigos, agora abraçados ombro a ombro.

-Eu não quero que você vá, Harry.
Liam afagou o ombro de Louis
para confortá-lo. Harry deu um pequeno sorriso que mal se destacou em seu rosto.
-Somos infinitos, certo? - disse
Louis. O cacheado se aproximou do mais velho e encostou suas testas.

-Aqui - ele indicou com a ponta dos dedos na cabeça de Louis - eu sou infinito.

Os cinco se amontoaram numa espécie de abraço e balbuciaram palavras sem sentido em meio à lágrimas e risadas.
Eles passaram a noite dançando em volta da fogueira; Harry contou histórias de terror - falhando em todas as suas tentativas de tentar assustá-los. Em algum momento da noite, Niall conseguiu convencer todos a marcarem seus rostos com cinzas de carvão. Zayn fazia péssimas imitações de artistas desencadeando inúmeras crises de risos em Niall, enquanto Liam e Louis traziam lembranças embaraçosas à tona, provocando um ao outro em lutas em torno da fogueira.
Enquanto observava a cena, tentando guardá-la como uma fotografia num porta retrato, Harry se sentiu eternizado.

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