Capítulo 6 - Um sonho ou...?

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Dois dias se passaram... Maya continua me evitando ao máximo, acredita? Eu que deveria estar fazendo isso.

Afinal, foi eu que perdi a memória, eu descobri estar casada com alguém que nunca suportei, eu tenho um filho gerado por mim que eu não lembro, estou numa casa estranha, todas as pessoas que eu conhecia hoje em dia estão casadas e completamente diferentes.

Por que ninguém se põe no meu lugar ao menos um pouco? Por que as pessoas não conseguem entender que eu estou com medo disso? Eu estou vivendo a minha vida como se fosse outra pessoa.

Eu sou uma adolescente que na verdade não é adolescente mais.

O único lado bom nisso tudo até hoje sem sombra de dúvidas é o Louis, esse pequeno é incrível. Ele é tão inteligente, cativante, um amor de garoto. Um filho exemplar, ele nunca responde e sempre obedece quando lhe mandam fazer alguma coisa. Sem contar que nós temos nos divertido bastante. Quando ele volta da escola eu grudo nele como se minha vida dependesse disso, somente com ele eu me sinto à vontade nessa casa.

Maya apenas nos observa de longe, eu sinto seus olhares, eu vejo seus sorrisos. Mesmo sem querer demonstrar é nítido o quão feliz ela fica ao ver Louis e eu interagirmos. Acho que ela gosta disso, as únicas vezes que a vejo sorrir são nessas horas ou então quando ela está com Louis.

Mesmo sem perceber eu também tenho a observado, ela parece cansada, suas olheiras — antes invisíveis, hoje estão bem visíveis, bolsas enormes e escuras embaixo de seus olhos. Maya parece exausta, eu diria que ela não tem dormido bem durante a noite. Mas eu não faço ideia se a culpa disso é minha ou toda essa situação, ou as duas razões juntas.

Às vezes eu penso se não seria melhor para ela eu ir ficar com meus pais logo de vez, semana que vem eu irei fazer exames para saber mais do que houve comigo e se isso tem volta. Mas e não tiver? Como nós iremos viver assim?

Ela parece estar sofrendo enquanto eu continuo a odiando internamente, mesmo que um pouco menos. Não consigo despertar outro sentimento por ela.

Ninguém consegue viver assim por muito tempo, penso que uma hora ela ficará exausta da minha frieza e irá embora, e se ela decidir levar Louis com ela? Eu não aguentaria viver sem ele, não mais, eu aprendi a amar esse garoto.

Meu filho.

Meu.

Rezo todos os dias para que se caso ela decida ir embora, que deixe pelo menos ele.

É tão confuso e estranho pensar nisso, um filho, eu tenho um filho, eu sou casada, com ela, a pessoa que eu odiei desde muito tempo atrás. Isso é algum tipo de piadinha da vida? Piadinha muito sem graça.

— Mommy!

Volto a realidade ao ouvir o chamado de Louis e suas puxadas frenéticas na barra da enorme blusa branca de basquete do Chicago Bulls que ele me fez usar, Maya também está usando uma, de cor preta, assim como o próprio Louis que também está usando uma preta.

Maya me disse que é um tipo de ritual que costumamos fazer nos dias de jogos, ela contou que Mason viciou Louis em basquete, e desde então ele tenta nos fazer gostar também. Agora entendi porque tem várias coisas do Chicago Bulls aqui espalhadas pela casa. É sério, no quarto do Louis então tem vários acessórios dos Bulls, como ele mesmo chama o time. Sem contar os diversos moletons deles espalhados por ai.

— Oi, Lou. Me distraí um pouco aqui. — sorrio sem jeito para ele e acaricio seus cabelos. Seus olhos acinzentados estão mais brilhantes hoje. — O jogo começou?

— Ainda não. — ele responde animado, saltitando ele me puxa pela mão em direção ao sofá. Louis fica hiperativo em dias de jogos dos Bulls, anoto mentalmente. — Mama foi buscar nossos nachos.

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