☆ Capítulo 14 ☆

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Anya

Alguns dias depois...

Nossa vida pode mudar tão rapidamente e bruscamente que às vezes nem conseguimos acompanhar, podem ser mudanças boas ou ruins. Mas isso sempre conseguia de alguma forma fazer com que nossas vidas nunca mais sejam as mesmas de novo.

Depois do nascimento de Alice, filha de Morgana, os pais de Christian se arrependeram e se redimiram com ele. Foi lindo e muito emocionante. E fiquei feliz por vê-los se reconciliarem, de verdade. Mas isso também me fez pensar nos meus próprios pais, e isso sempre me deixava um pouco triste e não queria me sentir assim. Não hoje.

Todos viriam jantar e nós já tínhamos encaminhado muita coisa, arrumamos toda a casa, decoramos a mesa de jantar, coloquei um lindo arranjo de flores para dar vida ao ambiente. A ocasião definitivamente pedia por isso, hoje era importante, todos juntos. Como uma família.

Respirei fundo e um suspiro trêmulo me escapou ao lembrar de que algum tempo atrás eu estava fazendo o jantar para meus pais, eu estava ansiosa e temerosa na mesma medida, queria que fosse especial. Iria, pela primeira vez, mostrar minhas pinturas para alguém.

Nunca contei a ninguém que pintava. Não me achava boa o suficiente e tinha medo do que falariam. Mas naquela noite, eu me sentia diferente, me sentia corajosa e pronta para enfrentar a opinião deles. Ou pelo menos achei que estava.

Meu coração doeu ao lembrar da expressão de desaprovação de meu pai ou a carranca e o desgosto evidente que minha mãe não fazia o mínimo esforço de esconder.

— Por que essa carinha triste? — Elliot perguntou suavemente, parando ao meu lado.

Eu estava perto da janela na sala de visitas, que quase não era usada. Estava me escondendo, mas ele sempre me achava.

Virei a cabeça para olhar para ele.

— Lembranças — foi tudo que eu disse. Ainda não estava pronta para falar sobre os momentos difíceis da minha vida.

Ele assentiu, compreensivo.

— Pretende fazer algo agora?

— Acho que não.

— Ótimo — ele sorriu — Venha me ajudar com a sobremesa para hoje a noite então.

— Obrigada pela sugestão — tentei sorrir, mas meu coração ainda doía — Mas acho que tenho coisas a fazer.

— Engraçado você achar que foi uma sugestão — ele comentou, achando graça.

Quase gritei quando ele, do nada, agarrou-me e me colocou sem dificuldade em cima de seu ombro, me carregando como se eu fosse um saco de batatas que não pesasse nada.

— Me coloque no chão — exigi, cutucando suas costas com o indicador — Agora, Elliot.

— Não vai dar não, amor.

— Por que você nunca faz o que eu digo?

— Porque você pede coisas absurdas. Como por exemplo agora, quer ficar aqui dentro desta sala escura, triste. E não vou permitir.

— Isso não é da sua conta — retruquei, sentindo minhas bochechas corarem.

— É aí que você se engana — ele rebateu, ajeitando-me em seu ombro, enquanto caminhava até a cozinha — Absolutamente tudo sobre você é da minha conta. Simplesmente porque eu me importo com você.

Meu coração errou uma batida. Irritada, belisquei seu traseiro. Com força. Elliot assobiou e praguejou baixinho, e eu segurei o riso.

— Ora, sua criaturinha atrevida... — ele murmurou, e logo depois senti quando beliscou meu traseiro de volta.

Como Conquistar Uma DamaOnde histórias criam vida. Descubra agora