Não aguento viagens de avião por mais que eu queira não dá. As turbulências fazem a minha cabeça dar voltas e voltas até ficar completamente tonta, depois vem a habitual sequência de vómitos. Vou para Veneza finalmente. A última semana tem sido muito agitada, após ter feito o teste A, tive mais teste físicos, arco e flecha, facas, espadas, martelos TUDO! Eles ensinam-nos a lutar com qualquer objeto. Foram 2 semanas cansativas. Mas o que importa é que vou agora para Veneza. Pego no meu caderninho e reviso todos os passos da missão. Primeiro, tenho de ir para o hotel Margari e fazer o registo falso como Verónica Bonzo, péssimo nome eu sei, mas isso foi o melhor que pude, já que sou nova fico com os nomes que calham, ou seja, os piores. Sou uma turista e isso cobrira o facto de andar pela cidade inteira. A única informação sobre a eleição do chefe da gangue é que eles irão fazer um pequeno leilão próxima sexta, então tenho de comprar um vestido.
— Boa noite! — diz um jovem com cerca de 17 anos, se estiver certa ele é um ano mais velho do que eu — o meu lugar é ao pé de si — diz apontando para o acento vazio perto da janela. Levanto-me e deixo o sentar. Faltam 5 minutos para o avião descolar, não percebo como alguém pode chegar tão em cima do tempo. Volto a sentar assim que ele guarda as suas coisas.
— Pietro — anuncia estendendo a sua mão
— Verónica — digo secamente, não gosto de meninos, são parvos e imaturos. Eu tenho 4 irmão e viver com eles era um inferno, aprendi uma lição muito importante, amor é um sentimento criado na nossa cabeça que nos faz pensar que necessitamos de outra metade, mas eu não preciso de um menino para me completar, eu já estou completa. O principal motivo de ter entrado na agência era para conseguir-me defender dos meus irmãos, mas depois acabei por apaixonar-me pelo trabalho.
— Pimentinha? Ouviste?
— Nã... — paro a meio. — O que que tu me chamaste? Pimentinha?! — Será que ele conhece me ? Apenas a Jessica chamava-me pimentinha e isso era devido ao meu mau temperamento.
— Desculpa é que tens um tom de pele muito branca e por algum motivo estás vermelha — diz fazendo uma pausa, pois ouvimos o aviso que o avião ira descolar. Agarro o banco com força, e levantamos voo, o avião baloiça pelo céu como se estivesse a dançar, sobe e desce sobe e desce. Começo a ficar enjoada. Quando penso que já passou a turbulência volta mais forte. Começo a sentir os vómitos levanto-me rapidamente, mas desequilibro-me e caio em cima do Pietro.
— Afinal estás caidinha por mim — diz brincando com a minha cara.
Levanto-me novamente e apoio-me pelos bancos, assim que chego à casa de banho vomito na sanita. Vomito um pouco até tudo sair. Aperto ao autoclismo e lavo as mãos e a cara.
— Tu consegues Vinni — digo olhando para o espelho, que, na verdade não está a ser uma grande ajuda já que estou com cara de morto vivo. Estava extremamente pálida, os meus lábios estavam secos e o cabelo estava todo despenteado. A única solução era molhar o cabelo. Meto a minha cabeça em baixo da torneira e abro-a e molho todo o meu cabelo para tirar esse volume todo. Sempre tive um cabelo indomável, na escola chamavam-me Leão, porque o meu cabelo é ruivo e parecia uma grande chuba de leão. Seco o cabelo virando a cabeça violentamente para os lados. Depois de uns minutos saiu da casa de banho.
— Demoraste — diz Pietro assim que chego ao meu lugar.
— Fico sempre enjoada com viagens e acabo por vomitar- respondo pegando no meu livro.
Já passaram horas e estou cheia de fome.
— Tens fome?
— Sim...
— Ouvi a tua barriga — diz sorrindo.
Este homem gosta mesmo de brincar com a cara das pessoas.
— Tenho algumas bolachas, batatas, sumos, frutas
Nem o deixo terminar peço logo as bolachas e o sumo de laranja. Sem dizer nada da-me um pacote de bolachas e um sumo de laranja.
— Obrigada — agradeço com um sorriso enorme
— Então a mal disposta também consegue sorrir — diz na brincadeira
— Não fiques confiante, não é por tua causa é pela comida — respondo
Rimo-nos durante alguns segundos até voltar a manter a compostura. Ele de repente vira-se e quase berra.
— POSSO DIZER UMA COISA?!
— Shiuuuu — digo repreendendo o — Fala
— Dammi un bacio — diz em italiano
Olho para ele durante alguns minutos tentando traduzir mentalmente.
— Queres saber o que significa?
— Diz — digo fingindo estar desinteressada.
— Quer dizer dá-me um beijo
O meu coração trava. Consigo sentir a minha cara ficar vermelha e vermelha até chegar ao tom de um tomate. Mas que raios!? Um beijo? Ele deve estar avariado! Só pode ser isso.
— HAHAHAHHAH — Ri quase tão alto que o piloto deve estar a ouvir — Meu deus a tua cara devia ter gravado a tua reação foi incrível. Ficaste tão vermelha como um tomate.
Reviro os olhos. Idiota! Completamente idiota! Falta penas só mais uma hora para Veneza, depois bye bye idiota.
— Pimentinha, vais ficar aonde? — pergunta
Não o posso dizer isso. Nunca se deve dizer a localização a um estranho. Regra básica dos agentes.
— Longe de ti — digo metendo os auscultadores para ouvir música.
Pietro mexe no seu cabelo muitas vezes, reparo, ele tinha um loiro perfeito e os seus olhos com o reflexo do sol derretiam como mel. Ele tinha uma pele delicada, parecia um príncipe. Apercebo-me de que estou a olhar fixamente para a cara dele e desvio o olhar. Começo a ficar cansada, talvez durma um pouco.
***
— VERÓNICA! — Salto assustada da cadeira — Chegamos
Olho para Pietro perplexa. ESTOU EM VENEZA. Levanto-me animada, pego na minha pequena mala e despeço-me dele.
— Obrigada por acordares-me e até nunca.
— Bem se quiseres encontrar-me vai ao Hotel Margari — diz pegando nas suas coisas
— É o quê?! — viro desesperada
— É o hotel da minha família
Eu tenho uma sorte desgraçada. Eu não acredito nisso. Ele vai ser uma distração.
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Jogadas Perigosas
Novela JuvenilVinni uma aprendiz da escola de agentes é enviada para Veneza para descobrir o novo líder da gangue ''Lo spietato'' mas acaba por o conhecer muito antes do tempo. Pietro era lindo, tinha cabelos loiros e olhos castanhos de mel o que dificulta o trab...