Capítulo 4- A busca

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A dor latejante em minha cabeça começa a ceder, e meus olhos se adaptam ao intenso clarão ao meu redor. À medida que a luz se torna menos avassaladora, minha expressão se transforma de desconforto para pura surpresa e fascínio. Este mundo diante de mim é simplesmente inacreditável, uma manifestação de pura fantasia.

A floresta que agora me cerca transcende a realidade, mergulhando-me em uma paisagem mística e encantadora. Os troncos das árvores se entrelaçam com videiras cintilantes, emitindo uma luminescência suave que banha tudo ao meu redor em tons mágicos. As folhas das árvores, uma paleta de cores iridescentes, transformam-se à medida que a luz do dia avança, criando um espetáculo visual em constante mutação.

Enquanto observo maravilhado, percebo que esta floresta é habitada por criaturas que só poderiam existir nos reinos da imaginação. Fadas ágeis voam rapidamente entre as árvores, adicionando flashes de cores brilhantes ao espetáculo. Gigantes gatos, com pelagens exóticas, vagueiam majestosamente pelos caminhos, enquanto outras criaturas peculiares revelam sua presença de maneiras igualmente fascinantes.

Os sons da floresta mística são uma sinfonia de melodias mágicas. O suave murmúrio dos riachos invisíveis, o canto encantador das aves desconhecidas e o zumbido suave das fadas criam uma trilha sonora que envolve todos os sentidos.

Cautelosamente, começo a explorar esse novo mundo, maravilhando-me com cada descoberta. Todos aqui estão me olhando de forma curiosa; as fadas me rodeiam, mas não entendo o que falam, seu idioma é formado não por palavras, mas por sons de estalos que as deixam mais fofas e cativantes. Uma delas pega em meu pelo e puxa, fazendo cócegas e arrancando-me uma gargalhada sincera.

- Se eu fosse você, não me enganaria com as risadinhas fofas e estalinhos das Nens; elas certamente estão querendo te devorar. (Voz grave)

Essa voz foi tão grave que as fadas se afastaram; uma sensação de medo me envolveu tanto que eriçou todo meu corpo e pelo, abaixo minhas orelhas e me deito no chão mostrando submissão. Algo está atrás de mim, mas não tenho coragem para me virar. Se essas fadinhas fofas e pequenas pretendiam me devorar, não quero nem imaginar o que o dono dessa voz fará comigo. Com o pouco de coragem que me resta, viro-me lentamente com medo que essa coisa acabe com minha vida antes que eu encontre Sophia.

- Mas que diabos é isso? Seria ele um gato gigante ou uma bola de pelo que ganhou vida?

- HO HO HO! (Gato gigante)

- Por que ele está rindo? (Arlequim)

- Em todas as minhas seis vidas anteriores, nunca havia visto um gato Oragipi mostrar submissão. (Gato gigante)

- Levante-se, garoto. Que isso não se repita ou você será devorado por qualquer outra raça. (Gato gigante)

- Diferente das fadinhas ou Nens, como você as chamou, você fala minha língua. Você também é de Paris? (Arlequim)

- Não fale do outro mundo aqui, garoto. Falo seu idioma porque somos da mesma raça, nada mais. (Gato gigante)

- Do que esse velho está falando? Oragipi, o que é isso? Mesma raça? Ele também veio do mundo humano? Por que não posso falar sobre o mundo humano? São tantas perguntas.

- Concordo, são muitas perguntas, garoto, mas as responderei. Oragipi é uma antiga raça de gatos que não vieram desse mundo e que podem atravessar fronteiras, sejam elas físicas ou mentais, sem falar dos dons que alguns nobres possuem. E sim, você também é um; por isso não o devorei, assim como está escrito na lei 315 criada pela Ragi ancestral. E por favor, não me chame de velho; isso é desrespeitoso. (Gato gigante)

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