cap 3

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Ayumi's pov

depois de passar a tarde sendo arrastada por Nemuri volto ao meu quarto e me sento atrás da porta.

eu quero voltar para casa...

isso é muito estranho?
as pessoas me tratam bem aqui mas e se...

não! o que eu estou pensando? passar por tudo aquilo novamente?

mas e se eles fizerem o mesmo? ninguém é bom por muito tempo, isso eu sei como ninguém.

retiro minhas roupas e entro em meu banheiro ligando a água e soltando os cabelos tentando aproveitar o máximo possível da água morna em meu corpo.

eu deveria contar a eles?
eu deveria contar que toda a pequena imagem que eles criaram de mim pode acabar com 15 minutos de conversa?

Aizawa's pov

terminando de corrigir algumas atividades eu ouço um grunido e olho pra porta onde encontro Nemuri com um bico e uma expressão frustrada.

— não correspondeu suas expectativas? — pergunto.

— ela não sorri e nem opina em nada! ela nem deu risada da minha história da torta de amora! — ela reclama enquanto se joga no colchão e murmura — eu ainda vou fazer ela dar risada, guarde minhas palavras.

— isso foi uma ameaça? — pergunto fechando o caderno de atividades. — onde ela está?

— adivinha? — ela levanta a sobrancelha.

— okay, saía do meu quarto, eu vou vê-la.

vou ao banheiro só pra conferir o grau de exaustão evidente em meu rosto e prendo meu cabelo, talvez eu deva tirar umas férias, sem condições.

Ayumi's pov

saio do banho, coloco minhas roupa e vou até a grande janela, talvez eu devesse sair um pouco...

estou cansada.

até onde eu sei é amanhã que eu começo a ajudar os professores com algumas coisas relacionadas a escola, estou com medo de ser péssima nisso.

como será que eles se comportam? como deve ser uma aula presencial?
ah! e um refeitório? deve ser bonito!

enquanto eu observava a janela me pego pensando que eu realmente nunca vi nada lá fora, nada.

um shopping, um parque, uma praça, todos são memórias completamente distantes ou inexistentes.

as poucas memórias que eu tenho me quebram completamente, eu fui de uma criança normal para um fantoche, saco de pancada, auxiliar em coisas horríveis... nunca poderia tirar aquelas malditas imagens da minha cabeça.

acordo e me olho no espelho.
uma imagem desconhecida, um sentimento desconhecido, não me encontro em nada que eu penso.
abro o armário e pego um vestido neutro, abro a porta e olho para os lados tentando decidir em qual direção eu deveria ir.

ando nos corredores ainda escuros enquanto sussurro " under the graveyard ", ouvi tantas vezes que acabou fixando no fundo da minha alma.
enquanto eu andava sem um rumo específico eu sentia algo frio que descia da minha cabeça e parava em minha coluna. uma sensação de paz talvez.

ao chegar na sala, abro as portas para a saída do dormitório e sorrio, um pouco de grama...
tiro meus sapatos e ando lentamente enquanto a brisa fria me recebe e aconchega.

eu queria correr...

fecho os olhos e corro, dou meu máximo para liberar tudo que eu sinto sem tirar um pequeno sorriso do rosto.
minutos depois eu canso e coloco minhas mãos em meus joelhos, eu jamais poderia descrever a sensação.

as vezes precisamos entender como nos sentimos e como liberar isso, me sento e olho pra cima encontrando seu olhar que perfurava o fundo da minha alma, não posso dizer o que eles descrevem, o que ele sentiu quando me olho naquele momento mas tudo que eu posso dizer é que ao olhar pra cima eu o vi vestido em sua scarf, seus cabelos presos pela metade e um genuíno e adorável sorriso de lado.

o sentimento desesperador e opressor que me corria enquanto eu corria desesperadamente para me desprender, se deu lugar à uma aconchegante e reconfortante sensação de... companhia, eu não estou mais sozinha... e eu achei que ficaria.

the light of a moon - Shota Aizawa Onde histórias criam vida. Descubra agora