Jennie foi sequestrada e levada para fora da Grécia. Para sobreviver ao inferno, ela precisou se tornar outra pessoa e nada restou da menina doce e ingênua de dezesseis anos de idade.
Lalisa, chefe da máfia russa em território norte- americano, após...
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Jennie Ruby Jane Kim
Nova Iorque - EUA📍
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"Está na hora"
Coloquei minha bolsa de lado sobre uma cadeira, e caminhei pelo extenso quarto, olhando pesarosa para a cama enorme com lençóis dourados, de dossel alto em ouro, tão desenhado em contornos circundantes que me lembrava a curva de escaravelhos um em cima do outro, os tecidos que caiam pelo dossel, desenhados com contornos geométricos, dourado e vermelho. Tão esplendorosa a ostensão que ela abriga para si, dá-me pena pensar que eu não posso aproveitar de tamanha riqueza.
A direita do quarto, eu podia ver espelhos decorados na parede acima da mesa com uma única cadeira e uma lâmpada marroquina tão bonita ao canto. Toquei sobre cada detalhe apreciando que fosse tão belo, do tapete sofisticado e felpudo no chão, ao teto dourado, com arabescos e luzes pequenas fundidas a ele. As almofadas no canto extremo da esquerda, com uma pequena mesinha baixa, a bandeja dourada abaixo de copos altos e o encosto de um espaço que servia para se deitar em meio a almofadas, para ler e apreciar de um bom chá.
Pensar naquilo me fez abaixar o olhar e me negar a seguir adiante. Eu prometi a mim antes de entrar naquele avião, que não faria nada que me levasse ao risco de ser expulsa desse país, minhas ideologias, e minha postura, ou até mesmo minha orientação sexual tão assumidamente restrita a meu íntimo, não podia se sobrepor aos meus anseios profissionais. Sei das leis que regem esse país, eu poderia me abrir abertamente para todos.
Más, não teria mais a minha proteção. E sei o quanto ser homossexual aqui pode custar caro, principalmente a uma branquela florasteira como eu. Se por três anos, eu apenas me limitei a ter amizades casuais, não seria um ano aqui, que me faria tender a pensar na seriedade de um relacionamento.
Se é que posso chamar isso de relacionamento.
A mensagem, que eu sei que vem de Nomikos, apareceu em meu quarto. Uma frase simples que faz meu estômago revirar.
Eu sabia que esse momento viria em breve. E para isso que tenho me preparado desde que fomos sequestradas. Entretanto, quando finalmente preciso colocar minha fuga em ação, estou novamente apavorada como quando despertei depois das drogas que me deram no primeiro dia. Eu não tenho motivo para duvidar das instruções dela. Se estou viva agora, devo tudo à Nomikos. Criada em meu mundo protegido na ilha, eu jamais teria a engenhosidade de pensar em uma saída.
Provavelmente agiria como todas as outras, mereveladonoinícioaté que eles me quebrassemem seguida, também encontraria o mesmo destino.
Nomikos não é só inteligente, mas uma expert na arte da manipulação e eu me tornei uma aluna aplicada. Tenho fingido há tanto tempo, que não sei se há ainda algo de real em mim.
