Mesmo com o passar do tempo, não consigo tirar aquele ser da minha mente. Quero ir a fundo, tenho tantas perguntas; no entanto, tenho mais com que me preocupar. Tenho notado um comportamento estranho em Sophia, ela anda suspirando pela casa e já não brinca com Oliver, sinto uma espécie de tristeza, uma profunda melancolia. Pena que Benjamin anda muito ocupado para notar que sua filha está com problemas.
Decido investigar. Não vou deixar que nada de ruim aconteça com Sophia. Afinal, era o que Eva faria. Os primeiros raios do sol começam a aparecer; Sophia logo estará de pé para ir para a escola. Desta vez, verei de onde está vindo o problema.
Ótimo, ela já está arrumada e indo em direção à porta. Saio discretamente atrás dela e consigo acompanhá-la até a escola. Afinal, não é tão longe assim. Ao atravessar a rua, vejo Sophia respirar fundo antes de entrar lá. Ela parece estar com medo e assustada. Temo por ela. Porém, nada irá acontecer com ela, pois aqui estou. Não que eu possa fazer muita coisa, mas vou tentar cuidar bem dela.
- O que é aquilo?
Dois garotos se aproximam lentamente em direção a Sophia. Vejo ela se afastar com medo. O que será que eles estão falando com ela? Começo a ficar furioso, pois Sophia começou a chorar. Tenho que resolver isso, não posso deixar que garotos mais velhos a aborreçam. Vendo Sophia chorar, sinto meu corpo se encher de raiva. Preciso controlar minha raiva. Tenho que pensar em algo rápido.
Vejo Alfred do outro lado da rua, e logo me surge uma ideia. Alfred é um velho amigo que só vejo nas sextas, pois ele tem seu próprio território. Isso significa que hoje Benjamim estará em casa. Os garotos não encostaram nela, acho que o melhor a se fazer é chamar Benjamim. Corro o mais rápido possível para casa e vejo Benjamin sentado em frente à TV.
- Como vou avisar a ele que Sophia corre perigo?
Só há uma forma de fazer isso. Vou até ele e roubo o lenço que fica em seu bolso, que Eva lhe deu antes do nascimento de Sophia. Ele olha bravamente para mim e diz:
- Me devolva isso, gato. (Benjamim)
Corro em direção à escola. Ele estava me alcançando até que... ao virar a rua, percebo que Sophia não está mais lá. Não consigo sentir o cheiro dela, nem mesmo o cheiro daqueles garotos. Entro na escola ainda com o lenço na boca e com Benjamin na minha cola. Procuro por todos os lados, mas não vejo nem sinto Sophia.
- Onde será que ela está?
- Por que não consigo sentir seu cheiro?
Benjamim me alcançou. Não há o que fazer; ela não está aqui, minha única reação é sentar e chorar. Benjamin toma de minha boca o lenço que tanto ama, olha para mim furioso. Não sei como reagir; só consigo ficar parado nesse corredor vazio e pensar.
- Para onde foi minha menina?
Decido voltar para casa junto a Benjamin na esperança de que ela volte. Entretanto, ele faz um percurso diferente do meu e segue para uma sala. Vou atrás dele.
- Será que Sophia está lá?
Mesmo não sentindo o cheiro dela, resolvo acompanhá-lo. Ele entra em uma sala cheia de crianças como Sophia e uma única adulta que ali se assemelha levemente a Sabrina, a irmã de Eva. Benjamin pergunta a essa mulher onde está Sophia; ela parece espantada e responde que Sophia não foi à aula hoje.
É a primeira vez que vejo Benjamin gritar com alguém. Ele parece nervoso, assim como eu, mas não posso fazer nada; eles não conseguem me entender. Benjamin parece triste e preocupado; ele corre para casa, e agora sou eu que tento acompanhá-lo. Sinto seu medo e uma grande raiva vindo de seu olhar; ele teme tanto por Sophia.
Ao chegar em casa, ele grita o nome de Sophia por todos os lados. Ele ainda está desesperado, começa a gritar e chorar. Ele pega seu telefone e liga para a polícia, logo esta casa estará rodeada de luzes azuis e vermelhas. Tento consolá-lo, ficando perto dele, foi então que ele faz algo que não sentia desde a morte de Eva: ele me abraça em seus braços, e suas lágrimas escorrem pelo meu pelo.
Estou sentindo algo; eu conheço esse cheiro. Está um pouco fraco, mas sei de qual direção está vindo. Sophia, esse é o cheiro da Sophia. Saio dos braços de Benjamin e começo a correr em direção ao cheiro de Sophia.
- Por que o cheiro dela está tão fraco? Para onde ela foi?
Eu corri tanto que nem percebi para onde estava indo. Estou próximo ao bosque onde vi a Faunesse pela primeira e última vez, e é de lá que vem o cheiro de Sophia. Corro até onde parece estar mais forte, e lá a vejo: bela e misteriosa Faunesse, que está sentada na mesma raiz da última vez.
Vou em direção a ela e a vejo fazer uma expressão furiosa.
- O que fazes aqui, gato Arlequim? Já não disse para não voltar aqui? (Nair)
- Peço-lhe perdão, ó Faunesse, mas estou seguindo o rastro de Sophia, minha dona. (Arlequim)
Olho lentamente ao redor, tentando identificar de onde está vindo esse cheiro. Percebo que aquele buraco que a senhorita Faunesse tanto protegia era a zona onde o cheiro estava mais forte.
- Senhorita Faunesse, você viu alguma humana entrando por aquele buraco? (Arlequim)
- Claro que não, gato estúpido. Sou a protetora do portal; nada entra ou sai sem que eu fique sabendo. (Nair)
- Confio em suas palavras, mas me perdoe por ter que fazer isso. (Arlequim)
Corro em direção ao portal. A Faunesse grita furiosa e começa a recitar palavras estranhas; as raízes da árvore começam a subir e formar uma espécie de barreira entre nós e o portal. Pena que seus poderes são lentos demais. Continuo correndo e identifico uma brecha onde todo meu corpo caberia sem nenhum problema. Me jogo assim no portal; sinto meu corpo ser sugado com uma força indescritível. Tamanha força me faz perder lentamente a consciência...
Como prometido, esse é o início de uma grande aventura a procura de Sophia, agradeço por lerem. Votem e comentem o que acharam das atitudes de Arlequim. Espero vocês nos próximos capítulos.
<3
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Arlequim
FantasyA jornada de um gato a procura de sua amada. Ao longo dessa jornada o gato Arlequim irá fazer amigos novos e descobrir coisas sobre seu passado, irá descobrir que a vida não é só onde estamos, mas também para onde vamos.