02| boa ação

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- Você está bem?

Ele perguntou assustado enquanto eu limpava minhas lágrimas e tentava parar de chorar, eu realmente tinha me assustado com isso. Ele me puxou e afastou os caras de mim, me levando para um sofá e sentando no meu lado.

- Quem é essa Ash?

Perguntou a senhora sentada em sua frente.

- Não interessa, terminamos por hoje.

Ele falou para a senhora e deixou uma quantia de dinheiro na mesa se levantando do sofá enquanto eu o seguia para fora da casa.

Entramos no carro e ele se virou para mim.

- Você está bem?

Eu acenei que sim.

- Tem certeza?

Olhei para ele, dei um sorriso e acenei positivamente de novo.

- Tenho, eles me puxaram com força aí eu tomei um susto.

- Tem uma lanchonete no caminho, eu estou com fome e se você chegar em casa assim o Fez ia ficar puto comigo. Quer ir?

- Pode ser.

Não, eu não queria ir, eu comi pra caralho hoje e a última coisa que eu queria fazer é comer mais, mas eu concordei porque realmente seria estranho chegar chorando.

Alguns minutos depois chegamos e ele estacionou, nós descemos e fomos caminhando para a lanchonete conversando sobre coisas aleatórias. Sentamos e a garçonete logo veio nos atender.

- O que vocês desejam?

- Eu quero um hambúrguer com batatas fritas, e você Haley?

- Não vou comer nada, obrigada

Eu tenho transtorno alimentar a quase dois anos, eu sempre me preocupei mais com o meu peso do que com a minha fome em si, então depois de muito tempo a fome começou a sumir, e eu me acostumei a não comer.

- Você vai comer sim, estou com você a horas e ainda não comeu nada, se você desmaiar eles vão jogar a culpa em mim.

- Mas eu não estou com fome.

- Não é problema meu.

- Tá bom, eu quero uma salada.

- E...

- E um suco. Está feliz agora?

- Muito.

Ele respondeu e deu um sorriso irônico para mim.

Enquanto esperávamos a comida dessa lanchonete demorada pra caralho, eu comecei a pensar em como ele tinha chegado nessa vida tão novo, o cara tinha dezessete anos e já podia passar anos na cadeia.

Eu sabia que ia me arrepender depois por ser tão curiosa, mas perguntei mesmo assim.

- Como você chegou aqui?

- Quê? Enlouqueceu? Eu vim de carro com você.

- Eu sei disso, idiota, eu tô falando da sua vida de traficante e calvo aos 17.

- Eu não sei, na verdade eu tô com o Fez desde que eu nasci, mas nunca parei pra pensar como eu cheguei aqui.

- COMO ASSI-

Parei de falar quando a moça chegou com os nossos pedidos, até porque não é todo dia que você descobre que o cara de 1,76 que tá sentado na última mesa da sua lanchonete é um traficante, então só voltei a falar quando ela voltou para a cozinha.

- Como assim você não sabe quando começou a ser traficante caralho? Isso não é que nem falar ou ler, essas sim são coisas que você não percebe, mas geralmente as pessoas se lembram quando viraram procuradas pela polícia.

- Só pra esclarecer uma coisa, eu não sou procurado, não oficialmente, ninguém têm provas o suficiente, fazer o que né, sou inteligente pra cacete. Mas respondendo sua pergunta, eu sempre estive no meio dessas coisas, e durante o tempo eu só fui me envolvendo mais.

- História de vida muito comovente, você explicou tão bem que eu quase chorei com tudo isso de detalhe.

O garoto riu e continuou me falando mais sobre sua infância até terminamos o lanche, mas enquanto caminhávamos até o carro, Ash achou que seria uma ideia incrível me deixar pra trás e começar a correr.

- FILHO DA PUTA, VOLTA AQUI.

Gritei e corri atrás dele, mas eu obviamente tinha que tomar um puta tropeço no meio do caminho e cair de cara no chão.

Quando Ash viu o que tinha acontecido, veio até mim rindo e falou:

- Pelo visto seu forte não é a corrida, vou me lembrar de nunca dar uma fuga na polícia com você por perto.

O garoto se abaixou até mim e puxou minha mão para que eu me levantasse, porém eu como uma pessoa com atitudes totalmente previsíveis puxei a mão dele e o garoto caiu do meu lado soltando um grito, eu aproveitei o momento e corri até o carro, quando cheguei lá sorri para o garoto irritado que vinha em minha direção e disse:

- Cheguei primeiro, boboca.

- Você trapaceou tá, só ganhou porque eu sou um cavalheiro e deixei você ganhar.

- Com toda certeza.

Falei irônica e vi o garoto sorrir para mim.
                        
ASHTRAY

- Porra ela dormiu.

Falei enquanto encarava a garota sentada ao meu lado dormindo. Como ela dormiu em um caminho de quinze minutos?

Ela teve um dia cheio, peguei ela no colo e a levei para dentro da casa, chegando lá, encontro Fez e Lexi cantando uma musiquinha, que porra é isso? Boiolas do caralho.

- Ei, irmão voc-

- Shh caralho.

Ele se virou e parou a frase ao perceber que eu estava carregando Haley.

Antes que ele falasse algo botei ela em minha cama e tirei seus sapatos enquanto a cobria.

Saí do quarto e fui para a sala dando de cara com os dois me olhando de uma forma estranha.

- Que porra foi isso?

Fez perguntou.

- Eu saí para fazer algumas entregas e ela foi comigo, só que dormiu no caminho e eu não quis acordar ela, só isso.

- Você tá estranho, em outras épocas cê jogava a mina no chão e mandava ela ir andando ou se arrastando, tá tudo bem?

- Não foi nada Fez, ela teve um dia ruim, só fiquei com pena de acordar ela.

- Aproveita que ela está lá na sua cama e deixa ela lá, a Lexi vai dormir aqui hoje e não tem como levar ela para casa.

Puta que pariu toda vez que eu tenho uma boa ação eu tomo no cu, fui deixar a garota dormir na minha cama, e agora eu fiquei sem cama.

- Porra Fez, tá brincando né?

- Não, é sério.

- Mas eu na-

Fui interrompido por Fez e Lexi indo para o quarto correndo.

- Valeu irmão, você é incrivel, te amo.

- Ma-

Então eles fecharam a porta e eu fui pro banheiro colocar um pijama para finalmente dormir. Quando voltei para o quarto vi a Haley sentada na cama me olhando com uma cara confusa.

- O que aconteceu?

-babe-Onde histórias criam vida. Descubra agora