-A história do nosso mundo só pode ser contada pela biblioteca de Sarai, portanto, só consigo lhe dizer que nossa história transcende qualquer outra já contada. Somente nós Oragipi podemos entrar na biblioteca de Sarai; se tenho alguma dúvida sobre sua espécie, ela se esvairá quando seus pés pisarem lá. Esse poço, um poço tão comum aos olhos de todas as espécies, que só serviria para saciar a sede de um atravessante de memórias, contém o segredo, a verdade, o caminho para a biblioteca de Sarai; caminho esse que foi criado pelas lágrimas de Gabai fundidas ao solo para que seus filhos jamais se perdessem para a ignorância. Bendita seja a injustiçada. Tal segredo, caro Arlequim, foi guardado a sete chaves, ou melhor dizendo, a sete vidas. (Bartoh)
- Você já esteve lá? (Arlequim)
- Sim, um dos poucos que lá já pisou, depois da terrível batalha. (Bartoh)
- Isso significa que você possui todo o conhecimento de lá? (Arlequim)
- HO HO HO, você pensa que sou algum tipo de sábio? Sou apenas um velho tolo que por amor foi movido. De tantos livros lá escritos, eu só podia ler um; uma das regras da biblioteca. Talvez pense que li o livro dos deuses, ou talvez a história de Gabai, ou melhor ainda, o mapa para o tesouro do gnomo Azir. Mas, meu amigo, eu li o livro da vida e morte. Foi assim que descobri sobre os mundos, e tal conhecimento me deixou fadado a saber que jamais voltarei a ver minha amada. Às vezes, a ignorância dói menos. Há aqueles que a chamam de dádiva e aqueles que gastam toda sua vida para combatê-la. (Bartoh)
- Sinto muito. (Arlequim)
- Você irá sentir mesmo quando escolher seu livro. (Bartoh)
- Como chegamos lá? (Arlequim)
- Há três formas: sacrificando uma princesa no ritual anual da colheita, usando a essência dos artefatos perdidos de Bon-hir e atravessando o vale de Gabai, que atualmente se chama o reino abandonado de Gaya. (Bartoh)
- Ótimo, vamos pelo vale. Onde fica? (Arlequim)
- Ninguém sabe. (Bartoh)
- Espera, estamos decidindo entre assassinar uma nobre, procurar artefatos perdidos ou redescobrir um reino. Bartoh, isso é loucura! (Arlequim)
- HO HO HO, uma loucura que trará sua amada. Você acha mesmo que sobreviverá nesse mundo sem conhecimento? Acha que alguma espécie irá te ouvir? Você não tem força, não tem dons e não tem conhecimento. Não servirá nem mesmo como aperitivo para uma Nens. (Bartoh)
- De fato, você tem razão, Bartoh. Mas me diga, como você encontrou a biblioteca e por que não pode me levar até lá. (Arlequim)
- Só existem três formas. Eu não tenho os artefatos de Bon-hir e não sei onde está localizado o reino abandonado de Gaya, então tire suas próprias conclusões. Em momento algum disse que eu era um nobre cavalheiro com senso de justiça, mas, pelo contrário, sou apenas um velho tolo. Diante disso, respondo sua segunda pergunta. A biblioteca não fica no mesmo lugar; ela renasce toda manhã em um lugar aleatório, seja no mundo físico ou em alguma memória. As formas para encontrá-la são apenas tipos de rastreamentos que, após levá-lo à biblioteca, se desfazem completamente, exceto pelo reino, que se mantém no mesmo lugar. (Bartoh)
Não consegui controlar minha face de choque; quem imaginaria que dentre essas opções Bartoh escolheria a mais cruel. Aquela voz me instruiu a procurar Sarai para encontrar Sophia e como Oliver está ligado a isso? O que farei? Não há muitas opções para mim, mas minha índole jamais me permitiria matar outro ser. Procurar esse reino também me parece muito arriscado além de ser muito demorado, mas dentre todas as opções, de fato, encontrar peças perdidas é o mais difícil, pois não temos nenhuma pista.
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Arlequim
FantasyA jornada de um gato a procura de sua amada. Ao longo dessa jornada o gato Arlequim irá fazer amigos novos e descobrir coisas sobre seu passado, irá descobrir que a vida não é só onde estamos, mas também para onde vamos.