☆ Capítulo 09 ☆

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Anya

Depois daquele dia Elliot não voltou a me procurar, ele ainda vinha à mansão, mas eu nunca o via. Ele sempre ficava no andar de cima com Morgana ou Jane. Eu sabia o porquê de seu distanciamento.

Ele queria me dar espaço, me deixar respirar livremente. E sei que deveria estar feliz com isso, mas não estava. Era isso que eu queria desde o início e agora simplesmente ficava espreitando pela casa apenas para tentar ouvir sua voz.

Me obriguei a ficar quieta no meu lugar, esse sentimento uma hora passa, tinha que passar. Me concentrava em fazer minhas tarefas para não deixar que meus pensamentos fossem consumidos por ele. Mas, claro, não tive nenhum sucesso nisso.

Parecia que para qualquer lugar que eu olhasse me fazia pensar nele, me lembrava ele. Eu entrava na cozinha e lembrava do dia em que ele me surpreendeu, que me encurralou contra a parede e Griselda apareceu.

Quando isso tornava difícil respirar eu olhava pela janela, mas aí via o pôr do sol e me lembrava da sensação de seus braços ao meu redor, do calor de seu corpo e ouvir seu coração batendo.

Fechei os olhos e respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. Isso era ridículo.

— Aí está você, querida — Margarida foi dizendo, enquanto adentrava a cozinha — Estava a sua procura para dizer que Nate pediu que fizéssemos assado essa noite, mas não tenho um bom corte aqui no momento. Você poderia ir ao açougueiro, por favor?

— Claro — respondi com um sorriso. Terminei de guardar a louça com que me ocupava a um certo tempo e peguei uma fatia de bolo de milho em cima da mesa, e quase me engasguei com a próxima coisa que saiu dos lábios dela.

— Elliot perguntou por você — contou, ocupando-se com os preparativos para o jantar.

Engoli rapidamente o pedaço de bolo e tentei não parecer muito ansiosa ao perguntar:

— Ele perguntou? Quando? Ele está aqui? — um desejo enorme de disparar para a sala de estar me invadiu e cheguei a me virar para a porta da cozinha, mas consegui me impedir de fazer uma burrice antes de dar um passo.

Meu coração acelerado parecia revoltado por eu não atender a sua súplica, mas fiquei dolorosamente imóvel. Fechei os olhos e respirei fundo antes de voltar-me para Margarida, que estava tão compenetrada que nem notara que quase sai correndo.

— Sim, ele está. Perguntou como você estava, mas quando disse que poderia te chamar se ele quisesse ele negou. Não entendi.

Ainda olhei uma última vez para a porta e suspirei.

— Vai ver ele tinha coisas mais importantes para fazer — murmurei baixinho, acariciando meu braço distraidamente — Eu já vou indo. Volto em um instante.

Obriguei minhas pernas a se mexerem e fui até meu quarto para arrumar meu cabelo e pegar o que precisava para sair. Com o cabelo apresentável e a cesta em mãos, sai pela porta lateral, caminhando pelo jardim com os olhos esperançosos na direção da entrada principal, mas ninguém apareceu. Meu coração choramingou e me amaldiçoei mentalmente por deixar que ele me afetasse tanto.

Passei pelo portão e me permiti distrair com cada pequena coisinha que via pelo caminho. Acenei com a cabeça em cumprimento a um vendedor que passou por mim e sorri para um menino que brincava com dois bonequinhos sozinho.

Deixei meus pensamentos correrem soltos e não foi surpresa nenhuma Elliot invadi-los sem a menor consideração.

Estávamos na mesma casa, a possíveis metros de distância e ele nem ao menos se dignou a me cumprimentar, isso estava mexendo comigo mais do que eu seria capaz de admitir. Estava irritada com ele por achar que precisava me dar espaço, eu não queria isso, não mesmo. Não precisava.

Como Conquistar Uma DamaOnde histórias criam vida. Descubra agora