☆ Capítulo 01 ☆

3K 252 43
                                    

Londres, Inglaterra 1823

Anya

Cantarolando distraidamente, eu arrumava a sala de estar da mansão que estava repleta de brinquedos. Depois que a filha de Mary, que surpreendentemente era a mesma mulher que tanto me cativou naquela tarde, se mudou com sua filha de coração, sua mãe adotiva e seu adorável cachorrinho Luke, a casa ficou animada e agitada da melhor maneira possível.

Meu coração se alegrava ao ver Mary e Nathaniel reencontrarem a filha deles, eu sabia da dor que eles passavam dia após dia, por não conseguirem notícias dela. Agora, tudo estava se desenrolando e eles estavam felizes de novo, e isso me dava um profundo alívio.

Os dois me ajudaram muito e são muito bons comigo, me sentia em dívida com eles. Mary sempre esteve do meu lado e me apoiou como uma mãe, Nate sempre me estendeu a mão e sempre me defendeu como se eu fosse sua própria filha.

Eles eram mais que patrões, eram mais que amigos, eles eram minha família. Eram a única família que realmente me amou e me aceitou, e os defenderia e protegeria de tudo se pudesse. Eles eram preciosos para mim, muito. Tinham um lugarzinho especial no meu coração.

Naquela noite, Mary, Nate e Morgana tinham saído por um instante e Griselda havia ficado, pois disse que precisava terminar de arrumar algumas de suas coisas. Então ficamos, eu, Griselda, Margarida e Jane.

Griselda e Jane estavam no andar de cima no quarto dela, Margarida estava limpando a cozinha e mimando suas panelas, Elisa já tinha ido para casa e eu estava aproveitando meu tempo recolhendo e colocando cada brinquedinho no baú de Jane.

Despertei de meus devaneios quando ouvi alguém bater à porta, arremessei a boneca de pano que estava segurando no baú e corri até a porta.

No momento em que abri-a, meus olhos se arregalaram e meu sorriso vacilou, mesmo que meu coração tivesse encantado apenas por vê-lo e um reboliço estranhamente prazeroso agita-se meu estômago só de me dar conta que ele estava a menos de um metro de mim.

Mesmo com todo o meu corpo ameaçando entrar em combustão, um medo irracional ameaçou me enlouquecer. Eu não pensava que o veria de novo, tentei ao máximo não pensar nele, e mesmo que não tenha tido muito sucesso, consegui me convencer a ficar calma que ele não poderia me afetar estando longe.

Mas aí o homem bateu à minha porta e me olhou como se eu fosse a coisa mais linda que ele já tinha visto, de uma forma doce e intensa que me fazia, por um segundo, esquecer tudo que eu tinha passado. Me fazia esquecer que eu ainda estava tentando juntar o estrago que o último homem tinha feito na minha vida e no meu coração.

A dor é um sentimento que se enraíza profundamente dentro de você, te faz ficar insegura, te deixa terrivelmente triste e você fica completamente apavorada com a mínima possibilidade de se machucar novamente, quando na verdade você nem ao menos se recuperou do último baque.

Então, depois de tudo, você desenvolve uma camada protetora. Uma armadura. Pode ser movida pela raiva, ou na maioria das vezes ódio, ou no meu caso, pelo medo. Medo de se machucar de novo, de ter seu coração completamente destroçado sem a menor piedade.

Por isso, ergui as barreiras ao redor do meu coração e tentei ser educada ao falar com ele.

- Posso ajudar, senhor? - eu não sorri, nem ao menos cheguei perto. Mantive minha voz neutra e despreocupada.

O homem engoliu em seco e assentiu.

- Sim, senhorita - respondeu, e um sorriso preguiçoso espichou sua boca - Não vai me convidar para entrar?

Tentando me manter calma e convencer meu coração que não precisava dessa agitação toda só por um sorriso bonito, falei:

- Não vejo necessidade, senhor - apoiei-me na porta e o encarei - Eu nem ao menos sei o seu nome. Se precisar de alguma coisa, diga que eu vejo se posso ajudá-lo.

Como Conquistar Uma DamaOnde histórias criam vida. Descubra agora