Capítulo 2 - O hotel

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Acordo um pouco atordoada. Só pode ser azar. O Pierro é filho do dono do Hotel, é como se fosse planeado, não acredito em destino, nem sorte, acredito na ciência e em fenómenos naturais, mas isso só pode ser coincidência. Agora estou no meu quarto, não é muito grande, mas é aconchegador. O que tem mais destaque é a cama casal coberta por um lençol de algodão rosa pastel, por cima da cama tinha uma pequena manta de lã branca como a neve. O tapete trabalhado com desenhos de flores laranjas escuras que estava em baixo da cama era deslumbrante. No lado esquerdo do quarto havia um armário de madeira pouco trabalhado e em cima tinha um vaso com flores, Rosas, e na parede tinha uma pintura do mar. As paredes eram cremes o que combinava com o chão de madeira brilhante. Pego na minha mala e ponho-a em cima da cama e desfaço-a. Arrumo as roupas no armário, mas mantenho as armas escondidas na mala e algumas peças de roupas, em caso de fuga rápida já tenho tudo preparado. O quarto era uma suíte então vou até à casa de banho tomar banho, estou a cheirar a vómitos e pessoas. Ligo a água morna, e coloco uma música no meu telemóvel" I was made for loving you" dos KISS. Realmente amo essa música quase um clássico na minha opinião. Tomo banho o mais rápido possível, odeio perder tempo e tenho de rever o plano. Saio da casa de banho e vou até ao quarto novamente para vestir. Depois de alguns minutos, pego no caderno de anotações e constato a agenda de amanhã.

Plano

Primeiro - Tomo o pequeno-almoço no salão do hotel

Segundo - Vou com o grupo de turismo fazer uma visita pela cidade.

Terceiro - Vou à galeria dos Vestidos, comprar o vestido para o leilão.

Quarto - Peço ao Eric para mandar-me o cartão de acesso ao leilão.

Quinto - Aproximo-me dos Empregados de mesa e descobro informações.

Sei que tenho uma parceira no caso só não sei quem é. O meu problema agora era o Pietro, ele fica a fazer perguntas sobre mim o tempo todo, não percebo o que ele quer.

Alguém bate a porta. Escondo o caderno em baixo da minha almofada e a mala em baixo da cama. Organizo o meu cabelo e abro a porta.

— Boa noit...- paro, era o Pietro — és tu — digo desiludida — O que que queres?

— Só queria saber se gostaste da suíte — pergunta um pouco desanimado fazendo olhos de cachorrinho abandonado, os seus olhos de mel brilhavam tanto como se fosse chorar

— Estou muito bem, obrigada, se não queres nada, adeus — digo fechando a porta

Ele interseta o meu movimento metendo o pé entre a porta e a viga da porta.

— Tens tempo?

— Para ti? Não — respondo firmemente

Não quero perder tempo com ele, tenho uma missão a cumprir não posso distrair-me.

— Por favor — diz implorando

Reviro os olhos. Se calhar até é uma boa ideia, observo o espaço e as pessoas.

— ok! Espera — digo fechando a porta

Meto um casaco de lã vermelho, pois está muito vento e faço um coque meio desfeito, alguns cabelos ruivos estão soltos, mas isso não é relevante. Abro a porta.

— Vamos ?

— hmmm claro — responde um pouco desajeitado

Saímos do corredor principal onde se encontrava o meu quarto e vamos até ao jardim. Estava cheio de Peônias e lírios-brancos. O jardim era maravilhoso. As cores vivas e os arbustos em formas de animais criava uma bela harmonia. Também há uma fonte linda mesmo no centro.

— Aquela é a fonte dos desejos de Antonella — diz fazendo uma pequena pausa -a minha bisavó. Dizem que se lançares uma moeda os teus desejos são concretizados- diz orgulhoso

— Sei — respondo um pouco desconfiada — não é apenas uma forma de ganhar dinheiro?

— Talvez- diz dando um belo sorriso matreiro.

Andamos mais um pouco em silêncio. O seu cabelo loiro era lindo a luz do luar e os olhos pareciam estrelas. Subitamente paro durante um segundo. Alguém estava a seguir nós, posso sentir. Viro-me, mas não há ninguém.

— PODES APARECER! — grito

— O que se passa?! — pergunta um pouco confuso

— Alguém está a seguir-nos!

Ele olha para mim confuso e de repente percebe o que lhe disse.

— Ahhhh! É o Matteo, o meu segurança — ele diz como se fosse normal ter alguém a segui-lo no meio da noite -Matteo puoi lasciare il servizio

Um homem surge das sombras, ele é alto e robusto, tem pouca barba e feições finas. Assim que aparece beija a ponta dos dedos e levanta-os para o ar e o Pietro faz o mesmo. Talvez seja um cumprimento? Não importa! É muito estranho ele ter seguranças particulares dentro do próprio hotel do pai.

Ele olha para mim e depois para o Pietro

— Ciao sono Matteo — diz fazendo uma reverência.

Tento imitar o que ele disse

— Cia-o sono Verónica

O Pietro não deixa que a conversa acabe manda o Matteo embora. Ele despede-se e vai embora. Assim que ele desaparece viro-me para o Pietro

— Precisas de segurança? Porque ? O que que os teus pais fazem?

O Pietro olha para mim e suspira.

— Olha eu não tenho amigos e desde pequeno fui tratado como um príncipe — faz uma pausa para pensar - e ... talvez ... agora vou ter de ... de ... tomar uma decisão que não quero — diz parando muitas vezes.

— Como assim? — pergunto agora confusa

— O meu pai ... ele ... ele ... é ... o ... líder de uma gangue !

Quase que caio de susto, não me façam isso, só podem estar a gozar comigo.

— Qual? Qual gangue?! — pergunto nervosa

— Lo spietato

Levanto-me rapidamente.

— Verónica?

— Desculpa eu preciso de pensar — nem o deixo falar, saio de lá disparada. Eu estou no centro da Gangue! Eu estou tão lixada! Isso vai ser difícil. Entro no meu quarto e tranco tudo. Janelas, portas TUDO!

Vai ser uma longa noite, tenho de comunicar com a agência, acho eu? Se o fizer o Pietro é preso, mas ele não parece culpado...

NÃO NÃO VINNI! Tens de o fazer TENS DE O FAZER! Repito várias e várias vezes na minha cabeça. Eu vim cá para descobrir o líder! não posso ser afetada por sentimentos, nem sequer somos amigos, eu não vou arruinar tudo. Pego no telemóvel, mas não ligo. Fico apenas sentada a olhar para ele. Continuo inquieta ligo ou não ligo?

Jogadas PerigosasOnde histórias criam vida. Descubra agora