Everlasting

V

                              ∞
Nas últimas semanas de Harry, Louis o levou até um parque mais afastado da cidade.

-Certo, você vai me dizer o que estamos fazendo aqui ou vai acabar com minha espera incansável me matando de ansiedade? - Styles resmungava, os braços cruzados e a expressão sempre sorridente transformada em uma careta de mau humor.

-Você tem certeza que não é um oitavo anão perdido? Pare de resmungar por um momento e me ajude com isso, Zangado - Louis saiu da parte de trás de uma quadra arrastando consigo uma bicicleta.

-Se alguém aqui se encaixa na descrição de "anões perdidos"...- Harry voltara a resmungar, absorto demais em suas reclamações para perceber Louis parado à sua frente com uma bicicleta - ...é você com seu um metro e meio de...- ele arregalou os olhos - LOUIS! - exclamou
O mais velho sorria, satisfeito com a reação.
-Podemos continuar escutando suas reclamações se você preferir.

Harry se apressou em subir na
bicicleta e encarou Louis, que agora, observava o cacheado de uma pequena distância.
-O que está olhando? Não vou aprender sozinho, milagres não funcionam assim Lou.

-Certo, Zangado- Louis provocou.

-Sabe, - disse Harry - é humilhante que uma criança me ensine a andar de bicicleta. - ele retrucou.

-Eu tenho uma altura proporcional, muito obrigada. Agora, respeite seu professor para que ele não te derrube desta bicicleta a qualquer momento.
Quando Louis finalmente convenceu Harry a pedalar sem seu apoio, o céu já se iluminava num tom amarelado anunciando a chegada do fim da tarde.
-Certo - disse Louis - eu vou te soltar agora, está bem? - Ele retirou as mão da bicicleta uma de cada vez.

-Retiro o que disse Louis, por favor não me solte - Disse Harry no último momento, sem perceber que pedalava para longe, sem Louis em seu encalço.

-Você conseguiu! - gritou Louis para ele.

No mesmo momento, Harry desceu da bicicleta e correu em direção a ele, que sorriu abrindo os braços. Porém, ao contrário do que esperava, Harry o derrubou ao chão e começou a desferir tapas no mais velho.
-Eu falei para retirar o que eu disse! - Ele batia no peitoral de Louis - Por que você me soltou? -esbravejava.

-Harry! - exclamou Louis, segurando seus pulsos - Harry, você conseguiu. - disse por fim. A expressão do cacheado suavizou e um sorriso brotou na ponta de seus lábios.

-Eu consegui. - proferiu num sussurro. - Eu consegui. - repetiu em um tom mais alto, desacreditado. Ele ergueu o olhar para Louis e percebeu que ambos ainda estavam jogados no chão, o corpo de Harry pressionado contra o de Louis. E antes que pudesse lançar qualquer movimento. Louis pressionou os lábios nos seus. Harry sentiu a delicadeza e calmaria do beijo esvair toda a tensão de seu corpo.
E então o de olhos azuis se afastou, ofereceu ao outro um pequeno sorriso e eles ficaram ali, perdidos no tempo, encarando um ao outro.

                                     ∞

As semanas seguintes aos acontecimentos do parque foram calmas.
Louis passava as tarde, noites, e algumas manhãs na cabana
Harry enlaçado em seus braços, em meio a beijos roubados, toques e carícias.

-Lou? - Harry sussurrou certa noite, enquanto Louis assistia alguma sitcom em seu computador e acariciava os cachos do mais novo que estava deitado com a cabeça em seu colo.
-Hm? - Os olhos azuis desviaram da tela de encontro aos de Harry.
-Obrigado. - Ele encarou o oceano de Louis.
-Pelo que exatamente você está me agradecendo agora? - Louis sorriu, brincando com seus cachos.
-Por acabar com minha lista de arrependimentos - Harry sorriu, era um de seus sorrisos com covinhas e que formavam ruguinhas no canto dos olhos.
E pela segunda vez em poucos meses, ele se sentia eternizado.

∞

Harry não chegou aos 20.
Na manhã em que ele partiu, o sol não brilhava como antes, os pássaros não cantavam, as folhas das árvores não balançavam com a força do vento.
O mundo virou cinzas.
Não houve lágrimas.
Não sentia tristeza, nem ódio.
Tudo o que ele tinha era um vazio, que dilacerava sua alma de dentro para fora.
Louis descobriu que existia sem Harry Styles.
Mas existir, não é viver. Pensou ele.