~Pov Camila~
Meus olhos se abrem quando sinto a pressão de seus lábios nos meus, mas se fecham de novo quando beijo ela de volta.
Mover meus lábios contra os dela parece o paraíso, mas não dura muito.
"Você estava acordada o tempo todo, não estava?" Lauren pergunta enquanto desconecta nossos lábios. Sua testa encosta na minha.
Eu concordo.
"E você escutou tudo?" Eu sei pelo tom da sua voz que ela está corando.
"Sim" Respondo. Sinto que Lauren vai levantar, mas eu passo meus braços em volta dela. "Não vai embora" Imploro quase desesperadamente.
Ela não me deixa. Continua nos meus braços.
"Eu escutei tudo o que você falou, e eu estou feliz com isso. Agora eu sei que não preciso ter medo em dizer que também te amo" Um pequenos sorriso se forma no meu rosto quando Lauren olha por cima de seus cílios.
"V-você me ama?" Ela sussurra.
"Sim, Lauren. Eu estou apaixonada por você" Eu digo quase prometendo.
Ela começa a se aproximar de novo. Seus lábios tocam os meus pela segunda vez hoje e eu não poderia estar mais feliz.
Eu imediatamente começo a mexer meus lábios contra os dela. Não o beijo furioso e faminto, mas o jeito carinhoso e calmo.
Nós continuamos por mais alguns minutos antes de nos separarmos.
"Isso foi maravilhoso" Eu sussurro, olhando para Lauren com um sorriso. Seus olhos param sobre meus lábios.
"Foi" Ela concorda, e me puxa suavemente, pedindo pra eu fazer espaço na cama. Eu faço e meu sorriso aumenta quando Lauren se deita do meu lado por de baixo do cobertor.
"Estou feliz que escolhi essa casa pra morar" Sussurro enquanto me aconchego nela. Meus braços fazem a volta na cintura dela enquanto seu braço passa pelo meu ombro, e mesmo ela não sendo quente, me da uma sensação boa.
Lauren suspira. "Eu também" Ela sussurra e o quarto fica em silêncio. Meus olhos começam a fechar.
"Por que você saiu da casa dos seus pais assim tão nova?"
A pergunta me faz fechar a cara ao me lembrar do porque eu estou aqui.
"Está tudo bem. Você não tem que responder a isso."
"Não, não, eu quero dizer a você." Eu digo rapidamente. "É só uma longa história."
"Bem, eu estou confortável." Lauren diz e desloca um pouco debaixo de mim. "Estou pronta."
Eu sorrio para ela e começo a contar-lhe a versão mais curta da minha história.
"Eu me mudei por causa do meu pai, mesmo que ele ainda não saiba que a culpa é sua."
Eu fico olhando para fora pela janela, para as árvores do bosque ali do lado.
"Tudo começou quando eu tinha 14 anos. Eu estava quase fazendo 15, quando ele me deu um tapa. Ele me bateu na cara e eu juro que foi quando eu perdi todo o respeito por aquele homem. Foi a primeira vez que ele fez isso e felizmente também a última vez, mas ainda assim ... Isso me fez perceber que tipo de pessoa violenta que ele realmente é. Se eu não tomasse cuidado, ele não teria medo de fazer isso novamente.
A partir daquele dia, comecei a perceber como ele realmente se comportava com a minha família e comigo. Ele era desrespeitoso.
Ele sempre gritava conosco até pelas pequenas falhas. Pra ele nós fazíamos tudo errado. Nós éramos preguiçosos para ele, ele nos chamava de nomes horríveis, talvez ainda pior do que aqueles que os valentões me chamavam na escola.
As únicas vezes que ele me dava atenção, era quando eu voltava da escola com notas boas. E quando o fiz, o máximo que ele fez foi me dar um tapinha no ombro. Eu nunca sequer ganhei um abraço.
Não, isso não é verdade. Eu ganhei abraços até chegar aos meus 6 anos. Depois disso, ele perdeu todo o interesse em mim. Isso a partir do momento em que eu comecei a apresentar sinais de independência.
Até a minha mãe ficou difícil, só que ela nem sempre fazia o que ele dizia. Ela era como uma espécie de escrava. Sempre fazendo o que ele dizia, apenas deixava-o gritar e a chama-la de nomes tão ruins quando os meus.
Havia dias que eu só queria leva-la a um advogado e pedir seu divórcio, mas quando eu a perguntava o porquê dela ainda está com ele, ela sempre dizia a mesma coisa: "Ele é uma boa pessoa, ele se preocupa com a gente." Mentira. Eu sei disso, eu só não entendo por que ela não faz como eu.
Além disso, eu nunca fui boa o suficiente para ele. Quando consegui as melhores notas em sala de aula, não era boa o suficiente. Quando eu finalmente fiz alguns amigos, eles não eram bons o suficiente. Ele nem sequer acredita em mim. E eu sempre fui apenas uma nerd aos olhos dele. "Quando é que você vai usar roupas descentes?" "Quando você vai parar de usar o cabelo assim, é feio desse jeito." Ele realmente me machucava.
Então tinha os momentos em que ele estava feliz. Em seguida, ele estava sempre brincando e rindo com a gente. Ele costumava gritar por toda a casa coisas ridículas sobre a minha mãe e então rir logo em seguida. Ou então de alguém caiu na rua e rir daquilo.
A partir do momento que eu comecei a perceber o quão desrespeitoso ele estava sendo conosco, eu comecei a lutar com ele. Brigas, eu sempre perdia. Ele sempre tinha que estar certo. Eu estava sempre errada. Minha mãe sempre me disse para deixá-lo e escolhia o lado do meu pai. Nunca o ouvi pedir desculpas também. Eu sempre fui a única a fazê-lo. Eu ou outra pessoa, mas nunca ele. Ele não podia cometer erros também. Não aos seus próprios olhos.
A partir do momento em que ele me bateu, eu jurei que iria ficar longe de meu pai o mais rápido possível. Então, aqui estou eu." Eu terminei minha história e olhei para Lauren.
"Eu sinto muito, Camz." Ela sussurra, mas eu dou de ombros.
"Está tudo bem. Eu me acostumei com isso." Eu digo com um pequeno sorriso e bico seus lábios. É ótimo poder fazer isso.
O momento é arruinado quando eu começo a engasgar com minha própria saliva. Estou tremendo e tossindo, e eu não consigo parar. Lauren acariciava minhas costas, mas não estava ajudando. Nós nos sentamos, quando eu comecei a tossir.
"Eu vou pegar um pouco de água." Lauren grita quando ela já está meio caminho da porta.
Minha tosse não para, mas depois eu sinto algo correr na minha boca. Respinga um pouco na minha mão devido à tosse e então eu vejo que é um líquido vermelho.
De jeito nenhum, não há nada de errado comigo. Não desde a minha última consulta médica.
Então eu finalmente paro de tossir. Lauren ainda não havia voltado, então eu limpo o sangue em minha calça. Eu lavo ela amanhã.
Quando eu viro minha cabeça para a porta de novo, outra coisa me chama a atenção. É mais sangue, desta vez escorre pelas paredes em grande quantidade.
"Lauren! Pare com isso! Não é engraçado!" Eu grito irritada. Pensei que havíamos entrado em um acordo sobre não assustar mais.
"O que você quis dizer?" Lauren pergunta quando ela entra novamente no quarto com um copo de água na mão.
"Espera ... Você não está fazendo isso?" Pergunto com um pouco de medo enquanto apontava para o sangue escorrendo das paredes.
O copo quebrando no chão me dá a certeza de que aquilo não é obra de Lauren.
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The Dead Girl
Horror12 de abril de 1934, A família Jauregui foi encontrada brutalmente assassinada em sua casa. Esposa e marido tinham sido amordaçados e mutilados antes de serem baleados na cabeça. Sua filha de 17 anos de idade, Lauren Jauregui, foi encontrada no armá...