Legends never die - Rainha do Norte

04 - Ecos da eternidade

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No capítulo anterior
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— Porra — Resmungou com as mãos afundadas em uma espécie de poça na raiz de uma árvore grande e velha, a água era escura e turva, devia estar parada há muito tempo, mas estranhamente não era gelada — O que...?

— Não fale — Era Fenrir falando pelas paredes de sua mente, e a voz da besta parecia assustada demais, tremida como nunca e num sussurro incomum  — Não fale nada Hela, não diga uma palavra sequer. Apenas levante sem olhar para essa água e nem para acima de sua cabeça.

A ruiva apenas fechou os olhos e obedeceu a fera, seja o que fosse, deveria sair o mais rápido possível dali, aquela sensação se ser observada lhe arrepiava os pelos do corpo e com todos os músculos tensos Hela começou a tomar caminho para cima.

— Achou o caminho receptáculo — Disse uma voz antes que Hela pudesse dar mais um passo — O que a herdeira veio fazer no meu poço? Por acaso chegou a hora de pagar pela sabedoria?

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— Não responda — Fenrir sussurrou, como uma estátua Hela permanecia parada com os pés afundados naquela poça estranha — Não olhe para trás, apenas saia daq--

— Não estou falando com você, besta — A voz que Hela sabia a quem pertencia soou novamente, agora um pouco mais irritada — Seu animal imundo, como ousa--

— Como você ousa falar assim com ele? — Surpreendentemente a audácia de Hela voltou rápido demais — Quem pensa que é para falar assim com Fenrir?

— O senhor da sabedoria — Hela revirou os olhos, porque ouvir alguém insultar Fenrir começou a fazer seu corpo inteiro esquentar — Eu quero saber--

— Senhor da sabedoria meu cu — Ela cortou novamente a voz insistente cheia de si — Mimir, ou seja lá o que for, me ouça oh grande senhor da sabedoria — Disse com todo o sarcasmo que existia em seu corpo — Os tempos são outros, o povo é outro, a sabedoria não vem para quem não a busca, enterrado no fundo desse pântano escuro ela nunca vira até você. Seu velho ultrapassado.

— Caralho, você é uma maluca suicida — Fenrir choramingou em meio a uma risadinha preocupada.

Um silêncio se fez longo e antes que Hela pudesse dar outro passo dentro na lama fria do poço Mimir explodiu em risadas, altas e esganiçadas.

— Ora ora, a filha de Odin é melhor do que eu imaginava — Mimir suspirou longo — Por baixo desse seu gênio impulsivo vejo que se tornará muito maior do que o esperado, não por causa da besta em seu peito ou do que carrega em seu ventre, Hela Odinsdóttir, eu te vejo em breve.

— Não conte com isso seu velho esquisito — A ruiva segurou firme algumas raízes e se puxou para fora do poço — E pare de atrelar meu nome dele.

— Não seja tão ingrata, menina — Hela parou — Não cultive amargura por Odin, ele esta com você, não vê?

— Comigo? — O som que saiu e sua garganta foi amargurado e dolorido, seus olhos até mesmo encheram-se de lágrimas, mas por que? — Odin está comigo? — Repetiu ainda mais dolorida — Que piada ridícula.

— Os deuses estão com você — Mimir se sobrepôs ainda firme.

— Já não confio tanto na vontade dos deuses — Murmurou para se convencer.

— Quando souber o preço a pagar estarei no mesmo lugar te aguardando, até breve Hela Odinsdóttir — Mimir deu fim a conversa e quando a ruiva virou para retalhar outra vez era só um pântano escuro e cheio de sapos que se podia ver.